Debatedoras apoiam projeto que dificulta fiança em crimes de violência contra a mulher — Rádio Senado
Comissões

Debatedoras apoiam projeto que dificulta fiança em crimes de violência contra a mulher

A Comissão Mista de Combate à Violência Contra a Mulher fez uma audiência pública nesta quarta-feira (14) para debater o projeto de lei (PL 2253/2023) de autoria da deputada Rosângela Moro (União-SP) que condiciona à decisão do juiz a concessão de fiança em casos relacionados à Lei Maria da Penha. As debatedoras apoiaram a medida. O projeto está em análise na Câmara dos Deputados.

14/08/2024, 21h06 - ATUALIZADO EM 14/08/2024, 21h06
Duração de áudio: 02:30
Foto: Pedro França/Agência Senado

Transcrição
A COMISSÃO MISTA DE COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DEBATEU, NESTA QUARTA-FEIRA, UM PROJETO QUE DIFICULTA A CONCESSÃO DE FIANÇA EM CRIMES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. A PROPOSTA RECEBEU APOIO DAS PARTICIPANTES DA AUDIÊNCIA. A REPORTAGEM É DE JÚLIA LOPES: A atual legislação concede aos delegados de polícia a autoridade para fixar a fiança em crimes cuja pena máxima não ultrapasse quatro anos, o que engloba algumas das agressões previstas na Lei Maria da Penha. A Comissão Mista de Combate à Violência Contra a Mulher promoveu uma audiência pública para debater o projeto que condiciona a fiança à decisão do juiz, o que, na prática, dificulta essa concessão. A iniciativa é da deputada Rosangela Moro, do União de São Paulo, que assumiu a presidência do colegiado nesta quarta-feira. O debate contou com o relato de Barbara Penna, que teve seu corpo queimado pelo ex-companheiro em 2013. O incêndio causado por ele matou os dois filhos do casal e um vizinho. Hoje, Bárbara é ativista contra a violência doméstica e opinou que o projeto que dificulta a fiança aos criminosos é essencial: Barbara Penna "Se incentivamos as denúncias desde o início das agressões, como podemos afirmar que protegemos a vítima se o agressor pode pagar uma fiança e continuar a ameaçar a mulher, forçando-a a se esconder? Como vítima que continua a sofrer ameaças quase 11 anos após tragédia, mesmo com agressor preso, estou convencida de que a legislação que permite a fiança em casos de violência contra as mulheres deve ser revogada." A representante da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, Symara Motter, explicou que existem três etapas no ciclo de violência: a tensão, o ato de violência e o arrependimento. Nessa terceira fase, quando o agressor volta para casa e, em alguns casos, já tendo pagado fiança, podem ocorrer novas agressões: (Symara Motter) "Uma dinâmica muito própria, o ciclo de violência, que é o ciclo da tensão, a prática da infração e a reconciliação, e quando acontece a prática da infração, nós estamos no ápice, no ápice da tensão ali, e nesse contexto, o infrator voltando para casa, possivelmente haverá uma situação de colocação em risco à integridade física ou psicológica da vítima. Esse projeto vem para estancar pelo menos essa parte do ciclo da violência." Também estiveram presentes na audiência representantes dos ministérios das Mulheres e da Justiça e Segurança Pública; além da Associação dos Magistrados Brasileiros. A supervisão foi de Marcela Diniz. Da Rádio Senado, Júlia Lopes.

Ao vivo
00:0000:00