Irmãs Mirabal inspiraram o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher (25/11) — Rádio Senado
Resistência

Irmãs Mirabal inspiraram o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher (25/11)

A história de resistência das irmãs Mirabal frente ao governo ditatorial de Rafael Trujillo, na República Dominicana dos anos 1960, serviu de inspiração para a criação do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, pela ONU, em 1999. Nesta reportagem, Marina Dantas relembra pontos da história das irmãs Mirabal e apresenta análises sobre a importância do 25 de novembro feitas pela coordenadora da Articulação das Mulheres Brasileiras, Adriana Mota; e pela socióloga Ana Prestes.

22/11/2024, 20h02 - ATUALIZADO EM 22/11/2024, 20h11
Duração de áudio: 03:56
Marina / Barnaby David, CC BY-SA 4.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>, via Wikimedia Commons

Transcrição
ESTAMOS NOS 21 DIAS DE ATIVISMO PELO FIM DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO E NESTE 25 DE NOVEMBRO, TEMOS O DIA INTERNACIONAL PELA ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, DATA INSPIRADA PELA HISTÓRIA DAS IRMÃS MIRABAL. ELAS VIRARAM SÍMBOLO LATINOAMERICANO E MUNDIAL DE LUTA CONTRA O AUTORITARISMO, COMO NOS MOSTRA A MARINA DANTAS NESTA REPORTAGEM: "Se ele me matar, tirarei meus braços da sepultura e ficarei mais forte ”. A frase é de Minerva Mirabal que, junto com suas irmãs Patria e Maria Teresa, viraram símbolos de luta contra a ditadura de Rafael Leónidas Trujillo, que governou a República Dominicana entre 1930 e 1961, após dar um golpe de Estado. As três foram torturadas e mortas a mando do general em 25 de novembro de 1960. Em 1999, a ONU transformou a data no Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher. A família Mirabal foi alvo de sucessivas prisões, não só das três irmãs e seus maridos, mas também do pai, Enrique. Trujillo permitiu que Minerva estudasse Direito, mas esperou sua formatura para informá-la que ela não teria permissão para exercer a profissão. A jovem, como outras mulheres e meninas dominicanas, sofreu assédio sexual por parte do presidente. Os passos de Minerva eram vigiados de perto pelo governo, o que não a impediu de liderar o movimento de resistência 14 de Junho. Ela e as irmãs eram conhecidas como Las Mariposas, em português, "as borboletas". Dedé, única irmã Mirabal que sobreviveu ao regime trujillista por não se envolver diretamente com a resistência, dedicou sua vida à criação de seus filhos e sobrinhos órfãos. Graças a ela e a defensores dos direitos humanos de todo o mundo, a história das irmãs foi difundida e permanece viva. Na análise da socióloga, cientista política e historiadora, Ana Prestes, o 25 de novembro é importante para preservar não só a memória das irmãs Mirabal, mas de todas as mulheres latinoamericanas que enfrentaram regimes autoritários: (Ana Prestes): "Ficou uma data também muito marcada pela força das mulheres da América Latina. Então essa é a importância de a gente a cada ano, a cada 25 de novembro relembrar a memória da luta de todas as mulheres repreendidas, presas, torturadas, desaparecidas." Ana Prestes cita o caso Marielle Franco como uma prova da persistência da violência política contra as mulheres nos dias de hoje: (Ana Prestes): "E no Brasil nós temos um caso icônico que se equipara ao que aconteceu com as irmãs Mirabal, que é o caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro. Nós temos esse período de demonstração das lutas das mulheres e o quanto ainda precisamos avançar para superar a discriminação de gênero na política, que resulta mais um tipo de violência contra as mulheres, que já são tantos." Para a coordenadora nacional da Articulação das Mulheres Brasileiras, Adriana Mota, a data reforça uma necessidade de mobilizar esforços para o fim da violência contra as mulheres em todo o planeta: (Adriana Mota): "Ao mesmo tempo em que a gente fala da memória e da resistência dessas mulheres que fizeram uma luta política em favor da democracia, então, lembrar dessa história lembrar da importância de enfrentar e eliminar a violência contra as mulheres e lembrar que se trata de um dia internacional. Enquanto uma mulher sofre violência em qualquer lugar do mundo todas nós estaremos ameaçadas e poderemos sofrer violências também." Em nivel internacional, o 25 de novembro inaugura os 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra a mulher, mobilização que segue até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Aqui no Brasil, os dias de ativismo são 21 e têm início em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Isso para chamar a atenção da sociedade para o fato de que as mulheres negras são maioria entre as vítimas de feminicídios e outros tipos de violência de gênero. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, 66,9% das mulheres mortas de forma violenta são negras. Sob supervisão de Marcela Diniz, da Rádio Senado, Marina Dantas.

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