Lindbergh Farias acusa 'tribunal de exceção' e Dilma fala em 'programa reacionário'

Da Redação | 29/08/2016, 18h21

Em sua interpelação à presidente afastada Dilma Rousseff, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que ela é vítima de um “tribunal de exceção”, no qual as provas “não valem nada”. O senador afirmou que todos os seus colegas sabem que a presidente não cometeu crimes de responsabilidade, mas vão condená-la mesmo assim. No entanto, o senador disse acreditar que a presidente “virou o jogo” com seu discurso ao Senado.

— Está desmontando o golpe e comovendo o país. Eu considero a senhora uma mulher admirável. A senhora está aqui, de cabeça erguida, buscando justiça, novamente enfrentando um julgamento de exceção.

Lindbergh Farias classificou o processo de impeachment como um golpe contra a população pobre e os trabalhadores, articulado pelo presidente interino Michel Temer, pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelos políticos que fizeram oposição aos governos do PT, pelas elites econômicas do país e por grandes empresas de mídia. Ele pediu que Dilma expusesse “o que está por trás” dos acontecimentos.

Em sua resposta, a presidente destacou duas razões que enxerga para o impeachment: a intenção política de paralisar a Operação Lava-Jato e o interesse econômico de aliviar os impactos da crise do país sobre a classe empresarial, em detrimento do povo — o que chamou de "programa reacionário" de governo. Para ilustrar o segundo ponto, ela fez menção a recente campanha da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) contra o aumento de impostos.

— Em toda crise há um conflito distributivo. Isso ficou claro quando o 'pato' apareceu nas ruas. 'Quem paga o pato'? Ou seja, quem fornece os recursos necessários para o país sair da crise? Alguns acreditam que só são os trabalhadores, a população mais pobre, as classes médias, os profissionais liberais, os pequenos empresários.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)