Galípolo diz que aumento dos juros reflete incertezas na economia mundial
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, explicou aos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos as ações do Banco Central para o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico. Para justificar o aumento da taxa de juros no país, Galípolo disse que vivemos um momento de incertezas e de aversão a riscos no cenário internacional, diante da guerra tarifária empreendida pelos Estados Unidos, o que exige um aumento do prêmio para atrair investidores ao Brasil.

Transcrição
O PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL, GABRIEL GALÍPOLO, TRATOU DAS DIRETRIZES DA POLÍTICA MONETÁRIA EM AUDIÊNCIA PÚBLICA NA COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS. REPÓRTER CESAR MENDES.
Em sua apresentação aos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que a guerra tarifária empreendida pelos Estados Unidos gera incertezas na economia mundial, com impacto nas ações do Banco Central para o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico do país. O presidente da CAE, senador Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, destacou que embora os indicadores macroeconômicos do Brasil sejam positivos, como o crescimento do PIB, o aumento na renda das famílias e a baixa taxa de desemprego, permanece o perigo do descontrole inflacionário "como um fantasma a nos assombrar"; e que isso tem levado o COPOM a usar o "remédio amargo" do aumento da taxa de juros da economia, uma "faca de dois gumes", segundo Renan.
(senador Renan Calheiros) "Todos sabemos que o aumento dos juros é uma ferramenta eficaz para a conter a inflação; apesar desse fato, é um remédio amargo para o cidadão comum e para empresas."
Gabriel Galípolo disse que a atual política econômica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gera um cenário de incertezas na economia mundial. Se por um lado há consenso de que a guerra tarifária provoca a desaceleração da atividade econômica e a desarticulação nas cadeias produtivas, por outro permanecem dúvidas sobre os desdobramentos disso. Galípolo aponta dois cenários: o melhor deles, a "desescalada" da guerra tarifária, a partir de acordos entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais; o pior, a "escalada" das tarifas, com consequências cada vez menos previsíveis.
(Gabriel Galípolo) " Você pode ter menos atividade econômica e com preços mais elevados; um outro cenário é o cenário de você importar a desinflação em função de uma desaceleração global que tende a reduzir os preços de commodities, entre outros preços de ativos; e existe ainda uma perspectiva onde os Estados Unidos possam chegar a um termo com a maior parte dos países que são historicamente parceiros e aliados dos Estados Unidos e que eventualmente a disputa tarifária comercial entre Estados Unidos e China fica circunscrita a produtos que são entendidos como estratégicos."
Para justificar o aumento da taxa de juros no país, Galípolo explicou que o papel do Banco Central é manejar as expectativas de inflação e que economias emergentes, mesmo com indicadores positivos, têm que levar em conta o cenário internacional de aversão a riscos, que exige o aumento do prêmio para atrair investidores ao Brasil. A senadora Zenaide Maia, do PSD do Rio Grande do Norte, criticou os juros do cartão de crédito e defendeu o projeto que estabelece a sua limitação em até 3 vezes a SELIC.
(senadora Zenaide Maia) " A gente ver toda a sociedade brasileira ser extorquida por juros até de 400% ao ano, isso dói."
Galípolo explicou que em economia, toda escolha representa uma renúncia, e disse que diante da livre movimentação de capitais, juros controlados artificialmente trazem o risco da diminuição do crédito. De acordo com o presidente do Banco Central, embora a inflação brasileira esteja acima da meta e a taxa de juros, elevada, é preciso ter em mente que estamos muito distantes do descontrole inflacionário de 4 décadas atrás. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.