13 de maio: senadores comentam impactos da escravatura no Brasil de hoje
Entre os séculos XVI e XIX, cerca de 4 milhões de seres humanos foram sequestrados de África e trazidos como escravizados ao Brasil. Nosso país foi responsável por mais de 1/3 do comércio negreiro mundial e foi o último das Américas a abolir a escravatura, em 13 de maio de 1888. Para os senadores Confúcio Moura (MDB - RO) e Teresa Leitão (PT - PE), a data não é motivo para comemoração, mas um chamado à reflexão sobre a persistência da herança escravocrata no país.

Transcrição
13 DE MAIO É O DIA DA ASSINATURA DA LEI ÁUREA, A ABOLIÇÃO FORMAL DA ESCRAVATURA NO BRASIL.
PARA SENADORES DA COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, A DATA NÃO É MOTIVO DE COMEMORAÇÃO, MAS UM CHAMADO À REFLEXÃO SOBRE AS HERANÇAS ESCRAVOCRATAS QUE PERSISTEM HOJE NO PAÍS. REPÓRTER MARCELA DINIZ:
áudio para BG "Ê, chora, chora, gongo, ê cambada! Chora, gongo, chora."
Entre os séculos XVI e meados do XIX, cerca de 4 milhões de homens, mulheres e crianças foram sequestrados de África e trazidos como escravizados ao Brasil. Sozinho, o país foi responsável por mais de um terço do comércio negreiro mundial e o último das Américas a abolir formalmente a escravatura, por meio da Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888. Na Comissão de Educação, o senador Confúcio Moura, do MDB de Rondônia, disse que o 13 de maio é uma "data marcada nos livros como o dia que o Brasil libertou seus escravizados", mas que "a história verdadeira, aquela que vive nas ruas, nas periferias, nos corpos negros", mostra que "a liberdade foi incompleta". O senador do MDB de Rondônia apresentou dados atuais para comprovar esse entendimento:
(sen. Confúcio Moura) "Hoje, a população negra é a maioria do Brasil, 56%; 84% das pessoas mortas pela polícia, em 2022, eram negras. Negros também são 67% da população carcerária. As crianças e adolescentes negros são vítimas de bullying. Nos campos futebol, o racismo estampado. Que esse 13 de maio nos convoque não à comemoração, mas à consciência."
A senadora Teresa Leitão, do PT de Pernambuco, presidente da Comissão de Educação do Senado, lembrou da persistência, nos dias de hoje, do crime de escravizar seres humanos:
(sen. Teresa Leitão) "É uma abolição totalmente incompleta, além do que nós temos situações graves, monitoradas e combatidas pelo Ministério do Trabalho, mas ainda persistentes, do trabalho em situações análogas à escravidão."
De 1995 a 2023, mais de 63 mil trabalhadores foram resgatados do trabalho análogo à escravidão no Brasil. 66% são negros. Mulheres negras são maioria entre as vítimas de violência doméstica, recebem a menor média salarial e sofrem mais com violências específicas, como a obstétrica, que são práticas discriminatórias antes, durante e depois do parto, como a negação de analgésicos ou anestésicos. Da Rádio Senado, Marcela Diniz.

