Ex-diretor da Abin confirma que alertou ministro de Lula sobre invasão às sedes dos Três Poderes — Rádio Senado
CPMI do 8 de Janeiro

Ex-diretor da Abin confirma que alertou ministro de Lula sobre invasão às sedes dos Três Poderes

Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro nesta terça-feira (1), o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência Saulo Moura Cunha disse que avisou o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general G. Dias, sobre a possibilidade de invasão de prédios públicos poucas horas antes dos ataques às sedes dos Três Poderes. Ele destacou o envio de alertas para todas as autoridades envolvidas na segurança da capital federal. Cunha afirmou que, a pedido de G.Dias, retirou o nome do ex-ministro de um relatório enviado para o Congresso Nacional. O senador Marcos Rogério (PL-RO) avalia que o depoimento desta terça-feira reforça a omissão ou negligência do governo, que recebeu as informações da possibilidade dos atos extremistas. Já a relatora da CPMI, senadora Elizane Gama (PSD-MA), não descartou uma acareação entre o ex-diretor da Abin e o ex-ministro do GSI. O presidente da Comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), estabeleceu um prazo de 48 horas para o ministro da Justiça, Flávio Dino, enviar as imagens do Ministério sob pena de recorrer ao Supremo Tribunal Federal.

01/08/2023, 19h57 - ATUALIZADO EM 01/08/2023, 19h57
Duração de áudio: 03:31
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
COM POSSIBILIDADE DE RECORRER AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, PRESIDENTE DA CPMI CONCEDE PRAZO PARA MINISTÉRIO DA JUSTIÇA ENTREGAR IMAGENS. EX-DIRETOR DA ABIN DIZ QUE EX-MINISTRO DO GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL RECEBEU ALERTAS SOBRE AS INVASÕES. RELATORA NÃO DESCARTA ACAREAÇÃO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. O presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia, do União da Bahia, concedeu o prazo de dois dias para que o ministro da Justiça, Flávio Dino, encaminhe à comissão imagens das câmeras do prédio. Em ofício enviado à CPMI, o Ministério da Justiça recusou o compartilhamento alegando que os vídeos são provas usadas no inquérito sigiloso. Arthur Maia não descartou recorrer ao Supremo Tribunal Federal. A nossa decisão é no sentido de determinar à Mesa que reitere ao ministro Flávio Dino a solicitação dessa CPMI, alertando que caso esta mudança de posicionamento não seja apresentada, nós aí sim encaminharemos a nossa solicitação ao Supremo Tribunal Federal.  Em depoimento à comissão, o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Saulo Moura da Cunha, confirmou o envio de alertas às autoridades sobre a possibilidade de manifestações violentas. Citou um telefonema para o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general G. Dias, no início da tarde do dia 8 comunicando a chegada de 105 ônibus e convocações de manifestantes, que se diziam armados, para a invasão de prédios públicos com a suposta anuência das forças policiais. Ligo para o general G. Dias por volta de 1:30 e falo com ele: general, nós temos já uma certa convicção, e nesse momento a marcha se deslocava, de que as sedes dos Poderes serão invadidas, ou, pelo menos haverá uma ação violenta em relação a esses prédios.  Saulo Moura da Cunha disse que o ex-ministro solicitou a retirada do nome dele de um relatório da Abin sob o argumento de ele não recebeu as mensagens, mas assessores do GSI incluídos no grupo de WhatsApp. O senador Marcos Rogério, do PL de Rondônia, considera que as declarações demonstram negligência ou omissão do próprio governo. Nós tivemos um depoimento que começa a revelar um nível de omissão intencional que pode ser caracterizado como crime. O comandante da Polícia Militar do GDF está preso sob acusação de ter se omitido. Quem tem o dever de agir e deixa de agir comete crime. A pergunta é por que G. Dias continua livre, leve e solto tendo conhecimento de todos os fatos e nada tendo feito para impedir o desdobramento que houve no dia 8? A relatora, senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, criticou o ex-diretor da Abin por alterar o relatório a pedido de G. Dias. E não descartou uma acareação entre os dois. E ordem ilegal não se cumpre, então a gente não pode eximi-lo da responsabilidade em relação à alteração deste documento, como da mesma forma também nós precisamos cobrar a responsabilidade do G. Dias, se ele foi informado e de repente de fato pediu a retirada do nome dele desse documento. O G. Dias, inclusive, foi demitido a posterior pelo presidente Lula e, portanto, o presidente Lula faz o seu papel depois de receber o volume de informações. E a comissão vai fazer isso. Nós vamos ouvi-lo, se tiver que fazer acareação, nós faremos a acareação. Ao final do depoimento, o ex-diretor da Abin entregou o celular para acesso da CPMI ao envio dos alertas nos dias que antecederam o ataque e no próprio dia da invasão. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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