Promotor defende criação de Autoridade Antimáfia Nacional — Rádio Senado
CPI Crime Organizado

Promotor defende criação de Autoridade Antimáfia Nacional

Na reunião da CPI do Crime Organizado desta terça-feira (25), o promotor Lincoln Gakiya defendeu a criação de uma Autoridade Nacional Antimáfia e alertou para a infiltração de facções na economia formal e no ambiente digital. Já o diretor de Inteligência da Polícia Federal, Leandro Almada, destacou a necessidade de descapitalizar os grupos e fortalecer a integração entre as polícias. Para os senadores, o desafio depende de vontade política e de investimento em segurança pública.

25/11/2025, 14h40 - atualizado em 25/11/2025, 14h50
Duração de áudio: 02:57
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
O promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya, defendeu, na CPI do Crime Organizado a criação de uma Autoridade Nacional Antimáfia para coordenar o enfrentamento às grandes facções. Ele afirmou que hoje o combate ao crime organizado depende sobretudo da boa vontade de policiais, promotores, Receita Federal e outros órgãos que se articulam de forma informal em operações como a Carbono Oculto, a Fim de Linha e a Saúde e Dignidade, na região da Cracolândia, em São Paulo. Ao citar os exemplos bem-sucedidos de integração, Gakiya reforçou que não há, na legislação brasileira, regras claras que obriguem ou estimulem o trabalho coordenado e profissionalizado. Ao descrever a infiltração das milícias na economia formal, com atuação direta em contratos públicos e setores estratégicos, o promotor também pediu urgência em regulamentar fintechs, criptomoedas e casas de apostas, apontadas como novas ferramentas de lavagem de dinheiro usadas por facções. O diretor de Inteligência da Polícia Federal, Leandro Almada, também reconheceu que o crime migrou para o ambiente digital, forçando a PF a se modernizar. E destacou que a estratégia da PF contra facções e milícias se apoia na descapitalização dos grupos, no isolamento de suas lideranças e na cooperação nacional e internacional. Almada afirmou que não é preciso mudar a Constituição para integrar as forças de segurança, mas sim garantir estrutura, coordenação e o fortalecimento das polícias civis. (Leandro Almada) "Não é razoável que a Polícia Federal seja chamada cada dia mais a colaborar no enfrentamento ao crime organizado como um todo no país e ao mesmo tempo em que quando se coloca completa uma nova proposta de alteração legislativa, o que às vezes aparece ali é que vão ser retirados alguns meios ou forma de financiamento". Para o relator da CPI, senador Alessandro Vieira, do MDB de Sergipe, o problema central não é a falta de leis, mas de vontade política e orçamento adequado para segurança pública. (senador Alessandro Vieira) "A falta de legislação não é justificativa para a inércia estatal. Um exemplo, coronel, muito simples. O Marcola, famoso Marcola do PCC, ele já é hoje condenado a 330 anos de cadeia com a lei atual, 330. Resolveu, acabou o PCC, não acabou. Então, que nós temos no Brasil uma ausência de vontade política muito clara, falta vontade política, falta conhecimento, ouvir os técnicos com respeito, com com cuidado e a partir daí sim estruturação que é orçamento." O senador Alessandro Vieira disse que a discussão sobre o PL Antifacções será uma oportunidade para o Brasil tratar de orçamento para segurança pública com seriedade, evitando ficar apenas apagando incêndios. Da Rádio Senado, Marcella Cunha

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