CABRAL LEMBRA INÍCIO DO MDB E LUTA OPOSICIONISTA

Da Redação | 14/04/1998, 11h39

Amigos há 31 anos. Assim o senador Bernardo Cabral (PFL-AM)iniciou o encaminhamento de votação do requerimento de homenagem ao senador Humberto Lucena (PMDB-PB), falecido ontem (dia 13) em São Paulo. "Não é a Paraíba que chora, é o Parlamento que está de luto", lamentou Cabral ao lembrar-se de que conheceu Lucena na mesma época em que o MDB foi fundado.

- Acabávamos de fundar o MDB e precisávamos de um líder. Humberto Lucena e eu trabalhamos e conseguimos que o líder fosse o hoje governador Mário Covas. Lucena e eu nos tornamos vice-líderes e iniciamos a oposição ao governo militar - lembrou Bernardo Cabral.

O senador do Amazonas lamentou ainda que os políticos passam a ser reverenciados quando morrem, ao invés de reconhecê-los quando vivos. Cabral disse que a vida de Lucena serve de exemplo para a juventude que não acredita na política como meio de solucionar problemas. "Parlamento fechado é ditadura de plantão", afirmou. Seu discurso recebeu apartes dos senadores Josaphat Marinho (PFL-BA), Djalma Bessa (PFL-BA), Elcio Alvares (PFL-ES) e Romeu Tuma (PFL-SP), que lamentaram a morte do senador paraibano.

O senador Josaphat Marinho lembrou que conheceu Humberto Lucena em 1963, quando iniciava seu primeiro mandato como senador e Lucena era deputado federal. "Em 1965, quando aconteceu o fechamento dos partidos e quando tantos vacilaram na hora de escolher uma das duas agremiações restantes, Humberto Lucena não titubeou e foi para o MDB. Em 1991, quando retornei ao Senado, ele ainda era um homem de oposição, tranqüilo, mas firme. Um homem que ignorou os perigos de sua escolha", contou Josaphat.

O senador Djalma Bessa disse que apesar de não ter conhecido Humberto Lucena, tem como grande prova de sua competência política os mais de 40 anos de vida pública, "com o aplauso e o voto do povo da Paraíba".

O líder do governo, senador Elcio Alvares, afirmou que as palavras de Bernardo Cabral sintetizam o sentimento da Casa. Alvares lembrou que recebeu um telefonema de Lucena, há alguns dias, e que numa conversa de meia hora pressentiu que "iríamos perdê-lo". O líder disse ainda que seu falecimento serve como um momento de reflexão e afirmou seu apreço e admiração por Humberto Lucena, "que ao longo de sua vida pública soube honrar o povo da Paraíba".

O senador Romeu Tuma ressaltou que esteve no Incor para visitar Humberto Lucena e conversou com a esposa, Dona Ruth. Através dela soube que Lucena estava feliz por ter realizado um grande trabalho de harmonização política no PMDB do seu estado e que morria sem ver o resultado final. Tuma aproveitou a oportunidade para fazer um apelo aos senadores Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) e Ney Suassuna (PMDB-PB) para que dessem continuidade a esse trabalho.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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