Comissão de Meio Ambiente debate participação do Brasil na COP 29
A Comissão de Meio Ambiente discutiu as perspectivas e os objetivos do Brasil na 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 29), que vai ser realizada de 11 a 22 de novembro, em Baku, no Azerbaijão. Autora do pedido do debate, a senadora Leila Barros (PDT-DF) disse que é preciso encontrar caminhos que permitam promover o desenvolvimento em um planeta com limites ecológicos intransponíveis. Os convidados explicaram que a COP 29 será fundamental para a definição de novas metas para o financiamento climático.
Transcrição
A COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DISCUTIU AS PERSPECTIVAS E OS OBJETIVOS DA PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NA COP 29.
A CONFERÊNCIA DO CLIMA DAS NAÇÕES UNIDAS ACONTECE ESTE ANO EM BAKU, NO AZERBAIJÃO. REPÓRTER CESAR MENDES.
Agendada para os dias 11 a 22 de novembro, em Baku, no Azerbaijão, a vigésima nona Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas será, segundo os especialistas, uma etapa decisiva nas negociações para a redução dos efeitos do aquecimento global em todo o planeta. Na audiência pública da Comissão de Meio Ambiente para discutir as perspectivas e os objetivos da participação do Brasil na conferência, a senadora Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, presidente do colegiado e autora do pedido do debate, fez um alerta sobre os impactos devastadores das mudanças climáticas no Brasil e em todo o mundo. Ela disse que é preciso encontrar caminhos que permitam promover o desenvolvimento em um planeta com limites ecológicos intransponíveis.
(senadora Leila Barros) ''Países desenvolvidos que historicamente mais contribuíram para os efeitos da mudança do clima devem essa resposta a todo o planeta. Esperamos que haja avanços significativos referentes ao financiamento climático. Essa é a nossa maior expectativa.''
Liliam Beatris Chagas, do Ministério das Relações Exteriores, explicou que a COP 29 está sendo chamada de COP das finanças, porque a principal decisão a ser tomada diz respeito ao novo montante quantitativo de financiamento climático - NCQG. Segundo ela, desde a assinatura do acordo de Paris, em 2015, ficou estabelecida a necessidade de rever a previsão de recursos e a nova meta a ser adotada este ano.
(Liliam Beatris Chagas) '' O NCQG, ele é um objetivo global de financiamento, que vai substituir o que nós temos agora. O que nós temos agora? Era a previsão de 100 bilhões de dólares anualmente colocados à disposição dos fundos climáticos, dos mecanismos financeiros da convenção do clima, que são recursos que pagam os meios de implementação dos compromissos.''
Juliana Borges Falcão, da CNI, disse que os eventos climáticos extremos deste ano no Rio Grande do Sul acenderam o alerta para a indústria brasileira sobre a urgência da implementação de planos de adaptação e concordou que é grande a expectativa sobre a negociação das novas metas do financiamento climático. Já Rafael Dubeux, do Ministério da Fazenda, destacou as diversas iniciativas já em curso no país para estimular investimentos em projetos de baixa emissão de carbono e de maior intensidade tecnológica. Ele citou ainda as propostas em discussão no Congresso, como a regulamentação do mercado de carbono, e outras que já foram transformadas em lei, como o projeto dos Combustíveis do Futuro e o do Hidrogênio de Baixo Carbono, também chamado de Hidrogênio Verde.
(Rafael Dubeaux)''Tem um papel no longo prazo na economia brasileira da maior relevância, não só para possibilitar o armazenamento e a estocagem das energias intermitentes, mas também como própria fonte de insumos para o setor industrial. E o Brasil tem, segundo vários estudos, a possibilidade de ter o hidrogênio de baixo carbono mais barato do mundo. Portanto, a gente precisa aproveitar essa oportunidade para a gente ser um ator que vai participar do processo de desenvolvimento das soluções tecnológicas necessárias para a gente ter uma indústria de larga escala na área do hidrogênio de baixo carbono.''
Claudio Angelo, do Observatório do Clima, disse que os cientistas estão assustados com o aumento da temperatura registrado nos últimos dois anos em todo o mundo e explicou que a questão do financiamento climático vai colocar em debate, de forma incontornável, a diferença entre os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento. Segundo ele, menos de 20 por cento dos recursos disponibilizados até hoje pelas nações que mais contribuíram para a crise climática para as que menos contribuíram representa efetivamente um financiamento climático. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.