COP da Biodiversidade termina sem acordo sobre financiamento de ações
A COP 16, Conferência das Nações Unidas sobre Biodoversidade, realizada de 21 de outubro a 2 de novembro em Cali, na Colômbia, terminou sem um acordo sobre como financiar as ações necessárias para deter a destruição da natureza até 2030 e cumprir as metas estabelecidas dois anos atrás pelo Marco Global da Biodiversidade. Para a senadora Leila Barros (PDT-DF), presidente da Comissão de Meio Ambiente, este tema é de extrema relevância para o Brasil por sermos o país com a maior biodiversidade do planeta.
Transcrição
A DÉCIMA SEXTA CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE BIODIOVERSIDADE TERMINOU SEM ACORDO SOBRE O FINANCIAMENTO DAS AÇÕES PARA ENFRENTAR A DESTRUIÇÃO DA NATUREZA.
A CONFERÊNCIA ACONTECEU EM CALI, NA COLÔMBIA. MAIS DETALHES COM O REPÓRTER CESAR MENDES.
A Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16) terminou no último final de semana, em Cali, na Colômbia, sem que os países participantes chegassem a um acordo sobre como financiar as ações necessárias para deter a destruição da natureza. A conferência anterior, realizada em 2022, em Montreal, no Canadá, estabeleceu o Marco Global da Biodiversidade, com uma série de metas a serem alcançadas até 2030, como, por exemplo, o percentual de áreas protegidas em todo o planeta. Agora, o objetivo principal era definir de onde virá o financiamento para a implementação dessas medidas, mas durante os 12 dias da conferência não foi possível um consenso sobre como fazer isso. Presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, a senadora Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, destacou na última reunião do colegiado que a busca por caminhos que permitam reduzir a perda da biodiversidade do planeta é de enorme importância para o nosso país.
(senadora Leila Barros) "Desde 2022, quando foi firmado o Marco Global de Biodiversidade, assumimos o compromisso de proteger ao menos 30% das áreas terrestres e marinhas e de reverter o atual cenário de degradação até 2030. Implementar estes compromissos é um grande desafio para todos. Para o Brasil, país detentor da maior diversidade biológica do planeta, este tema é de extrema relevância."
Integrante do Painel de Mudanças Climáticas da ONU, a professora do Instituto de Biologia da UnB Mercedes Bustamante explicou que tanto a convenção do clima como a da diversidade biológica foram criadas durante a Eco 92, no Rio de Janeiro, em busca do estabelecimento de objetivos globais para a segurança climática e a conservação da biodiversidade. No entanto, segundo Mercedes, os avanços alcançados pelas duas convenções vêm esbarrando na dificuldade de financiar as ações propostas.
(Mercedes Bustamante) "Apesar dos progressos paulatinos dentro das duas convenções, por meio das conferências, hoje elas estão, de certa forma, muito dependentes de mecanismos que possam permitir a implementação das medidas; isso implica na alocação de recursos financeiros. Eu acho que o resultado da COP da biodiversidade agora em Cali, ela trouxe também novamente esse elemento com muita força, que já vinha de certa forma destacado nas COPs do clima."
A proposta de um fundo de financiamento para a biodiversidade, apresentada pela Colômbia, foi rejeitada pela União Européia, pelo Japão e pelo Canadá, mas avançou o acordo para a criação de um fundo destinado ao compartilhamento dos lucros obtidos com dados genéticos de plantas e animais; e foi criado também um órgão permanente para tratar de questões indígenas e de comunidades tradicionais. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.