Frente Parlamentar Mista Antirracismo debate racismo no futebol — Rádio Senado
Audiência pública

Frente Parlamentar Mista Antirracismo debate racismo no futebol

A Frente Parlamentar Mista Antirracismo debateu em audiência pública o racismo no futebol. O foco do debate foram os ataques racistas sofridos pelo jogador brasileiro Vinícius Jr., na Espanha, enquanto atuava em campo pelo Real Madri. A reunião contou com a presença de representantes dos ministérios do Esporte e da Igualdade Racial. Um ponto destacado pelos convidados foi a falta de punição e de responsabilização daqueles que descumprem as leis contra a discriminação racial.

01/06/2023, 14h04 - ATUALIZADO EM 01/06/2023, 14h45
Duração de áudio: 03:27
Pedro França/Agência Senado

Transcrição
A FRENTE PARLAMENTAR MISTA ANTIRRACISMO DEBATEU A DISCRIMINAÇÃO RACIAL NO FUTEBOL. O CASO MAIS RECENTE, QUE REPERCUTIU NO MUNDO INTEIRO, FORAM OS ATAQUES RACISTAS CONTRA O JOGADOR BRASILEIRO, VINICIUS JUNIOR, NA ESPANHA. REPÓRTER CAROL TEIXEIRA. O debate sobre a discriminação racial no futebol foi tema de uma discussão promovida pela Frente Parlamentar Mista Antirracismo. O combate ao racismo no Brasil vem sendo alvo de regras mais rigorosas. Um exemplo disso foi a nova lei sancionada em 2023 que equiparou a injúria racial ao crime de racismo. Ou seja, aquele que injuriar alguém, ofendendo a dignidade em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional estará cometendo  crime de racismo, que é inafiançável e imprescrítivel. O caso debatido pela audiência foram os ataques racistas contra o jogador brasileiro Vinicius Junior, na Espanha, enquanto atuava em campo pelo Real Madrid. As situações de racismo são frequentes na Espanha, já que o país não tem  legislação específica para punir a discriminação racial. O representante do Observátorio da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, destaca que mesmo no Brasil, que tem tantas leis para combater o racismo, ainda é preciso cumprir os dispositivos legais com a devida responsabilização dos culpados: Nos precisamos muito falar sobre a efetividade da legislação. Diferente do que acontece na Espanha, que não existe uma lei para punir o racismo, lá o racismo que acontece contra o Vinicius Júnior tá dentro do discurso de ódio. Aqui no Brasil nos tem leis que consegue ou que conseguiriam punir os racistas dentro e fora dos estádios. O que a gente percebe nesse momento é a falta de punição, é a falta de responsabilização dos envolvidos, é a falta de responsabilização dos clubes e federações. A Representante de Ministério da Igualdade Racial, Ana Míria dos Santos, ressalta que os atletas negros sofrem danos psicológicos que afetam diretamente o rendimento esportivo. E para que isso seja resolvido, é preciso que o combate ao racismo se torne um problema coletivo dos clubes, dos torcedores e dos patrocinadores. Eles precisam estar em plena saúde física, mas também saúde mental. Como esses atletas não se sentem quando são ameaçados, violentados e injustiçados e precisam ainda ter todo um comprometimento intelectual e psicológico para conseguir exercer um esporte de alto rendimento. Pra que a gente comece a deslocar essas ações da esfera individual pra que os clubes sejam responsabilizados pra que isso não aconteça mais; pra que os patrocinadores sejam responsabilizados e que isso não aconteça mais. Pra que essa atleta tenha condições mínimas de exercer o seu trabalho. O representante do Ministério do Esporte, Diogo Silvestre, afirmou que as políticas públicas desenvolvidas atualmente no Brasil para o combate ao racismo estão focadas em proteger o atleta e na efetiva aplicação da lei.  O Ministério do Esporte, junto com o Ministério da Igualdade Racial e também o Ministério da Justiça está há dois meses trabalhando junto, no trabalho de combate ao racismo no esporte. Estamos propondo uma política pública para o combate do racismo no esporte. Existe uma gama de possibilidades, mas o nosso foco não é campanha, nosso foco não é hashtag, o nosso não é pedido de desculpa. O nosso foco de fato é uma política assertiva e que possa alcançar o atleta. Como medida de urgência, o Brasil está negociando com a Espanha a adoção de ações concretas para combater o racismo.  E também o embaixador da União Européia se colocou à disposição para construir uma relação entre o parlamento brasileiro e europeu para discutir soluções conjuntas de combate à discriminação racial em todo o mundo. Sob a supervisão de Mauricio de Santi, da Rádio Senado, Carol Teixeira. 

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