Seminário termina com sugestões para pauta feminina do Congresso em 2017

Da Redação | 15/12/2016, 15h48

O último dia do seminário Mulheres no Poder: Diálogo sobre Empoderamento Político, Econômico e Social e Enfrentamento à Violência foi marcado, nesta quinta-feira (15), por protestos e denúncias trazidos pelos movimentos de mulheres estudantes, sindicalistas, rurais, negras, indígenas e militantes de grupos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). Estas manifestações deverão ser reunidas em um documento final, a ser entregue aos presidentes do Senado e da Câmara e que deverão balizar a pauta feminina em 2017.

O seminário foi organizado pela Procuradoria Especial da Mulher do Senado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência do Senado, o Banco Mundial e a ONU Mulheres. O encontro reuniu legisladores, representantes dos setores público e privado, entidades do movimento organizado de mulheres e organismos internacionais.

Queixas

Questões contundentes foram levadas ao seminário, nesta quinta-feira, como a queixa da transexual Diva Veríssima, representante do Movimento TransBrasil, sobre o desrespeito ao uso do nome social de transexuais em eventos públicos, como o promovido pelo Senado.

- Será que, na visão dos organizadores, o termo mulher não nos engloba? Será que veem a nós, mulheres trans, apenas como homens de vestido? Somos tão mulher quanto qualquer outra! – desabafou.

A representante do Movimento TransBrasil também cobrou um combate mais efetivo a atos de violência contra os transexuais.

- A gente ouve muito falar sobre feminicídio, mas pouco se ouve falar de assassinato de mulheres trans – reclamou.

Ainda sobre a questão da violência, a ativista Ana Maria Iencarelli falou em nome de milhares de mães que perderam a guarda de seus filhos após denunciarem abuso sexual praticado por ex-maridos, companheiros, namorados.

- Elas caíram na enganação de fazer uma denúncia, que foi invertida e, em vez de ser investigada, resultou na perda da guarda e entrega das crianças a pais abusadores. Tem mães que estão proibidas de ver o filho há anos e outras que só fazem visita monitorada, porque passaram a ser vistas como criminosas – revelou Iacarelli.

Após defender os interesses dessas mulheres, Iacarelli condenou a aprovação de projeto de lei da Câmara (PL 4488/2016), do deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que pede a prisão de mães, avós, professores e médicos que fizerem denúncia de abuso sexual e não apresentarem provas materiais.

- Esse é um crime às escuras. Se você não dá voz a essa criança por métodos de escuta protegida, ela vai ser coagida pelo abusador e não vai falar. Hoje tem psicólogo fazendo acareação de criança de quatro anos, colocada frente a frente com o pai abusador, e esses laudos são o que valem na vara de família. Essa tragédia está acontecendo agora – denunciou a ativista.

A defesa de maior participação das mulheres na política (mulher votando em mulher), no ensino universitário e no mercado de trabalho deu o tom à reivindicação de maior empoderamento feminino na esfera socioeconômica. Em nome do Fórum de Mulheres do Mercosul, a ex-senadora Emília Fernandes (RS) considerou essencial abrir mais espaço para as entidades não-governamentais ligadas ao movimento feminista serem ouvidas pelas instâncias decisórias.

- As mulheres são a força, consciência e esperança deste país – sustentou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)