17 - Militares no poder, Castelo Branco, Atos Institucionais e Arena versus MDB

Transcrição Parte 1 - Militares no poder, Castelo Branco LOC: DEPOIS DO FRACASSO DOS POUCOS LEVANTES ARMADOS CONTRA O GOVERNO MILITAR DO MARECHAL CASTELLO BRANCO, O MOVIMENTO MILITAR ENDURECEU. A LINHA DURA GANHOU FORÇA E AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS EM 65, FORAM CANCELADAS. FOI AÍ QUE O GOVERNADOR DA GUANABARA, CARLOS LACERDA, ROMPEU COM OS MILITARES. A EXPECTATIVA DELE DE SE ELEGER PRESIDENTE EM 65, ESTAVA DESTRUÍDA. LOC: AINDA EM 1965, VEIO O ATO INSTITUCIONAL N. 2. TODAS AS ESPERANÇAS DOS LÍDERES CIVÍS DE 64, COMO LACERDA E MAGALHÃES PINTO, ERAM ENTÃO SEPULTADAS. OS PARTIDOS POLÍTICOS ESTAVAM TODOS EXTINTOS. FORAM CRIADOS A ARENA E O MDB. LOC: A ARENA SERIA O PARTIDO DO GOVERNO. O MDB, DE OPOSIÇÃO. O CONGRESSO PRECISAVA CONTINUAR FUNCIONANDO. O PRÓPRIO SISTEMA TRATOU DE ARRANJAR GENTE PARA O MDB, AFINAL, ERA PRECISO UMA OPOSIÇÃO. LOC: O PARTIDO DE OPOSIÇÃO TEVE QUE SER COMPLETADO COM DOIS SENADORES EMPRESTADOS PELA ARENA. MUITOS POLÍTICOS DO ANTIGO PTB GETULISTA SE TORNARAM ARENISTAS. RECEBERAM O APELIDO DE “BIGORRILHOS”. LOC: MDB E ARENA PASSARAM A SER CHAMADOS DE O PARTIDO DO “SIM” E O DO “SIM, SENHOR”. O GOVERNO CRIOU TAMBÉM A FIGURA DO DECRETO-LEI, QUE NÃO DEPENDIA DE APROVAÇÃO NO CONGRESSO. TODA A ESQUERDA BRASILEIRA E BOA PARTE DOS LIBERAIS DECIDIU AFASTAR-SE DESTE QUADRO PARTIDÁRIO. SIMPLESMENTE NÃO PARTICIPAR. LOC: ALEGAVAM QUE SERIA LEGITIMAR UMA FARSA, UMA ENCENAÇÃO DE DEMOCRACIA. UMA EXCEÇÃO FOI O PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO, QUE ENTROU TODO NO MDB. O SENADOR ROBERTO FREIRE, DO PPS, O ANTIGO PCB, EXPLICA: TÉC: “os militantes do PCB que estavam sendo perseguidos, o parido na clandestinidade, quando o partido decidiu que tínhamos que lutar contra a ditadura por rodas as formas, legais e lutas de massa, uma das formas legais era através dos sindicatos e do partido político que foi criado para juntar aqueles que faziam oposição ao governo, mesmo que tímida no início. E o partido decidiu que uma das formas de luta era fundarmos, junto com outros democratas, esse movimento democrático brasileiro, o MDB e o partido, em sua grande maioria, através de seus militante, ajudou, e muito, a criar aquele que foi o grande instrumento de derrota da ditadura que foi o velho MDB de guerra.” LOC: O DEPUTADO FRANCO MONTORO, DO PSDB, QUE ERA DIRIGENTE DO PARTIDO DEMOCRATA CRISTÃO ANTES DO GOLPE, DIZ QUE O TEMPO PROVOU QUE A RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA DENTRO DO MDB FOI CORRETA. PARA ELE, ERA PRECISO LUTAR EM TODAS AS BRECHAS INSTITUCIONAIS POSSÍVEIS: TÉC: “Havia uma opção, uns achavam que não havia condição de se fazer uma oposição e achava que deveriam então ficar numa oposição, digamos, violenta e achavam que participar de um movimento seria uma concessão, e pregavam o voto em branco. A nossa posição era diferente. Era de que se houvesse um espaço para lutar, devíamos ocupá-lo. E assim, fundamos o MDB. Os fatos nos deram razão. Muitos daqueles que não concordavam com isso, vieram com uma intriga, que é a de que era o partido do ‘sim’, que era a Arena, e o nosso seria o partido ‘sim senhor’, ou coisa semelhante. Na realidade, essa era uma intriga, que os fastos demonstraram que não era verdade.” LOC: O PRINCIPAL LÍDER ESTUDANTIL DOS ANOS 60, VLADIMIR PALMEIRA, QUE DEPOIS VIRIA A SER UM DOS FUNDADORES DO PT, ACHA QUE AGIU CERTO QUEM FICOU FORA DO QUADRO PARTIDÁRIO MDB E ARENA. Téc: Vladimir Palmeira: “Certamente, a meu ver, quem ficou de fora. Isso é nítido na história do Brasil, que apesar depois, na década de 70, o MDB até ter crescido, aquilo era uma paródia de oposição. E o que tinha de oposição no MDB e na própria Arena foi varrido pelo Ato 5. Quer dizer que cassou não só os oposicionistas, cassou mesmo para segurar uma dominação entre dominantes.” LOC: OS FESTIVAIS DE MÚSICA POPULAR, COMO DISSEMOS ANTES, CAIAM CADA VEZ MAIS NO GOSTO DOS BRASILEIROS. NO FESTIVAL DA RECORD DE 66, EDU LOBO, MARÍLIA MEDAGLIA E O GRUPO MOMENTO 4, VENCERAM COM PONTEIO: TEC: PONTEIO. LOC: E NO FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO NO RIO, A GRANDE REVELAÇÃO FOI MILTON NASCIMENTO COM TRAVESSIA, MAS, QUEM GANHOU FOI GUTEMBERG GUARABIRA COM MARGARIDA. VAMOS OUVIR AS DUAS E AVALIAR SE FOI JUSTO. TEC: Travessia e Margarida. LOC: OS MINISTROS DA FAZENDA E PLANEJAMENTO INDICADOS POR CASTELLO BRANCO, OTÁVIO GOUVEIA DE BULHÕES E ROBERTO CAMPOS, CONSEGUIRAM TODO APOIO FINANCEIRO DOS ESTADOS UNIDOS. REVOGARAM A LEI DE REMESSA DE LUCROS DE JOÃO GOULART. RETIRARAM SUBSÍDIOS AO TRIGO, PETRÓLEO E PAPEL. CRIARAM A CORREÇÃO MONETÁRIA. LOC: O PLANO DE AÇÃO ECONÔMICO DO GOVERNO, CHAMADO DE PAEG, INCLUIU O FIM DA ESTABILIDADE NO EMPREGO DEPOIS DOS DEZ ANOS DE TRABALHO. ACABOU COM OS INSTITUTOS DE APOSENTADORIAS E PENSÕES QUE CADA CATEGORIA PROFISSIONAL TINHA, COMO MARÍTIMOS, BANCÁRIOS, COMERCIÁRIOS, INDUSTRIÁRIOS. FUNDIU TODOS NO INPS, INSTITUTO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. LOC: TODA GREVE PASSOU A SER PROIBIDA. PARA SUBSTITUIR A ESTABILIDADE NO EMPREGO DEPOIS DE DEZ ANOS, FOI CRIADO O FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO, O FGTS, QUE EXISTE ATÉ HOJE. O EMPREGADO PASSAVA A TER DIREITO, MAIS OU MENOS, A UM SALÁRIO POR CADA ANO DE TRABALHO. E PODERIA SER DEMITIDO A QUALQUER MOMENTO. LOC: O DINHEIRO RECOLHIDO PELO FGTS SERIA USADO NA CONSTRUÇÃO E NO FINANCIAMENTO DE IMÓVEIS RESIDENCI0AIS. O FUNDO SERIA GERIDO PELO BNH, O BANCO NACIONAL DA HABITAÇÃO. O CRUZEIRO TEVE TRÊS ZEROS CORTADOS, SURGIU O CRUZEIRO NOVO. O GOVERNO ADOTOU UMA POLÍTICA FISCAL RIGOROSA CONTRA A INFLAÇÃO. LOC: O ATUAL DEPUTADO ROBERTO CAMPOS, MINISTRO DO PLANEJAMENTO DO GOVERNO CASTELLO BRANCO, GARANTE HOJE QUE A MAIOR PREOCUPAÇÃO DELE, E DO MINISTRO DA FAZENDA OTÁVIO GOUVEIA DE BULHÕES, FOI ORGANIZAR O ESTADO BRASILEIRO. TEC: “As medidas, foram primeiro criação de uma ossatura institucional, através da criação do Banco Central, da Lei de Mercado de capitais, da Revisão do Código de Minas e Eletricidade, e da reformulação completa do sistema fiscal. Criando-se instituições. Ao fim do governo Castello Branco o déficit no setor público era cerca de 1% do PIB, e todo financiado sem emissão de papel-moeda, através da venda de obrigações reajustáveis do tesouro. Então, o propósito era botar a casa em ordem W, logo depois, quando a economia internacional melhorou, o Brasil entrou na fase do milagre econômico.” LOC: MAS ROBERTO CAMPOS RENEGA UMA CRIAÇÃO DELE: A CORREÇÃO MONETÁRIA. ELE EXPLICA QUE FOI UMA SAÍDA TEMPORÁRIA PARA RESOLVER A CRISE DE HABIRTAÇÃO NO BRASIL. TEC: “...havia certeza de que, a inflação não desapareceria instantaneamente. O desaparecimento de uma inflação crônica seria um processo bastante prolongado. E nesse ínterim era necessário criar um mercado de (...?) públicos que o governo não tinha como financiar, a não ser pela emissão de papel moeda, um financiamento tipicamente inflacionário. Para poder financiar pela venda de títulos, era necessário dar ao comprador dos títulos a certeza de que os rendimentos não seriam pela inflação. LOC: A CHAMADA LEI SUPLICY, QUE NÃO TEM NADA A VER COM O ATUAL SENADOR EDUARDO SUPLICY, E O DECRETO-LEI 477, MANIETARAM ESTUDANTES E PROFESSORES E TORNARAM POSSÍVEL A PERSEGUIÇÃO POLÍTICA A ELES. HOUVE EXPURGOS EM TODAS AS UNIVERSIDADES IMPORTANTES DO PAÍS, COMO A USP, A UFRJ, A UNB, A UNICAMP. LOC: MORANDO NOS EUA DESDE 62, O NITEROIENSE SÉRGIO MENDES, FINALMENTE FEZ SUCESSO NO BRASIL. SEU GRUPO BRASIL 66, EMPLACOU COM THE FULL ON THE HILL, DE LENNON E MCARTNEY, QUE VENDEU QUATRO MILHÕES DE DISCOS; MAIS DO QUE OS PRÓPRIOS BEATLES COM A MESMA MÚSICA. TEC: THE FOOL ON THE HILL. LOC: A BOSSA NOVA NO BRASIL JÁ NÃO ERA NOVIDADE EM 66. JÁ TINHA ATÉ QUEM ACHASSE O MOVIMENTO CHATO E ABORRECIDO. MAS SEM DÚVIDA A BOSSA NOVA TINHA GANHO O MUNDO. VAMOS DAR DOIS EXEMPLOS DISSO: O PRIMEIRO FOI EM 66, O MAESTRO E ARRANJADOR NORTE AMERICANO QUINCY JONES (?), IA FAZER A SEGUNDA TRILHA SONORA PARA CINEMA DA CARREIRA DELE; ERA UM FILME CHAMADO THE DEADLY AFFAIR , NO BRASIL BATIZADO DE CHAMADA PARA O MORTO, FILME DE SIDNEY LUMET, BASEADO O ROMANCE DO INGLÊS JOHN LE CARRE (?) ESPECIALISTA EM ESPIONAGEM. QUINCY JONES ESTAVA APAIXONADO PELA BOSSA NOVA, E QUIS FAZER UMA TRILHA COM INFLUÊNCIA TOTAL DA BOSSA NOVA. POR ISSO, ALÉM DO RÍTMO, ELE QUIS UMA CANTORA BRASILEIRA DE BOSSA NOVA. A QUE ESTAVA MAIS À MÃO ERA ASTRUDE GILBERTO. VAMOS OUVIR COM ELA O TEMA DE CHAMADA PARA O MORTO: TEC: ENTRA MÚSICA. Parte 2 - Eleições, Arena versus MDB, Atos Institucionais LOC: A OUTRA PROVA DE QUE A BOSSA NOVA TINHA GANHADO O MUNDO EM 66/67, FOI O SUSTO QUE TOM JOBIM LEVOU EM DEZEMBRO DE 66: ELE TOMAVA SEU CHOPP DE FIM DE TARDE NO BAR VELOSO, EM IPANEMA, QUANDO O TELEFONE DO BAR TOCOU... DO OUTRO LADO DA LINHA, FRANK SINATRA, COM O CONVITE PARA GRAVAREM JUNTOS UM LP. TOM SÓ FEZ UMA EXIGÊNCIA: O BATEIRISTA BRASILEIRO DOUM (?) ROMÃO, QUE TRABALHAVA COM ASTRUDE EM CHICAGO. GAROTA DE IPANEMA, TALVEZ A MÚSICA POPULAR MAIS GRAVADA EM TODO O MUNDO, FEZ PARTE DO LP. MAS VAMOS OUVIR DINDI, DE TOM E FRANK SINATRA. TEC: DINDI. LOC: VEIO A ELEIÇÃO DE 1966, PARA GOVERNOS ESTADUAIS, SENADO, CÂMARA E ASSEMBLÉIAS ESTADUAIS. A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL NÃO EXISTIA MAIS. A EXPECTATIVA ERA DE UMA VITÓRIA COMPLETA DA ARENA. POR ISSO, FORAM IMPUGNADOS LOGO OS NOMES DO MDB PARA A GUANABARA, HÉLIO DE ALMEIDA, E PARA MINAS, SEBASTIÃO PAES DE ALMEIDA, QUE TINHA SIDO MINISTRO DA FAZENDA DE JUSCELINO. LOC: A ESQUERDA, OS ESTUDANTES E VÁRIOS SETORES LIBERAIS LANÇARAM LOGO A CAMPANHA PELO VOTO NULO. VOTAR NO MDB, SERIA COOPERAR COM A ENCENAÇÃO DE DEMOCRACIA. O VOTO NULO IRIA PROVAR QUE A SOCIEDADE NÃO SE ENGANAVA: HAVIA UMA DITADURA MILITAR, EMBORA COM UM DISFARCE INSTITUCIONAL. LOC: EM TODO O PAÍS, VENCERAM OS CANDIDATOS DA ARENA AOS GOVERNOS ESTADUAIS. MENOS EM DOIS ESTADOS: O ESTADO DA GUANABARA ELEGEU NEGRÃO DE LIMA, DO MDB, E EM MINAS GERAIS VENCEU ISRAEL PINHEIRO, AMBOS MODERADÍSSIMOS E EGRESSOS DO EXTINTO PSD. LOC: O CHAMADO “SISTEMA MILITAR” NÃO DIGERIU A DERROTA EM DOIS ESTADOS IMPORTANTES. VEIO O ATO INSTITUCIONAL NÚMERO TRÊS, QUE TORNOU INDIRETAS TAMBÉM AS ELEIÇÕES PARA GOVERNADOR. NA VERDADE, A EXEMPLO DO ESTADO NOVO, O GOVERNO FEDERAL PASSARIA A INDICAR OS FUTUROS GOVERNADORES. LOC: O MARECHAL CASTELLO BRANCO QUERIA DEIXAR O PAÍS NORMALIZADO. PARA ISSO, ENCOMENDOU UMA CONSTITUIÇÃO A CARLOS MEDEIROS DA SILVA, UM DOS JURISTAS ESPECIALIZADOS EM REGIMES DE EXCEÇÃO, COMO DISSEMOS. DE ABRIL DE 64 A DEZEMBRO DE 66, OCORRERAM QUATRO ATOS INSTITUCIONAIS E 15 EMENDAS À CONSTITUIÇÃO DE 46. LOC: O MARECHAL CASTELLO BRANCO TINHA UMA GRANDE PREOCUPAÇÃO COM O QUE SE PENSAVA DO BRASIL “LÁ FORA”, NO ESTRANGEIRO. NÃO QUERIA QUE O BRASIL FOSSE VISTO COMO UMA REPÚBLICA DE BANANAS, UMA DITADURA. LOC: UMA PARCERIA MUSICAL SE FORMOU NO RIO DE JANEIRO, REGADA A LITROS DE WISKY: VINÍCIUS DE MORAES, ELE PRÓPRIO CASSADO PELO ITAMARATI, COMO DIPLOMATA E O VIOLONISTA BADEN POWELL. O CANTO DE OSSANHA É DESSA ÉPOCA. VAMOS OUVIR COM OS DOIS, BADEN E VINICIUS. TEC: CANTO DE OSSANHA. LOC: O PROJETO DE CONSTITUIÇÃO DE CASTELLO BRANCO CHEGOU AO CONGRESSO EM 12 DE DEZEMBRO DE 66 E FOI PROMULGADO EM 24 DE JANEIRO DE 67. OU SEJA, EM POUCO MAIS DE 40 DIAS DE CONVOCAÇÃO EXTRAORDINÁRIA ATRAVÉS DO ATO INSTITUCIONAL NÚMERO QUATRO, DE 7 DE DEZEMBRO DE 66. MAS ANTES DISSO, VÁRIOS OUTROS MANDATOS PARLAMENTARES FORAM CASSADOS, EM OUTUBRO. ERA UM CONGRESSO MUTILADO. LOC: CHEGOU A HAVER UM CERCO MILITAR DO CONGRESSO NA ÉPOCA, PORQUE OS CASSADOS DE OUTUBRO QUERIAM RESISTIR LÁ DENTRO, COM O APOIO DO PRESIDENTE DA CÂMARA, ADAUTO LÚCIO CARDOSO. O RELATOR DA CONSTITUIÇÃO FOI O DEPUTADO CATARINENSE ANTÔNIO CARLOS KONDER REIS. LOC: A CONSTITUIÇÃO DE 67 ERA UMA MERA FORMALIDADE. O QUE VALIAM MESMO ERAM OS ATOS INSTITUCIONAIS, QUE NÃO DEPENDIAM NEM DE EXAME DO JUDICIÁRIO. “A REVOLUÇÃO SE LEGITIMA POR SI PRÓPRIA”, DIZIA O ATO INSTITUCIONAL NÚMERO UM. LOC: COMO AS LIDERANÇAS CIVIS DO MOVIMENTO DE 64, O MARECHAL CASTELLO BRANCO FOI ATROPELADO PELOS FATOS. A CHAMADA “LINHA DURA” TINHA CANDIDATO. O GENERAL ARTUR DA COSTA E SILVA, QUE PASSOU A MARECHAL. LOC: A LINHA DURA GANHOU AINDA MAIS FORÇA QUANDO COSTA E SILVA FOI AO RECIFE, ANTES DE SER SAGRADO PRESIDENTE. A AÇÃO POPULAR, A AP, JÁ COMO ORGANIZAÇÃO DE ULTRA-ESQUERDA, PÔS UMA BOMBA NO AEROPORTO DE GUARARAPES NO DIA 25 DE JULHO DE 66. LOC: A INTENÇÃO ERA ATINGIR COSTA E SILVA, MAS O AVIÃO PRESIDENCIAL SOFREU UMA PANE NA ALTURA DA PARAÍBA E O AINDA GENERAL TEVE QUE IR DE CARRO DE JOÃO PESSOA A RECIFE. MAS A BOMBA EXPLODIU, E MORRERAM O ALMIRANTE NELSON GOMES FERNANDES E O JORNALISTA ÉDSON REGIS DE CARVALHO. LOC: DEZENAS DE PESSOAS FICARAM FERIDAS. NO MESMO DIA 25 DE JULHO DE 66, MAIS DUAS BOMBAS EXPLODIRAM EM RECIFE: NA SEDE DA UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES E NO SERVIÇO DE INFORMAÇÕES DOS ESTADOS UNIDOS. TUDO ISSO SERVIA COMO PRETEXTO PARA O ENDURECIMENTO DO REGIME. LOC: GILBERTO GIL TINHA CHEGADO DA BAHIA COM O AMIGO CAETANO VELOSO E TODA A TURMA QUE LOGO DEPOIS PRIA A TROPICÁLIA. PROCISSÃO É DESSA ÉPOCA. TEC: PROCISSÃO. LOC: O MARECHAL ARTUR DA COSTA E SILVA ASSUMIU A PRESIDÊNCIA NO DIA 15 DE MARÇO DE 1967. TEC: “Prometo, manter, defender e cumprir A Constituição. Observar a lei, promover o bem geral e sustentar a União, a integridade e a independência do Brasil.” Loc: COMO VICE-PRESIDENTE, UM OUTRO POLÍTICO ORIUNDO DO PSD MINEIRO, JUSCELINISTA: PEDRO ALEIXO. COSTA E SILVA, COMO DISSEMOS, ERA O PORTA-VOZ DA LINHA DURA NO MOVIMENTO DE 64. LOC: COMO PRESIDENTE, ELE TENTOU FAZER O CAMINHO INVERSO: TENTOU UMA SAÍDA PARA A NORMALIZAÇÃO INSTITUCIONAL. PELO LADO CIVIL, CARLOS LACERDA, SEM ESPERANÇAS DE CHEGAR À PRESIDÊNCIA, CRIOU O MOVIMENTO CHAMADO “FRENTE AMPLA”. LOC: A FRENTE AMPLA ERA UMA ALIANÇA COM EX-PRESIDENTES E VELHOS ADVERSÁRIOS, COMO JUSCELINO KUBITSCHEK E JOÃO GOULART. LACERDA FOI A LISBOA E A MONTEVIDÉU PARA FAZER AS PAZES COM JK E JANGO. LEONEL BRIZOLA, JÂNIO QUADROS E MIGUEL ARRAES NÃO ACEITARAM PARTICIPAR. LOC:BRIZOLA CHEGOU A DIZER QUE A FRENTE AMPLA SÓ PODERIA SER LEVADA A SÉRIO SE LACERDA TAMBÉM FOSSE CASSADO. LACERDA, JANGO E JK LANÇARAM ENTÃO O “MANIFESTO DE MONTEVIDÉU”, PELA NORMALIZAÇÃO DEMOCRÁTICA DO PAÍS. LOC: COM OS PRINCIPAIS LÍDERES SINDICAIS E POLÍTICOS DE OPOSIÇÃO NO EXÍLIO, NA CADEIA, OU SIMPLESMENTE MORTOS, DUAS FORÇAS EMERGENTES ASSUMIRAM A VANGUARDA OSTENSIVA DE OPOSIÇÃO AO REGIME MILITAR. AFINAL, SÓ RESTAVAM ELAS: OS ESTUDANTES E A CLASSE ARTÍSTICA. LOC: A OUTRA ALTERNATIVA ESCOLHIDA PELA ESQUERDA FOI A LUTA ARMADA. ALÉM DA AP, AUTORA DO ATENTADO NO AEROPORTO DO RECIFE, PARTIU PARA A GUERRA COM ARMAS O EX-DEPUTADO E CONSTITUINTE EM 46 CARLOS MARIGHELA. MARIGHELA ROMPEU COM O PARTIDO COMUNISTA EM 1967 E CRIOU A ALIANÇA LIBERTADORA NACIONAL. E COMEÇOU A ORGANIZAR A LUTA DE GUERRILHAS, PRIMEIRO COM ASSALTOS A BANCOS. LOC: OS ASSALTOS ERAM CHAMADOS DE “DESAPROPRIAÇÕES”. NO COMEÇO, ERAM ATRIBUÍDOS PELA POLÍCIA A MARGINAIS, ASSALTANTES COMUNS. SÓ POR ACASO A POLÍCIA DESCOBRIU QUE HAVIA UMA ORGANIZAÇÃO POLÍTICA POR TRÁS DE TUDO. FOI DEPOIS DE UM ASSALTO A UM CARRO-PAGADOR DO INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DA GUANABARA, O IPEG, QUANDO FORAM ROUBADOS 120 MIL CRUZEIROS NOVOS. LOC: MARIGHELA DEFENDIA O TERRORISMO COMO ARMA POLÍTICA CONTRA O REGIME MILITAR: “AO TERRORISMO QUE A DITADURA EMPREGA CONTRA O POVO, NÓS CONTRAPOMOS O TERRORISMO REVOLUCIONÁRIO”, ESCREVEU ELE EM UM MANIFESTO. LOC: OS ESTUDANTES FORAM PARA AS RUAS CONTRA O REGIME MILITAR. UM DOS DOIS PRINCIPAIS LÍDERES, VLADIMIR PALMEIRA, CONTA QUE A MAIOR INFLUÊNCIA VEIO DAS LUTAS PELOS DIREITOS CIVIS DOS NEGROS NORTE-AMERICANOS. LOC: AS BANDEIRAS ERAM MUITO MAIS ESPECÍFICAS Da ÁREA DE EDUCAÇÃO DO QUE POLÍTICO-INSTITUCIONAIS. MAIS VERBAS, MELHORES CURRÍCULOS, UMA REFORMA DO ENSINO. ALÉM DE VLADIMIR, O OUTRO LÍDER DE GRANDE EXPRESSÃO NO MOVIMENTO ERA LUÍS TRAVASSOS, CONSIDERADO MAIS RADICAL. VLADIMIR ERA UM ESPECIALISTA NOS CHAMADOS COMÍCIOS-RELÂMPAGO: TÉC: “E o nosso era um movimento tipo sindical, um pouco diferente do movimento francês, que era um movimento à margem do sindicatos estudantis, quer dizer, as associações estudantis, as entidades estudantis na França apoiaram o movimento. Mas o núcleo do movimento era muito reticente quanto a essas entidades e se gerou por fora delas. Aqui no Brasil, não, as entidades de massa tipo sindical dirigiam o movimento que tinha bem mais ligações com a questão do ensino em si do que o que houve lá na França.” LOC: A FASE NORTE AMERICANA DE TOM JOBIM, PRODUZIU COISAS MUITO BONITAS COM ARRANJOS DO MAESTRO NELSON REDON (?), UM DOS FAVORITOS DE FRANK SINATRA. VAMOS OUVIR DUAS AMOSTRAS DESSA ÉPOCA: SURF BOARD E BONITA, AMBAS DE TOM COM TOM E REDON (?): TEC: ENTRAM MÚSICAS. LOC: E COM TOM JOBIM ENCERRAMOS AQUI ESTE PROGRAMA DA SÉRIE SÉCULO 20. NA SEMANA QUE VEM VAMOS VOLTAR AO MOVIMENTO ESTUDANTIL. E A OPOSIÇÃO DE ESQUERDA AO REGIME MILITAR OPTA PELA LUTA ARMADA, A GUERRILHA URBANA E RURAL. A REAÇÃO DO REGIME MILITAR FOI DURA, E CHEGOU AO ATO INSTITUCIONAL Nº5 EM 68, E A EMENDA CONSTITUCIONAL DE 69. A JUNTA MILITAR QUE SUBSTITUIU COSTA E SILVA. OS MAIS DUROS INSTRUMENTOS JURÍDICOS DA HISTÓRIA DO PAÍS. TEC: TROPICÁLIA. CAI EM BG. LOC: NO PRÓXIMO PROGRAMA TAMBÉM, O MOVIMENTO QUE VEIO PARA SER A ANTI-BOSSA NOVA: A LATINOAMERICANIZAÇÃO DO BRASIL: TROPICÁLIA. A ESQUERDA ORTODOXA NÃO ACEITOU MUITO BEM. VAMOS OUVIR A MUSICA TEMA DO MOVIMENTO: TEC: TROPICÁLIA (CONTINUAÇÃO). ENCERRAMENTO SÉCULO 20 É UM PROGRAMA DA RÁDIO SENADO FM. PRODUÇÃO DE... ************************************************************************************************************************************************************************************************************ TEMA Em 1965 – Ato Institucional nº 02 (Arena e MDB); O MDB inicia uma incipiente oposição ao regime militar; Os sindicatos também partem para as críticas ao regime militar; O governo de Castelo Branco; As manifestações culturais do período. ****************************************************************************************************** LOCUÇÃO Cezar Motta, Taís Vivaqua e João Marques. ****************************************************************************************************** ENTREVISTAS Roberto Freire; Franco Montoro; Vladimir Palmeira; Otávio Gouveia de Bulhões; Roberto Campos; Artur da Costa e Silva; Luís Travassos. ****************************************************************************************************** MÚSICAS Morte de Um Deus de Sal, de Carlos Lyra, com Tamba Trio; Ponteio, com Edu Lobo, Marília Medaglia e o grupo Momento 4; Travessia, de Milton Nascimento; Margarida, de Gutemberg Guarabira; The Fool On The Hill, de Lennon e McCartney, com o grupo Brasil 66; Tema de “Chamada Para o Morto”, de Quincy Jones, com Astrude Gilberto; Dindi, de Tom Jobim e Frank Sinatra; Canto de Ossanha, de Baden Powell e Vinícius de Moraes, com ambos; Procissão, de Gilberto Gil; Surf Board e Bonita, ambas de Tom Jobim e Nelson Redon.