Transcrição dos debates da Comissão do Impeachment é disponibilizada em tempo real

Da Redação | 02/05/2016, 09h47

Desde 1992, quando foi votado o primeiro impeachment de um presidente na história da República, o Senado passou por grandes mudanças tecnológicas. Os recursos hoje disponíveis permitem que as notas taquigráficas com as discussões da Comissão Especial do Impeachment sejam publicadas na internet praticamente em tempo real. Em aproximadamente 30 minutos, qualquer pessoa pode recorrer ao site do Senado para ver a transcrição do que está sendo discutido, segundo Quésia de Farias, diretora da Secretaria de Registro e Redação Parlamentar, que responde pela taquigrafia.

No último ano, mais de 3,2 mil horas de decupagem foram disponibilizadas para o público por meio da internet. O secretário-geral da Mesa do Senado, Luiz Fernando Bandeira, afirma que a taquigrafia registra a história de forma ágil, confiável e permanente.

Taquígrafos e revisores são os responsáveis pelo registro de todos os pronunciamentos e debates realizados na Casa. No Plenário, os taquígrafos se revezam a cada três minutos. As anotações são, em seguida, enviadas para a revisão, que disponibiliza o texto no portal. Por último, as notas passam pela montagem, quando textos complementares podem ser adicionados, e então são enviadas para publicação no Diário do Senado Federal.

De acordo com Quésia de Farias, todas as comissões são atendidas pela taquigrafia, mas a revisão é feita no dia seguinte, e não no momento em que as reuniões ocorrem. No entanto, as notas da Comissão do Impeachment têm sido disponibilizadas quase de imediato dada a relevância do debate.

A diretora também destacou a importância da taquigrafia para a transparência do Senado, já que o trabalho do taquígrafo é disponibilizar para a Casa e para o público externo as manifestações dos senadores durante a atividade legislativa.

— É um serviço grandioso, mas tudo para facilitar a transparência. É importante para consultas rápidas da população, para subsidiar estudos dos consultores, para projetos de lei — disse Quésia.

De acordo com o chefe do gabinete administrativo da Secretaria de Registro e Redação Parlamentar, Lazlo Kyoshi, as notas taquigráficas são igualmente úteis para a imprensa brasileira e do exterior por ser a fonte mais rápida para os discursos dos parlamentares. Quésia também lembrou que muitos pesquisadores procuram o Senado em busca de textos de anos anteriores e recorrem às notas.

— Eu costumo dizer que isso aqui é uma fábrica da palavra, uma fábrica do texto, com um registro fiel de tudo o que é feito no Parlamento — ressaltou a diretora.

Hoje a tecnologia permite a gravação de áudio e vídeo, além do reconhecimento vocal. Segundo Quésia, esses equipamentos são sempre usados para auxílio do taquígrafo, mas não podem substituí-lo.

— Nenhum parlamento no mundo prescindiu do uso da taquigrafia, mesmo as nações desenvolvidas. É um ofício antigo, mas não há nada que seja tão rápido quanto o taquígrafo. Mesmo que houvesse um sistema funcionando paulatinamente com reconhecimento de voz, não seria tão eficiente, tão exato — afirmou.

Para acessar as notas taquigráficas da Comissão Especial do Impeachment, acesse o endereço http://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao?5&codcol=2016. Em seguida, escolha a data da reunião e clique no quadro com a letra N abaixo do endereço do colegiado.

Desafios

Nesta terça-feira (3), comemora-se o Dia do Taquígrafo. Para Eric Kimura, chefe do Serviço de Apoio Administrativo da Coordenação de Registro e Comissões, a profissão é tão importante quanto difícil.

— Ser taquígrafo não é fácil. Falando do registro, você tem que ter muita atenção, se inteirar do que está acontecendo na sessão, pesquisar, ficar atento na hora de produzir o texto, porque não é um texto que aceita erros. Tem que tentar ser o mais correto possível — disse Kimura.

A revisora Adriana Morcelles ressalta que sua atividade é de suma importância no processo. São os revisores, explica, que fazem as falas muitas vezes truncadas ou sem nexo ficarem de forma que o leitor entenda.

— A linguagem oral tem muitos rodeios e, às vezes, começam a falar uma coisa e não terminam, ou então invertem de uma maneira que quando a pessoa for ler fica difícil de entender. Então nós, revisores, colocamos na ordem mais direta, para ficar mais compreensível para quem está lendo, sem mudar muito o estilo — explicou Adriana.

Para Patrícia Rolo, chefe do Serviço de Revisão de Registro, tanto os senadores que estão discursando quanto as pessoas que vão ler o texto devem ser respeitados.

— O fato de a gente trabalhar no discurso deles também acentua essa marca da nossa participação no processo. E acaba sendo algo muito natural, porque a gente arruma e vai pegando o estilo do senador, no que pode mexer, no que não pode — disse.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)