Requião defende senadoras que ocuparam a Mesa e diz que protesto não foi o primeiro do tipo no Senado

Da Redação | 13/07/2017, 12h57

Ao defender na quarta-feira (12) as senadoras que ocuparam a mesa do Plenário na última terça-feira (11) na tentativa de impedir a votação da reforma trabalhista, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) lembrou que a insurgência não foi algo inédito na história do Senado, ao contrário do que parte da imprensa e alguns senadores disseram.

Ele citou a notícia publicada em maio de 2009 pelo site Congresso em Foco, narrando um protesto de senadores do PSDB inconformados com a omissão da leitura de um pedido de instalação da CPI da Petrobras. Lendo a reportagem, Requião disse que o então senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) ocupou a mesa e, aos gritos, disse que não sairia de lá.

— Na Presidência, Virgílio passou a palavra ao senador Tasso Jereissati. No entanto, o então primeiro-secretário Heráclito Fortes cortou os microfones, mas não apagou as luzes; registre-se, impedindo o pronunciamento de Tasso, que protestou fortemente contra a mudez do som — narrou Requião.

O representante do Paraná disse que, na época, era governador; mas se estivesse no Senado estaria ao lado dos dois senadores, porque sempre apoia as CPIs,  "uma arma sagrada da minoria para investigar os governos".

— Não vi, no rompante de Arthur Virgílio e na indignação de Tasso Jereissati, qualquer ofensa ao decoro parlamentar. Então minoria, o PSDB foi ao extremo para marcar sua posição e denunciar ao Brasil o rolo compressor governista — avaliou.

Insurgência

Roberto Requião citou também um outro episódio de insurgência da minoria em 1964, quando o então deputado federal Tancredo Neves chamou de "canalha", por três vezes, o senador Auro de Moura Andrade, que havia declarado vaga a Presidência da República com João Goulart ainda no país.

— Com Tancredo, em 1964; com Arthur Virgílio e Tasso Jereissati, em 2009, perfilo e bato continência às bravas senadoras que ocuparam esta mesa para impedir que o trator da maioria esmagasse a minoria. Ainda mais porque essa minoria, como as de 64 e 2009, representa a esmagadora maioria do povo brasileiro — opinou.

Acordo

Para Requião, é preciso considerar ainda o fato de Rodrigo Maia, possível sucessor de Temer, ter declarado que não vai aceitar acordo para alterar a reforma trabalhista.

— O que a maioria queria? Que as senadoras acreditassem na palavra de Michel Temer e de seu Líder? Para dar mais razão ainda a elas, não está aí o herdeiro presuntivo de Temer declarar que não vai aceitar qualquer acordo para vetar a hediondez da deformação trabalhista?.  Salve a coragem, o desassombro, a firmeza, o atrevimento, a audácia, a grandeza e a generosidade de Gleisi, Ângela, Vanessa, Lídice, Regina, Fátima! Que o exemplo de resistência e de indignidade de vocês, se espalhe pelo Brasil — concluiu.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)