Relatório da IFI detalha razões do superávit orçamentário da União no primeiro bimestre
A alta em relação ao mesmo período do ano passado é explicada pelos gastos do governo com precatórios em 2024 e pela demora na aprovação do Orçamento de 2025, que restringiu os gastos da União. A análise da Instituição Fiscal Independente (IFI) aponta para uma desaceleração da economia, embora haja um pequeno alívio devido aos bons resultados do setor do agronegócio no início deste ano.

Transcrição
COM MENOS GASTOS NO INÍCIO DO ANO, GOVERNO TEM SUPERÁVIT NAS CONTAS NOS DOIS PRIMEIROS MESES DE 2025.
MAS O PAÍS DEVE ENFRENTAR DESACELERAÇÃO NA ECONOMIA PELAS ALTAS TAXAS DE JUROS, QUE IMPACTAM CONSUMO E INVESTIMENTO. ESSES SÃO ALGUNS DESTAQUES DO RELATÓRIO DA IFI. REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO.
O relatório de março da Instituição Fiscal Independente, órgão ligado ao Senado que atua para aumentar a transparência das contas públicas, traz uma análise do desempenho orçamentário da União no primeiro bimestre de 2025 em comparação com os dados do mesmo período do ano passado. O superávit primário de 54,2 bilhões de reais, contra os 21,2 bilhões de 2024, é justificado por despesas do governo com precatórios em 2024 e por menos gastos em 2025 devido à demora na aprovação do Orçamento. Quem explica em detalhes é o diretor da IFI, Alexandre Andrade.
Alexandre Andrade - Essa melhora deve ser vista com cautela. Ainda que as receitas tenham crescido, as despesas que caíram 5,1% tiveram esse comportamento em função principalmente do cronograma de pagamento de precatórios de 2024 – que foi antecipado para fevereiro – sem contrapartida em 2025, e pela baixa execução de despesas discricionárias – um crescimento de apenas 0,6% – que deveu-se a não aprovação do Orçamento de 2025.
O economista também afirmou que a análise feita pela IFI do comportamento da economia do último trimestre do ano passado trouxe um diagnóstico negativo, que deve se manter. Altas taxas de juros atuais impactam consumo e investimento e explicam dificuldades, mas também há notícias boas devido à safra recorde no início do ano, conforme avalia o boletim da instituição.
Alexandre Andrade - Os números mostram ter havido uma desaceleração da economia no ano passado, que deve continuar ao longo de 2025. No primeiro trimestre, no entanto, a IFI projeta um bom desempenho da economia, sustentada principalmente pelo comportamento do setor do agronegócio.
Alexandre Andrade ressaltou ainda que não é possível perceber até o momento algum efeito das medidas de economia aprovadas no Congresso no fim de 2024, como as despesas do Benefício de Prestação Continuada, Seguro Desemprego e do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária, o Proagro. Da Rádio Senado, Janaína Araújo.