Presidente da CPMI do 8 de Janeiro minimiza habeas corpus para Mauro Cid
Os integrantes da CPMI do 8 de Janeiro devem ouvir nesta terça-feira (10) o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, preso pela Polícia Federal por supostas fraudes em cartões de vacina. O presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), alertou que o eventual silêncio do militar poderá comprometê-lo. Mauro Cid conseguiu um habeas corpus para não responder a perguntas que possam incriminá-lo. A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), disse que vai confrontar Mauro Cid com as declarações do coronel do Exército, Jean Lawand Júnior, com quem trocou mensagens sobre uma eventual intervenção militar no País contra o resultado das eleições.
Transcrição
PRESIDENTE DA CPMI DO 8 DE JANEIRO MINIMIZA HABEAS CORPUS OBTIDO PELO EX-AJUDANTE DE ORDENS DE BOLSONARO, QUE DEVE FALAR NESTA TERÇA-FEIRA.
OS PARLAMENTARES TAMBÉM VÃO VOTAR DOZE PEDIDOS DE CONVOCAÇÃO PARA OUVIR UM FOTÓGRAFO E UM CAPITÃO DO EXÉRCITO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN.
Os integrantes da CPMI do 8 de Janeiro vão tomar o depoimento do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro, tenente coronel Mauro Cid, nesta terça-feira. Ele foi preso em maio pela Polícia Federal numa operação que investiga fraudes em cartões de vacinas, incluindo o de Bolsonaro. Na análise dos dados do celular do militar, os investigadores teriam encontrado uma minuta para a decretação da Garantia da Lei e da Ordem a fim de impedir a posse do presidente Lula. O depoimento de Mauro Cid estava previsto para a semana passada, mas foi adiado devido ao esforço concentrado da Câmara dos Deputados. O militar recorreu ao Supremo Tribunal Federal para não comparecer à CPMI, mas a ministra Cármen Lúcia concedeu apenas um habeas corpus garantindo o direito de não responder a perguntas que possam incriminá-lo. Ao minimizar o benefício, o presidente da comissão, deputado Arthur Maia, do União da Bahia, ponderou que o silêncio poderá ser mais comprometedor para o ajudante de ordens de Bolsonaro.
Ter ou não habeas corpus não vai fazer muita diferença porque todos os habeas corpus que o Supremo tem concedido primeiro têm obrigado a que o depoente compareça à COMI, independentemente de qualquer coisa. Em segundo lugar, quando o depoente vem a uma CPMI, ele ficar calado depõe contra ele, depõe contra ele. Eu penso que o silêncio é praticamente uma confissão de culpa. Esse é o meu entendimento e o Brasil também vai fazer esse julgamento.
No depoimento do último dia 27, o coronel do Exército, Jean Lawand Júnior, negou que as conversas investigadas pela Polícia Federal com Mauro Cid incentivassem um golpe. Segundo ele, eram uma tentativa de convencer o então presidente Bolsonaro a pedir aos apoiadores que deixassem os quarteis e aceitassem o resultado das eleições. A relatora, Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, disse que Mauro Cid será questionado sobre a tentativa de golpe por parte dos militares.
E a gente vai tentar ouvir do Mauro Cid se ele na verdade recebeu esse tipo de comunicado nessa mesma linha. A gente sabe claramente que não foi isso. Você percebe que ele fala de golpe, você percebe que ele tenta na verdade a envolver o Mauro Cid a conduzir o então presidente da República a de fato decretar uma GLO. Então, os fatos e as informações são bem maiores do que uma tentativa de desviar uma interpretação daquilo que está realmente contido no celular.
Desde que foi preso em maio, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro já foi ouvido seis vezes pela Polícia Federal nos inquéritos que investigam a fraude nos cartões de vacina, a suposta participação dele nas invasões do 8 de Janeiro e o recebimento de joias vindas da Arábia Saudita. Da Rádio Senado, Hérica Christian.