CMO aprova relatório preliminar do Orçamento de 2024

Da Agência Câmara | 07/12/2023, 16h50

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou nesta quinta-feira (7) o relatório preliminar do projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 (PLN 29/2023). O texto promove um cancelamento de R$ 2 bilhões nas despesas previstas pelo governo, que estão em torno de R$ 2,2 trilhões. O corte foi linear entre os ministérios para que os recursos possam ser redistribuídos pelo Congresso Nacional.

O relator-geral, deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), também estabeleceu tetos diferenciados para os cancelamentos que poderão ser feitos pelos 16 relatores setoriais do Orçamento. Eles poderão cancelar até R$ 4 bilhões, mas os limites por área foram definidos de maneira proporcional à participação de cada pasta no Orçamento. Pelos critérios aprovados, os maiores remanejamentos ocorrerão nas áreas de Infraestrutura e de Cidades.

O relatório preliminar não é o texto final do Orçamento federal. Agora os 16 relatores setoriais vão apresentar os seus pareceres sobre as áreas temáticas das despesas da União. A CMO deve analisá-los na semana que vem, de acordo com a presidente da comissão mista, senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB). Depois disso, o relator-geral poderá elaborar o relatório definitivo, que será votado pelo Congresso.

A presidente da CMO pediu a colaboração dos parlamentares para o cumprimento dos prazos.

— Os relatores setoriais farão um esforço neste fim de semana para envio dos relatórios, e na próxima semana, de 11 a 14 de dezembro, apreciaremos os 16 relatórios setoriais. Precisamos da colaboração de todos para que consigamos cumprir essa etapa do processo orçamentário e manter o cronograma para votação do Orçamento ainda neste ano — pediu Daniella.

A CMO já havia aprovado, na quarta-feira (6), o relatório das receitas referente à LOA 2024. O texto traz um acréscimo de R$ 813 milhões na estimativa da receita (já descontadas as transferências obrigatórias para estados e municípios), fruto de reavaliação dos preços do petróleo e do dólar. Luiz Carlos Motta destinou o valor para uma reserva financeira.

Cancelamento

Na prática, o relatório preliminar do Orçamento apenas define regras para as alterações na proposta. O cancelamento linear de R$ 2 bilhões, por exemplo, foi feito em programações que tinham valor superior a R$ 1 milhão. Este recurso será distribuído da seguinte forma:

  • 55% para emendas coletivas de execução não obrigatória;
  • 25% para bancadas estaduais;
  • 20% para emendas coletivas conforme critérios dos relatores setoriais (as emendas coletivas são as de bancadas e as de comissões permanentes).

Fundo eleitoral

Na discussão do relatório, os deputados e senadores voltaram a cobrar uma solução para o corte de R$ 4 bilhões dos R$ 12,5 bilhões reservados às emendas de bancadas estaduais para compor o Fundo Eleitoral. O relator disse que isso ainda será discutido.

— A redação que propomos reconhece o impasse quanto a esse assunto e não pretende definir tal questão — disse Luiz Carlos Motta.

A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) sugeriu a destinação de pouco mais de R$ 2 bilhões para o fundo, que foi o valor usado em 2020.

Para o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), é preciso preservar o fundo.

— Foi um avanço muito grande, porque nós temos uma transparência hoje enorme nas campanhas eleitorais. Qualquer um sabe como é distribuído o dinheiro entre os partidos e como os partidos distribuem o dinheiro entre os seus candidatos — ponderou.

Riscos

Em seu relatório, Luiz Carlos Motta destacou alguns “riscos” para a execução orçamentária em 2024 contidos na proposta orçamentária:

  • Expectativa otimista de crescimento econômico de 2,3% em 2024;
  • Receitas condicionadas à aprovação de proposições legislativas no montante de R$ 168,5 bilhões;
  • Efeitos da desoneração da folha de pagamento (vetos à lei em discussão);
  • Pagamento subestimado de benefícios previdenciários;
  • Eventual revisão geral da remuneração dos servidores públicos ou adoção de novas reestruturações de planos de cargos e salários em 2024.

Principais despesas primárias do Orçamento 2024

Área                                                              

Valor

% do total 

Previdência Social

R$ 919 bi

30,0%

Transferências para estados e municípios

R$ 507 bi

16,6%

Pessoal

R$ 407,1 bi

13,3%

Investimentos

R$ 210,2 bi

6,9%

Bolsa Família

R$ 168,6 bi

5,5%

Novo PAC

R$ 152,4 bi

4,98%

Benefício de Prest. Continuada e Renda Mensal Vitalícia

R$ 100,6 bi

3,3%

Seguro-desemprego

R$ 50,5 bi

1,6%

Precatórios

R$ 32 bi

1%

Abono salarial

R$ 28,1 bi

0,9%

Fundos constitucionais Centro-Oeste, Nordeste e Norte

R$ 26,4 bi

0,9%

Minha Casa Minha Vida

R$ 13,7 bi

0,4%

FNDCT

R$ 12 bi

0,4%

Transferências ao setor privado

R$ 11 bi

0,4%

Fundo partidário

R$ 1,2 bi

0,04%

Fundo eleitoral

R$ 0,9 bi

0,03%

Renúncias fiscais em 2024

Benefício

Valor

% do total

Simples Nacional

R$ 125,4 bi

23,9%

Agricultura e agroindústria

R$ 58,9 bi

11,3%

Isenções do IRPF

R$ 51,3 bi

9,8%

Entidades sem fins lucrativos

R$ 41,9 bi

8,0%

Desenvolvimento regional

R$ 40,7 bi

7,8%

Deduções do IRPF

R$ 33,1 bi

6,3%

Zona Franca de Manaus e outras áreas de livre comércio

R$ 32,7 bi

6,2%

Medicamentos, produtos farmacêuticos e equipamentos médicos

R$ 19,7 bi

3,8%

Poupança e títulos de crédito (imobiliário e agro)

R$ 18,8 bi

3,6%

Benefícios do trabalhador

R$ 18,4 bi

3,5%

Outros

R$ 82,7 bi

15,8%

Total

R$ 523,7 bi

100%

Fonte: Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)