Senadores repercutem gravação de diálogo entre Romero Jucá e Sérgio Machado

Da Redação | 23/05/2016, 20h33

A gravação de uma conversa entre o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e o senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR) dominou os pronunciamentos em Plenário nesta segunda-feira (23). A maioria dos senadores defendeu o afastamento de Jucá do Ministério do Planejamento.

Na conversa, Romero Jucá diz que “tem que ter impeachment” e fala da necessidade de “um pacto” em relação à Operação Lava Jato. Jucá negou as acusações de irregularidades e anunciou, no final da tarde, que se licenciaria do ministério para reassumir nesta terça-feira o mandato de senador para, segundo ele, evitar que "qualquer manipulação mal intencionada possa comprometer o governo".

Primeira a falar sobre o tema no Plenário, a senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que o Congresso não pode tolerar qualquer ilícito que tente abafar a Lava Jato. Ela afirmou ter convicção de que o presidente interino, Michel Temer, tem “capacidade política para entender os humores da sociedade”, que cobra um novo comportamento da classe política.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) destacou a gravidade do conteúdo da conversa entre Machado e Jucá e lembrou que este, no exercício da presidência do PMDB, agiu de forma fundamental na articulação a favor do impeachment no Senado. Segundo Lindbergh, o diálogo gravado comprova de que o afastamento de Dilma Rousseff é um golpe.

— Romero Jucá tem que dar todas as explicações aqui. Nós queremos a saída do Romero Jucá, mas nós queremos [também] a saída do Temer, porque o Temer assumiu essa Presidência da República de forma ilegal. É um presidente ilegítimo — disse Lindbergh.

Telmário Mota (PDT-RR) informou que, nesta terça-feira (24), seu partido vai apresentar nO Conselho de Ética um pedido de cassação do mandato de Jucá. Ele considerou uma “obrigação moral” o afastamento de Jucá do ministério.

Para o senador Jorge Viana (PT-AC), a conversa entre Machado e Jucá era “para livrar todos da Lava Jato” e confirma que há um golpe contra a presidente Dilma Rousseff.

— Quem trouxe a narrativa do golpe não foi o PCdoB, não foi o PT, não foi nenhum jurista, não foi José Eduardo Cardozo. A narrativa do golpe foi trazida pelo senhor Romero Jucá, presidente nacional do PMDB. Ele disse com todas as letras o que teria de acontecer, o que iria acontecer. Ele falou aquilo em março. Eu acho muito grave — disse Viana.

Defesa

Após participar, com Michel Temer e outros ministros, da entrega da revisão da meta fiscal ao presidente do Senado, Renan Calheiros, Jucá anunciou que reassumirá o cargo de senador nesta terça-feira (24).

Ele disse estar consciente de que não cometeu nenhuma irregularidade e adiantou que solicitará ao Ministério Público Federal (MPF) que analise a gravação e declare se houve ou não crime na conversa.

Com a decisão de se afastar, deve assumir o Planejamento o atual secretário-executivo, Dyogo Oliveira. Segundo Jucá, depois do posicionamento do MPF, ficará a cargo do presidente interino Michel Temer reconvocá-lo ou não para o ministério.

— Eu fiz aquela conversa [com Sérgio Machado] como senador e não como ministro. Não há na conversa nenhum posicionamento diferente do que eu tive em entrevistas e em questões públicas. Sou presidente nacional do PMDB, sou um dos construtores desse novo governo e não quero deixar que qualquer manipulação mal intencionada possa comprometer o governo.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)