Após depoimento de coronel do Exército, oposição diz que Bolsonaro não se envolveu em tentativa de golpe — Rádio Senado

Após depoimento de coronel do Exército, oposição diz que Bolsonaro não se envolveu em tentativa de golpe

Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, o coronel do Exército, Jean Lawand Júnior, negou tentativa de golpe ao afirmar que as conversas com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente coronel Mauro Cid, foram privadas com o objetivo de convencer o ex-presidente da República a convencer os seus apoiadores a deixarem os quarteis do Exército para evitar uma convulsão social. A senadora Soraya Thronicke (União-MS) considera que o coronel só não conseguiu levar adiante o golpe por falta de apoio do Exército. Ao criticar a conduta de Lawand, o senador Marcos Rogério (PL-RO) declarou que as mensagens mostram que Bolsonaro não se envolveu nessa discussão nem cedeu à pressão para o uso das Forças Armadas contra o resultado das eleições.

27/06/2023, 19h42 - ATUALIZADO EM 27/06/2023, 19h54
Duração de áudio: 03:22
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
EM DEPOIMENTO À CPMI DO 8 DE JANEIRO, CORONEL DO EXÉRCITO NEGA TENTATIVA DE GOLPE AO AFIRMAR QUE TENTOU SE VALER DA LIDERANÇA DE BOLSONARO PARA ACAMPADOS VOLTAREM PARA CASA. ALIADOS DE BOLSONARO REITERAM QUE MILITAR AGIU SOZINHO E GOVERNISTAS DESTACAM QUE A DERRUBA DE PODER NÃO OCORREU PORQUE O ALTO COMANDO DO EXÉRCITO NÃO ACEITOU PARTICIPAR DA TRAMA. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. Apesar do direito de permanecer em silêncio, o coronel do Exército, Jean Lawand Júnior, respondeu às perguntas dos integrantes da CPMI do 8 de Janeiro. Ele justificou que as conversas com o ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente coronel Mauro Cid, foram de cunho privado diante da polarização política do País. Jean Lawand Júnior negou qualquer tentativa de golpe de estado ao afirmar que os apelos dirigidos a Mauro Cid eram para que o então presidente Bolsonaro pedisse aos eleitores acampados nos quarteis do Exército que voltassem para casa a fim de evitar uma convulsão social. Declarou que não tinha condições de levar adiante qualquer golpe por não ter subordinados, não ser ligado ao alto comando do Exército e por não ter armas.  Não houve golpe, nenhuma tentativa de golpe. A minha expectativa era que fosse dada uma ordem para que se apaziguasse o País, para que se voltasse à normalidade, para que as pessoas voltassem para casa e que tudo prosseguisse. Em nenhum momento, eu disse que haveria uma tentativa de golpe, de quebra das instituições democráticas, alguma coisa nesse sentido. Em nenhum momento, eu não participei de nenhum momento desse. A minha conversa com o Cid aconteceu no privado e foram mensagens trocadas no intuito de entender o que estava acontecendo no país e apaziguar o País. A senadora Soraya Thronicke, do União de Mato Grosso do Sul, questionou o fato de o coronel ter mencionado preocupação com eventual grampo telefônico a despeito das conversas sobre a pacificação do País. E ao afirmar que o intuito apaziguador não convenceu, ela ressaltou que o golpe não ocorreu por falta de apoio do Exército.  Os diálogos entre ele e o coronel Cid demonstram nitidamente que havia sim uma insatisfação em relação ao resultado das urnas, o que ele negou. Ele disse que acreditava que o povo estava insatisfeito e que eles precisavam fazer alguma coisa. Alguma coisa o que? Fazer a paz? Então, é tudo muito estranho. A s conversas são engendradas e manobradas e tudo para levar a um entendimento que obviamente o nosso raciocínio lógico não aceita, né? Ao lamentar que o coronel do Exército não tenha admitido que se manifestou contrariamente ao resultado das eleições, sugerindo a atuação das Forças Armadas de forma equivocada, o senador Marcos Rogério, do PL de Rondônia, reafirmou o não envolvimento de Bolsonaro na tentativa de golpe.  O que fica evidente nas mensagens que nós tivemos acesso é que todas as tentativas, todas as sugestões que foram encaminhadas ao Palácio do Planalto ao ajudante de ordens do presidente Bolsonaro foram rechaçadas. Em nenhum momento, fica evidente, fica claro que qualquer cogitação, qualquer sugestão tenha sido levada em consideração. As evidências vão na direção oposta: o presidente Bolsonaro nunca sinalizou nada nessa direção. É uma pena que ele vem aqui hoje com a versão diferente daquela que está nas mensagens porque não dá para negar aquilo que é óbvio. Durante o depoimento, o coronel Jean Lawand abriu mão dos sigilos para a CPMI. O tenente coronel Mauro Cid, que também conseguiu um habeas corpus, deverá ser ouvido pelos integrantes da comissão na terça-feira, dia 4 de julho. Da Rádio Senado, Hérica Christian. 

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