CPMI vai investigar a atuação das Forças Armadas em relação aos acampamentos e as manifestações de agentes públicos sobre resultado das eleições
Os integrantes da CPMI do 8 de Janeiro aprovaram o plano de trabalho da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que prevê investigar também atos de depredação e a tentativa de explosão de bomba em Brasília em dezembro, assim como a atuação das Forças Armadas em relação aos acampamentos de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, declarações de agentes públicos contra o resultado das eleições e o apagão das polícias do Distrito Federal. A oposição criticou os rumos das investigações. O senador Sergio Moro (União - PR) quer a apuração da omissão do próprio governo federal que não teria impedido as invasões às sedes dos Três Poderes. Na próxima reunião, prevista para o dia 13, os integrantes da comissão vão votar dezenas de requerimentos, entre eles, as primeiras convocações.
Transcrição
PLANO DE TRABALHO DA CPMI DO 8 DE JANEIRO APROVADO PREVÊ INVESTIGAR TAMBÉM A ATUAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS EM RELAÇÃO AOS ACAMPAMENTOS E AS MANIFESTAÇÕES DE AGENTES PÚBLICOS SOBRE RESULTADO DAS ELEIÇÕES.
PEDIDOS DE CONVOCAÇÃO, DE COMPARTILHAMENTO E QUEBRAS DE SIGILO SERÃO VOTADOS NAS PRÓXIMAS SEMANAS. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN.
Por 18 votos favoráveis e 12 contrários, a CPMI do 8 de Janeiro aprovou o plano de trabalho para investigar também a depredação da sede da Polícia Federal em Brasília no dia da diplomação do presidente Lula e da tentativa de explosão de uma bomba num caminhão de combustível no aeroporto na véspera do Natal, em dezembro, além das invasões às sedes dos Três Poderes. A relatora, senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, reafirmou que esses episódios, já investigados pela Justiça do Distrito Federal, além dos acampamentos nos quarteis generais do Exército em todo o País serviram para o planejamento e realização dos atos do dia 8 de janeiro. Ela minimizou, no entanto, o fato de os requerimentos de convocação e de compartilhamento de informações não terem sido aprovados com o plano de trabalho.
Foi feito um acordo. Nós tivemos uma decisão que passou pela questão regimental. Apresentamos um volume de requerimentos em anexo no plano de trabalho, como da mesma forma o presidente havia apresentado alguns outros requerimentos. Então, como o Regimento tem uma previsão de 48 horas de antecedência, nós então construímos um acordo para que todos esses requerimentos entrem na pauta, portanto, na ordem do dia, na semana que vem.
Ainda no plano de trabalho, Eliziane Gama sugeriu investigar a atuação da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno das eleições, o chamado apagão das forças de segurança pública do Distrito Federal, a atuação das Forças Armadas em relação aos acampamentos de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, a relação do ex-ajudante de ordens dele tenente-coronel Mauro Cid, com os atos denominados de golpistas e as manifestações públicas e em redes sociais de agentes públicos contra o resultado das eleições. A oposição, por sua vez, criticou as linhas de investigação aprovadas. O senador Sergio Moro, do União do Paraná, citou a omissão do governo federal na contenção dos manifestantes e a tentativa de obstrução de justiça com a apresentação de um relatório da Agência Brasileira de Inteligência que excluiu notificações ao então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias.
O plano de trabalho ficou enviesado. Então, as críticas que foram feitas mais na linha de que o plano trabalho tem que ser alguma coisa muito objetiva e não contendo afirmações e avaliações sobre o que vai acontecer. Temos que apurar se não houve alguma omissão para coibir aquele evento. E para mim também o que é extremamente importante é a questão da obstrução. Por exemplo, há notícias de que houve adulteração de relatórios da Abin repassados à Comissão Inteligência do Congresso Nacional.
Na próxima reunião prevista para o dia 13, os integrantes da CPMI do 8 de Janeiro vão votar os pedidos de convocação sugeridos pela relatora, como os dos ex-ministros de Bolsonaro: Anderson Torres da Justiça; Augusto Heleno do Gabinete de Segurança Institucional e Braga Netto da Defesa, além do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Também estão na lista o ex-interventor de Segurança Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, e a ex-cúpula das Polícias Militar e Civil do Distrito Federal. Da Rádio Senado, Hérica Christian.