Vladimir Carvalho: cineasta queria transformar Fundação Cinememória na cinemateca da capital federal — Rádio Senado
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Vladimir Carvalho: cineasta queria transformar Fundação Cinememória na cinemateca da capital federal

Brasília perdeu o cineasta na última quinta-feira (24) o cineasta Vladimir Carvalho, vítima de complicações em decorrência de um infarto que sofreu no início do mês. Professor Emérito da UnB, Cidadão Honorário de Brasília, dono de inúmeros prêmios em festivais de cinema, no Brasil e no exterior, Vladimir Carvalho deixa como legado uma obra de referência no campo do cinema documentário brasileiro, voltada para a história política, social e cultural do país; e a perspectiva de que a Fundação Cinememória, criada por ele, seja o embrião de uma cinemateca em Brasília.

27/10/2024, 16h25 - ATUALIZADO EM 27/10/2024, 16h26
Duração de áudio: 02:41
Agência Brasília from Brasília, Brasil, CC BY 2.0 <https://creativecommons.org/licenses/by/2.0>, via Wikimedia Commons

Transcrição
BRASÍLIA E O BRASIL PERDERAM, NESTA QUINTA-FEIRA, UM DOS NOMES MAIS IMPORTANTES DO CINEMA NACIONAL. AOS 89 ANOS, O CINEASTA VLADIMIR CARVALHO ERA O DOCUMENTARISTA DE MAIOR RENOME EM ATIVIDADE NO PAÍS. REPÓRTER CESAR MENDES: Dono de uma extensa obra cinematográfica, onde se destacam filmes de longa-metragem como o 'O País de São Saruê', 'O Evangelho Segundo Teotônio', 'Conterrâneos Velhos de Guerra' e 'Rock Brasília: a Era de Ouro', Vladimir Carvalho era paraibano de Itabaiana, mas desde o final dos anos 60, após concorrer no Festival de Cinema de Brasília com seu curta 'A Bolandeira' e receber um convite do fotógrafo Fernando Duarte para participar da criação de um núcleo de produção de documentários na UnB, adotou a capital da República como sua cidade. Ou, talvez, tenha sido adotado por ela. Em Brasília, Vladimir encontrou um campo fértil para desenvolver seus documentários, voltados para a história política do país e aspectos da cultura popular, sem nunca perder de vista suas raízes nordestinas. Foi professor do curso de Cinema da UnB e fundou, em 1994, a Fundação Cinememória, em sua casa, na W3 Sul, para onde levou um rico acervo que reuniu ao longo de sua vida e que inclui filmes, fotos, documentos e livros sobre cinema, além de equipamentos, como câmeras, projetores e moviolas. Vladimir queria tornar público e acessível todo esse material e vinha trabalhando para viabilizar isso por meio de uma parceria com IPHAN, em busca de apoio do Banco do Brasil. No início de outubro, após sair de uma reunião com o IPHAN feliz com a perspectiva de transformar o Cinememória no embrião de uma Cinemateca na capital federal, Vladimir sofreu um infarto, ficou internado por alguns dias e acabou não resistindo às complicações. Fica a relação do artista com a cidade, expressa por ele mesmo na publicação do portal Minha Brasília feita por ocasião de sua morte: (Vladimir Carvalho) ''Eu tenho 50 anos, meio século, vivendo, trabalhando e amando especialmente Brasília. Vim, vi e vislumbrei uma outra possibilidade. Eu vi Brasília como, a partir dali, como uma caixa de ressonância. É aqui que eu vou ficar, é aqui; e elegi Brasília como, exatamente, como a temática do meu trabalho.'' Professor Emérito da UnB, Cidadão Honorário de Brasília, dono de inúmeros prêmios em festivais de cinema, no Brasil e no exterior, Vladimir Carvalho deixa como legado uma obra de referência no campo do cinema documentário brasileiro, voltada para a história política, social e cultural do país. O cineasta foi enterrado nesta sexta-feira na ala dos pioneiros do cemitério Campo da Esperança, em Brasília; e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, decretou luto oficial de 3 dias na capital federal. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.

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