Relatório da IFI prevê aumento de despesas e diminuição das receitas até 2035
O Brasil caminha para uma trajetória de endividamento que pode colocar o país em posição de fragilidade. O alerta consta no Relatório de Acompanhamento Fiscal de dezembro elaborado pela Instituição Fiscal Independente do Senado Federal. Com o aumento da relação dívida/PIB, uma fatia cada vez maior do orçamento ficará comprometida com o pagamento das dívidas interna e externa, o que limita drasticamente a capacidade de investimento necessário ao crescimento nacional, de acordo com a avaliação feita pela instituição.

Transcrição
O Brasil caminha para uma trajetória de endividamento que pode colocar o país em posição de fragilidade. O alerta consta no Relatório de Acompanhamento Fiscal de dezembro elaborado pela Instituição Fiscal Independente do Senado Federal. Ao apresentar o documento, o diretor-executivo da instituição, Marcus Pestana, destacou que a relação dívida/PIB do Brasil, que já é alta, tende a aumentar de maneira considerável até 2035, já que o aumento das despesas têm superado o das receitas. Isso significa que uma fatia cada vez maior do orçamento ficará comprometida com o pagamento das dívidas interna e externa, o que limita drasticamente a capacidade de investimento necessário ao crescimento nacional.
Nós fecharemos, pelos nossos números, próximos de 79% esse ano. Ao final desse mandato presidencial, em 2026, para alguma coisa em torno de 83%. E a tendência nos 10 anos, em 2035, alcançarmos 117%, colocando o país, como país emergente, numa situação onde é uma das maiores relações de dívida/PIB entre os emergentes e os latino-americanos.
Para se ter uma ideia dos desafios que o país tem pela frente, o relatório da IFI aponta que, para estancar o crescimento da dívida, seria preciso produzir um superavit primário de 2.3% do PIB anualmente. Entretanto, o que se observa é uma trajetória na direção oposta: desde 2014, constata-se uma sucessão de déficits, tendência que foi reafirmada em 2025.
O cenário torna-se ainda mais crítico diante da transição demográfica. Com a população envelhecendo e com a força de trabalho prestes a diminuir, as despesas tendem a aumentar, especialmente as previdenciárias. Pestana adverte, ainda, que, com isso, o Brasil corre o risco de "perder o bonde da história", repetindo erros que o distanciaram de nações que priorizaram a educação e a inovação, como a Coreia do Sul.
Agora o nosso bônus de demográfico tá acabando. Daqui a pouco a população vai começar a cair, ou seja, vai morrer mais gente que nasce. Então, só tem um jeito de produzir mais. Produção é de um lado capital, do outro lado, trabalho. Vai ter menos gente produzindo. E esse contingente populacional cada vez mais envelhecido. Que que precisa? Aumento de produtividade.
Marcus Pestana destacou que a reversão da tendência passa, necessariamente, por uma reforma profunda que permita o aumento considerável da capacidade de investimento. Da Rádio Senado, Douglas Castilho.

