ACM: PRESIDENTE NÃO DEVE. CEDER AO PMDB

Da Redação | 08/06/1999, 00h00

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, disse nesta terça-feira (dia 8) que o presidente da República não deve ceder às pressões do PMDB a respeito da direção da Polícia Federal, porque se trata de cargo que tem sido preenchido por pessoa da confiança do chefe da nação.- Todos os cargos de ministro, e os cargos de importância, sobretudo a Polícia Federal, tradicionalmente são indicados pelo presidente da República, com pessoas de sua confiança, e, neste caso, não cabe dúvida: só ao presidente cabe indicar, e ele sequer deve consultar qualquer pessoa - afirmou.Segundo Antonio Carlos, "é importante o PMDB participar da aliança, entretanto, mais importante do que o PMDB, o PFL ou o PSDB é a autoridade do presidente da República". Ele não acredita, porém, que o episódio leve ao rompimento da aliança do PMDB com o governo.- Não diria que é caso para rompimento, mas, certamente, é caso para o presidente fazer o diretor-geral da Polícia Federal, sem dar nenhuma satisfação ao PMDB - enfatizou.O senador salientou que não existem no governo áreas privativas de um partido:- Avaliem se o PFL, que tem o Ministério da Previdência e o de Minas e Energia, quisesse nomear todos os diretores e presidentes da Petrobrás e empresas do setor, como Eletronorte, Eletrosul, Itaipu, Chesf etc. Seriam ministérios poderosíssimos. Mas não existe essa verticalização no governo. E, mesmo que existisse, cargos como a Polícia Federal não poderiam fazer parte dela, por serem da confiança pessoal do presidente da República - argumentou.Antonio Carlos ressalvou que o relacionamento com o líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho, tem sido de "convivência perfeita", e, com o colega deste na Câmara, Geddel Vieira Lima, "não tanto", embora satisfatório, e sinalizou a possibilidade de uma revisão de posicionamentos:- O senador Jader Barbalho é sempre arguto, e sempre tem ajudado o governo, mas, neste momento, não fez uma boa colocação. Acho mesmo que errou. Mas ele é tão competente, que pode modificar a situação, fazendo desaparecer este erro que cometeu - observou.O presidente do Senado aposta que a situação será superada:- Esse problema vai servir para consolidar a aliança. É melhor ter uma aliança em que se pode contar com todos, do que uma aliança fragmentada, em que cada coisa tenha que ser negociada. Acho melhor até ser minoria, do que ter uma maioria pouco confiável - concluiu.Antonio Carlos comentou também a intenção de se realizar, em Sergipe, uma reunião de governadores:- Toda reunião é boa, desde que não venha com imposições inaceitáveis pela União. Essa coisa de pacto federativo está na moda, mas é difícil de ser executada. As discussões da reforma tributária certamente servirão de ponto de partida. O senador disse, ainda, que no caso do juiz Cândido Falcão, obedecerá à vontade do plenário, mas observou que "o caso não é de tanta gravidade, pois ele diz que reconhecerá o jovem, com todas as vantagens, se o exame provar que é seu filho".Quanto à possibilidade de enfraquecimento da CPI do Sistema Financeiro em razão de liminares do Supremo Tribunal Federal, Antonio Carlos considerou "correta" a liminar do ministro Néri da Silveira, mantendo indisponíveis os bens, mas liberando o salário para manutenção pessoal.- Essa é uma decisão sensata. Agora, liminares que venham a impedir a comissão de trabalhar, isso é um defeito da Justiça, que tem que acabar. A Justiça não pode ser emperrada por corporativismo - afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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