Atendimento a pacientes com lúpus pelo SUS é tema de debate no Senado — Rádio Senado
Audiência pública

Atendimento a pacientes com lúpus pelo SUS é tema de debate no Senado

O tratamento de pacientes com lúpus pelo SUS foi tema de audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais. Autora do pedido do debate, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) defendeu a criação de um grupo de trabalho para avaliar as propostas que tratam do assunto no Congresso Nacional, como a do senador Romário (PL-RJ), que cria uma política nacional de conscientização sobre a doença (PL 322/2015); e a do senador Paulo Paim (PT-RS), que dispensa o prazo de carência na concessão de auxílio-doença a pacientes com lúpus (PL 2472/2022).

31/10/2024, 16h30 - ATUALIZADO EM 31/10/2024, 16h30
Duração de áudio: 03:50
Roque de Sá/Agência Senado

Transcrição
A COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS DISCUTIU A NECESSIDADE DE MELHORIA NO ATENDIMENTO AOS PACIENTES COM LÚPUS NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE. MAIS DETALHES COM O REPÓRTER CESAR MENDES. O Lúpus é uma doença inflamatória autoimune que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como a pele, os rins e o cérebro. Segundo os médicos, se não for tratado adequadamente, nos casos mais graves, pode levar à morte do paciente. A autora do pedido do debate, senadora Damares Alves, do Republicanos do Distrito Federal, disse que o atendimento às pessoas com lúpus no SUS sofre descontinuidades, prejudicando os pacientes e suas famílias. No debate na Comissão de Assuntos Sociais sobre o tema, o médico reumatologista Gustavo de Paiva Costa, da Sociedade Brasileira de Reumatologia, explicou que 7 a cada 100 mil pessoas terão a doença, que tem o seu pico de incidência no início da vida adulta e atinge mais mulheres do que homens. (Gustavo de Paiva Costa) "O que faz o lúpus ser diferente de outras doenças autoimunes, só na tireoide, só no rim, é que ele virtualmente pode acometer qualquer sistema do corpo e comumente mais de um, frequentemente mais de três sistemas do corpo. Pele sempre dá uma doença com muito estigma para os pacientes. A gente pode ter acometimento nas juntas, no pulmão; a gente pode ter o acometimento no sistema nervoso central, dando psicose como causa da doença; e o que sempre nos chama a atenção, o acometimento renal, podendo levar os nossos pacientes, mesmo muito jovens, à insuficiência renal e com um índice de mortalidade muito grande.' A médica da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Fernanda Quirino Silveira, admitiu que é preciso melhorar as condições para o diagnótico e o tratamento dos pacientes com lúpus. (Fernanda Quirino Silveira) "Como não é todo mundo que conhece, não é todo mundo que vai pensar que aquilo pode ser lúpus. Esse retardo do diagnóstico acaba impactando muito na resposta ao tratamento, porque quanto mais se demora pra fazer o diagnóstico, mais tarde se inicia o tratamento, com o risco de o paciene já ter algum tipo de sequela." O destaque da audiência foi a participação da menina Sophia Cavalcante Dionísio, de 10 anos. Com muito bom humor, ela contou que, diagnosticada com lúpus aos 5 anos, passou por momentos difíceis. Apesar da pouca idade, alertou sobre o que é preciso melhorar no tratamento dos pacientes. (Sophia Cavalcante Dionísio) "Eu não sei por que é tão difícil conseguir uma consulta com um reumatopediatra. Vocês podem me corrigir, mas a maioria das vezes não tem reumatopediatra; e além da consulta, precisamos de acolhimento, porque só a nossa família sabe o que nós passamos." Visivelmente emocionada, a avó de Sophia, Magnólia Maria Santos, explicou por que não basta garantir exames, medicamentos e consultas com especialistas. (Magnólia Maria Santos) "Aí vai, atende a criança, você está precisando disso, disso e disso, daqui a três meses volta. Como é que fica o psicológico de uma criança lúpica, da vovó, da mamãe, do papai? Como é que fica esse psicológico?... Um espaço de acolhimento para essas mães, para essas vovós, porque tem hora que a gente vai dormir e fica com medo do amanhã." A senadora Damares Alves citou a discussão de vários projetos que tratam do lúpus, entre eles o do senador Romário, do PL do Rio de Janeiro, que institui uma política nacional de conscientização sobre a doença; e o do senador Paulo Paim, do PT Gaúcho, que inclui o lúpus na lista de doenças com dispensa de prazo de carência para concessão de auxílio-doença e aposentadoria por incapacidade. Damares defendeu a criação de um grupo de trabalho para avaliar todas as propostas. (senadora Damares Alves) " Trazer todos eles para uma discussão, talvez, doutores, unir todos em um único e a gente entregar para o Brasil uma legislação específica para os pacientes com lupus." Damares espera votar o relatório dela sobre o projeto do senador Paulo Paim ainda em novembro na Comissão de Assuntos Econômicos. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.

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