Em homenagem à UnB, Cristovam diz que universidade precisa ser vanguarda

Da Redação | 27/04/2017, 13h05

Em sessão especial para homenagear os 55 anos da Universidade de Brasília (UnB), nesta quinta-feira (27), o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) afirmou que a universidade precisa ser vanguarda na produção do conhecimento e na busca de construção de uma sociedade melhor. A sessão foi requerida pelos três senadores do Distrito Federal, além de Cristovam, Hélio José (PMDB) e Reguffe (Sem partido).

Após um minuto de silêncio em homenagem ao ex-professor da UnB, o jornalista Carlos Chagas, falecido na quarta-feira (26), e a execução do hino nacional e de duas canções pelo Coral da UnB, a sessão começou com o discurso do professor emérito do Instituto de Ciências Biológicas, Isaac Roitmann.

Isaac lembrou o início da universidade e três grandes nomes da instituição - Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira e Oscar Niemeyer. O professor também recordou a inauguração da universidade no dia 21 de abril de 1962, no auditório Dois Candangos, concluído 20 minutos antes da inauguração. Destacou que o auditório leva esse nome em homenagem aos operários Expedito Xavier Gomes e Gedelmar Marques, que morreram em um desabamento durante a construção.

Após recordar a história da Universidade, o professor afirmou que a principal causa da UnB é desmontar a crise da educação, que, para ele, não é uma crise, mas um projeto.

- A crise na educação no Brasil não é uma crise, é um projeto. Desmontar esse projeto é a nossa principal causa. Vivemos um momento difícil no Brasil. Todos temos o dever de trabalhar para reverter o presente quadro. Nesse contexto, eu lembro o pensamento de Oswaldo Cruz: não esmorecer para não desmerecer - concluiu Isaac.

Também falou a primeira reitora mulher da universidade, Márcia Abrahão Moura, que lembrou o caso do estudante de geologia Honestino Guimarães, morto na época da ditadura militar. Márcia, que também é geóloga, disse que a UnB ainda é uma universidade de resistência e que foi pioneira em vários temas, como as cotas para negros e o vestibular para indígenas, que será retomado este ano.

- Nós nos comprometemos a já agora fazermos o vestibular para indígenas, porque é inadmissível ficarmos com a redução da comunidade indígena na UnB - disse.

A reitora também afirmou que será relançada a Revista Darcy, que traz a divulgação científica e cultural de uma forma mais palatável para a sociedade. Disse que a universidade precisa de investimentos para continuar existindo, mas informou a criação do Decanato de Pesquisa e Inovação, para aplicar a pesquisa por meio de patentes.

- A universidade tem que saber dar os saltos e tem que se comprometer. Uma universidade que tem na sua história tantas pessoas que foram retiradas brutalmente da nossa convivência não pode se fechar para os grandes dilemas da humanidade. E este é um compromisso que nós temos para os próximos 45 anos - afirmou.

Futuro

O senador Hélio José lembrou seus tempos de estudante da UnB e disse que a Comissão Senado do Futuro (CSF), a qual preside, está aberta a uma parceria com a universidade para realizar debates sobre temas importantes para o país.

- Vamos fazer grandes fóruns de debates, debates futuristas com relação à questão das energias renováveis, com relação à questão da nova democracia, com relação à questão dos direitos humanos, com relação às várias questões inerentes aos jovens, aos estudantes e a uma melhor qualidade de educação, de trabalho, de segurança e de saúde em nosso País - disse o senador.

O senador Cristovam Buarque, que foi reitor da UnB de julho de 1985 a agosto de 1989, disse que nenhum cargo que ocupou o orgulhou ou o satisfez mais do que ter sido reitor da universidade. Ele distribuiu ao Plenário os desafios que escreveu há 30 anos, pensando nos próximos 20 anos da UnB, e disse que hoje a universidade precisa pensar nos próximos 45 anos e buscar a vanguarda no conhecimento científico e na busca de melhorar a sociedade.

-  Eu preferi fazer uma reflexão nesse sentido de como continuar a única coisa que é permanente numa universidade: ser vanguarda. E a UnB nasceu para ser vanguarda, tem a obrigação de continuar vanguarda, para continuar sendo a universidade que é orgulho do Brasil, que a professora Márcia tem o orgulho de dirigir - disse Cristovam.

Também compuseram a Mesa do Plenário o vice-reitor da UnB, Enrique Huelva Unternbäumen e o ex-reitor da universidade, José Geraldo de Sousa Júnior.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)