Em debate sobre I.A. no jornalismo, especialistas pedem certificação de conteúdo — Rádio Senado
Tecnologia e informação

Em debate sobre I.A. no jornalismo, especialistas pedem certificação de conteúdo

A Comissão Temporária Interna sobre Inteligência Artificial (CTIA) ouviu nesta terça-feira (31) debatedores para avaliar os efeitos da tecnologia no jornalismo. Para o presidente da Associação Nacional do Jornais, Marcelo Rech, a legislação precisa garantir que o conteúdo gerado seja certificado para que os usuários não sejam enganados. O relatório será apresentado pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO) após o ciclo de audiências públicas.

31/10/2023, 21h11 - ATUALIZADO EM 31/10/2023, 21h11
Duração de áudio: 02:34
Foto: Pedro França/Agência Senado

Transcrição
COMISSÃO TEMPORÁRIA DO SENADO DEBATEU OS EFEITOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA O JORNALISMO. CONVIDADOS SUGERIRAM UM SELO DE CERTIFICAÇÃO DE CONTEÚDO PARA PROTEÇÃO DOS USUÁRIOS. REPÓRTER LUIZ FELIPE LIAZIBRA. A Comissão do Senado sobre a regulação da Inteligência Artificial promoveu audiência para discutir os efeitos da tecnologia na prática jornalística. O presidente da Associação Nacional de Jornais, Marcelo Rech, afirmou que os direitos autorais de jornalista e artistas estão sendo desrespeitados pelos programadores dessas plataformas.Segundo ele, é fundamental uma legislação que garanta um sistema de certificação de conteúdo para que os usuários não sejam enganados. Marcelo Rech: Os desenvolvedores de inteligência artificial não se caracterizam pela transparência. A gente não sabe, ninguém sabe exatamente da onde vieram da onde vem essas informações, de onde vêm esses conteúdos. E, propositadamente, eles não informam no detalhe, talvez seja o caso também de nós procurarmos deixar claro para os usuários, para os consumidores de informação, que aquilo tenha um certificado de origem. Quais são os ingredientes que compõem aquele certificado de origem. A professora da USP, Luciana Moherdaui, disse que os robôs que estão sendo usados para criar histórias, produzir e-mails e conteúdos diversos, como o ChatGPT e o Bard, não são recomendados para apuração jornalística e redação de textos. A professora acompanhou um estudo que utilizava as plataformas para produção de artigos. O resultado mostrou que as informações disponibilizadas não passavam por checagem. Para o representante da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, João Brant, a busca pelo engajamento dos usuários alterou o jornalismo profissional. João Brant: Tudo o que a gente fez e aprendeu no fortalecimento do jornalismo profissional entre o pós-guerra e 2009 e 2010, nós desorganizamos na organização do ambiente informacional nos últimos 10 e 15 anos e acho que isso não pode ser perdido de consideração. Durante a audiência, a professora da PUC de São Paulo, Dora Kaufman, disse que o projeto que estabelece um marco regulatório de inteligência não está maduro.  Dora Kaufman: Minha preocupação no momento é aprovarmos algo tão complexo que tenha pouca viabilidade, favorecendo a concentração de mercado, porque sempre as grandes empresas têm mecanismos de responder qualquer que seja a regulamentação vigente ou uma regulamentação tão generalista que seja inócua na missão de proteger a sociedade. Depois do ciclo de audiências públicas, o parecer do marco regulatório será apresentado pelo senador Eduardo Gomes, do PL de Tocantins. Sob a supervisão de Marcela Diniz, da Rádio Senado, Luiz Felipe Liazibra. 

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