CPI ABRE CASO DE TRÁFICO DE CRIANÇAS EM JUNDIAÍ

Da Redação | 07/05/1999, 00h00

A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga irregularidades no Poder Judiciário começa a apurar, na próxima semana (de 10 a 14 de maio), uma nova denúncia: o tráfico internacional de crianças brasileiras em Jundiaí (SP). Na quarta-feira (dia 11), a partir das 10h, os senadores integrantes da CPI ouvem o depoimento do advogado Marco Colagrossi e de duas mães de meninos que teriam sido enviados para o exterior, Maria Aparecida Salles e Cristiane Lopes.Colagrossi é o coordenador do grupo das "Mães da Praça do Fórum", que vem lutando para reaver os filhos de mulheres pobres daquela cidade paulista. O advogado acusa o juiz Luís Beetowen Giffoni Ferreira de autorizar irregularmente os processos de adoção e de manter, desde 1996, ligações com uma agência italiana de adoção (AMI).Dessa forma, a CPI, presidida pelo senador Ramez Tebet (PMDB-MS), dá início à apuração da quinta denúncia de desvios de conduta de membros do Judiciário. Nas semanas anteriores, os membros da comissão debruçaram-se sobre irregularidades no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da Paraíba, na construção do fórum de primeira instância do TRT de São Paulo, nos cálculos de indenização devida pelo Banco da Amazônia S/A, e na comercialização de alvarás de soltura de traficantes no Tribunal de Justiça (TJ) do Amazonas.Testemunhas sobre o caso do TJ amazonense também depõem na CPI esta semana. O jornalista Amaury Ribeiro Júnior, do jornal O Globo, será ouvido na segunda-feira (dia 10), às 17h. Ele é autor de matéria que denunciou o caso de venda de alvarás por um desembargador e uma advogada de Manaus, publicada em março passado.Na quinta-feira (dia 13), às 10h, a CPI toma o depoimento do delegado da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Nivaldo Farias, que acompanha o inquérito policial sobre a libertação irregular de presos federais.Os casos dos TRTs de São Paulo e da Paraíba também terão prosseguimento nos próximos dias. Mais um ex-presidente do tribunal paulista, Rubens Tavares Aidar, que manteve o ex-juiz Nicolau Santos Neto à frente da comissão de obras do TRT, será recebido pela comissão na terça-feira (dia 11), depois de ouvidos os depoentes sobre o caso de Jundiaí.No dia seguinte, às 10h, o relator da CPI, senador Paulo Souto (PFL-BA), pedirá esclarecimentos ao superintendente da PF na Paraíba, Antônio Flávio Toscano Moura, que teria tomado conhecimento de que a pessoa que vendeu terreno em João Pessoa para o TRT paraibano recebeu apenas R$ 200 mil dos R$ 710 mil pagos pelo tribunal.Além de coletar novas informações, a CPI já está encaminhando documentos sobre os casos apurados aos órgãos competentes. Esta semana, o presidente da comissão enviou todos os documentos relativos ao superfaturamento e desvio de verbas públicas na construção do fórum trabalhista de São Paulo - em que o principal suspeito é o ex-juiz Nicolau - ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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