Negociações da COP 30 avançam em reunião preparatória na Alemanha
A primeira sessão formal de negociação da Convenção do Clima da ONU, realizada na cidade de Bonn, na Alemanha, no final de junho, registrou avanços em dois dos três temas apresentados pela presidência brasileira da COP 30, marcada para novembro deste ano, em Belém, no Pará. Avançaram os entendimentos sobre "transição justa" e "adaptação" às mudanças do clima; mas um acordo que leve ao abandono dos combustíveis fósseis permanece "emperrado", segundo Claudio Angelo, do Observatório do Clima.

Transcrição
ALGUNS AVANÇOS AO LADO DE QUESTÕES AINDA SEM CONSENSO MARCARAM AS NEGOCIAÇÕES REALIZADAS EM BONN, NA ALEMANHA, NA REUNIÃO PREPARATÓRIA DA COP 30. MAIS DETALHES NA REPORTAGEM DE CESAR MENDES.
Primeira sessão formal de negociações da Convenção do Clima da ONU, nos meses que antecedem a COP propriamente dita, a conferência de Bonn, na Alemanha, foi marcada por duas semanas de intensas negociações, no final de junho. Embora muitos temas permaneçam em aberto, especialistas avaliam que algumas propostas sobre questões importantes foram bem encaminhadas para a COP 30, que vai acontecer em novembro deste ano, em Belém, no Pará. Ao contrário do que vinha acontecendo em anos anteriores, como explica Cláudio Angelo, coordenador de política internacional do Observatório do Clima, uma rede de entidades ambientalistas da sociedade civil brasileira que desde 2002 discute o problema do aquecimento global.
(Claudio Angelo) "As últimas conferências de Bonn foram especialmente travadas; esse ano foi diferente; ao Brasil quis que fosse diferente e tentou introduzir uma série de mudanças na lógica de negociação que pudessem fazer a conferência funcionar um pouco melhor."
Segundo Claudio Angelo, o objetivo do Brasil em Bonn era aprovar 3 encaminhamentos a serem adotados na COP 30: primeiro, um pacote sobre adaptação, que é a capacidade de ajuste às mudanças do clima, evitando danos e explorando oportunidades; segundo, um texto sobre 'transição justa', para o enfrentamento das mudanças do clima de forma equitativa e inclusiva; e terceiro, um texto sobre o chamado "Diálogo dos Emirados Árabes para Implementação do Balanço Global do Acordo de Paris", voltado para tornar realidade as propostas da conferência de Dubai, realizada em 2023.
(Claudio Angelo) "Terminou com duas das três coisas com encaminhamento: A gente teve um texto sobre o programa de trabalho da transição justa que é razoável, foi comemorado pelos ambientalistas, então de fato tem como avançar para um resultado ambicioso dentro daquela trilha particular de negociação com esse texto. O segundo foi o pacote de adaptação, que deu problema até o último momento; mas, em geral, a adaptação também tem coisas boas, que podem evoluir até para um resultado antes do final da primeira semana de COP".
Sobre o terceiro objetivo, no entanto, Cláudio disse que não houve avanços em Bonn, o que deve tornar difícil um acordo na COP 30 sobre esse tema específico da implementação do balanço global; que trata, por exemplo, de questões relacionadas ao abandono do uso dos combustíveis fósseis, considerados a principal causa do aquecimento global. Quais os critérios para que isso seja feito, qual o cronograma, quais as prioridades.
Cláudio avalia que a reunião em Bonn foi o primeiro grande teste para a presidência brasileira da COP 30 que teria sido aprovado, mas deixou claro que, para avançar num entendimento mais amplo sobre combustíveis fósseis e desmatamento na COP 30, um longo caminho terá que ser percorrido. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.

