Audiência na Comissão de Assuntos Sociais aborda taxação de produtos que afetam a saúde — Rádio Senado
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Audiência na Comissão de Assuntos Sociais aborda taxação de produtos que afetam a saúde

Alimentos, medicamentos e serviços de saúde estão entre os itens que terão mudança na tributação, tema a ser amplamente discutido na análise dos projetos de regulamentação da reforma tributária enviados pelo governo federal ao Congresso Nacional. Um debate na Comissão de Assuntos Sociais solicitado pela senadora Leila Barros (PDT-DF) trouxe demandas de taxação de produtos ultraprocessados e críticas aos reajustes para alimentos saudáveis.

20/08/2024, 19h33 - ATUALIZADO EM 20/08/2024, 19h33
Duração de áudio: 03:28
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Transcrição
A COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS DO SENADO OUVIU ESPECIALISTAS SOBRE AS MUDANÇAS TRAZIDAS PELA REFORMA TRIBUTÁRIA PARA PRODUTOS QUE AFETAM A SAÚDE.   ALTA TAXAÇÃO PARA MAIS PRODUTOS ULTRAPROCESSADOS, GARANTIA DE ACESSO POPULAR A ALIMENTOS NATURAIS E REAJUSTES PARA PRODUTOS NOCIVOS À SAÚDE ESTIVERAM EM DESTAQUE. REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO: A taxação de alimentos prevista na reforma tributária, que tem vários de seus pontos a serem regulamentados por meio de projetos de lei em votação no Congresso Nacional, tem impactos na saúde da população brasileira. A questão foi levantada em debate realizado na Comissão de Assuntos Sociais a pedido da senadora Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, que defendeu uma tributação para garantir alimentação saudável no país:  (sen. Leila Barros) "É possível por meio da reforma tributária promover uma alimentação saudável a partir da cesta básica e da desoneração de alimentos essenciais, tornando-os mais acessíveis. É possível também desestimular o consumo de produtos nocivos à saúde, como o tabaco e as bebidas alcóolicas, por meio do imposto seletivo, e ainda vincular os recursos arrecadados ao financiamento do SUS." Diretora-presidente da ACT Promoção da Saúde, Mônica Andreis defendeu a inclusão de mais produtos ultraprocessados entre aqueles a serem taxados com o imposto seletivo, que desestimula o consumo do que é nocivo à saúde e ao meio ambiente. Segundo a organização – que atua no combate aos fatores de risco evitáveis para doenças crônicas não transmissíveis – a medida representa melhoria dos indicadores de saúde e aumento da arrecadação para promoção de políticas sociais. Ela criticou a diferença entre os reajustes nos preços de produtos saudáveis e de outros prejudiciais à saúde: (Mônica Andreis) "É urgente reverter a tendência de que produtos saudáveis são menos acessíveis à população do que produtos não saudáveis. Nós vemos estudos a respeito disso: alimentos saudáveis têm aumento de preço superior a de ultraprocessados no Brasil. Um outro estudo mostrando que o preço de arroz e feijão, por exemplo, subia mais que cerveja e cigarro. O cigarro agora tá tendo um aumento, mas a gente teve aí oito anos sem um ajuste nos preços de cigarro, o que é injustificável." Diante das demandas para incluir os produtos ultraprocessados no imposto seletivo, o secretário extraordinário da reforma tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, afirmou que o governo enviou ao Congresso proposta de alíquota cheia, de 26,5%, aplicada aos ultraprocessados, índice considerado elevado. Ele apontou que na saúde a mudança nos impostos se referem a produtos e serviços, além dos alimentos: (Bernard Appy) "Serviços de saúde ficaram com uma alíquota reduzida, que vai ser 40% da alíquota padrão, ou seja, uma redução de 60%. Alguns medicamentos vão ficar com alíquota zero, basicamente Farmácia Popular e algumas categorias, como medicamentos oncológicos, e os demais medicamentos vão ficar com a redução de 60%. Os alimentos in natura e minimamente processados estão com alíquota reduzida e o grosso deles está na alíquota zero. Já os alimentos ultraprocessados estão quase todos na alíquota cheia. A principal exceção é margarina, que é um produto de consumo popular muito intenso." Participaram também da audiência pública outros especialistas e representantes do Banco Mundial e dos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Da Rádio Senado, Janaína Araújo.

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