Marcos do Val reavalia decisão de renunciar ao mandato — Rádio Senado
Ataques à democracia

Marcos do Val reavalia decisão de renunciar ao mandato

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse nesta quinta-feira (2) que reavaliou a decisão de renunciar ao mandato e à carreira política, como havia anunciado no dia anterior. Segundo ele, a decisão havia sido tomada "de cabeça quente", devido a ataques que sofreu na internet sob acusação de supostamente ter traído o voto declarado no senador Rogério Marinho para a Presidência do Senado. Antes de tornar pública a possibilidade de renúncia, Marcos do Val relatou que teve encontro, em dezembro do ano passado, com o então presidente Jair Bolsonaro e o então deputado Daniel Silveira, no qual recebeu a missão de gravar clandestinamente conversas com o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes. O senador disse que recusou a tarefa, e compartilhou o teor do encontro com o próprio Moraes.

02/02/2023, 19h34 - ATUALIZADO EM 02/02/2023, 19h35
Duração de áudio: 02:54
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Transcrição
O SENADOR MARCOS DO VAL, DO PODEMOS DO ESPÍRITO SANTO, DISSE NESTA QUINTA-FEIRA QUE NÃO VAI MAIS RENUNCIAR AO MANDATO E NEM SE AFASTAR DA POLÍTICA, COMO HAVIA ANUNCIADO NO DIA ANTERIOR. DO VAL TORNOU PÚBLICO UM ENCONTRO, EM DEZEBRO, COM O ENTÃO PRESIDENTE JAIR BOLSONARO E O ENTÃO DEPUTADO DANIEL SILVEIRA, NO QUAL, SEGUNDO ELE, FOI DISCUTIDA A POSSIBILIDADE DE UMA GRAVAÇÃO CLANDESTINA DO MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES, PRESIDENTE DO TSE. REPÓRTER CELSO CAVALCANTI: De acordo com Marcos do Val, durante a conversa Daniel Silveira sugeriu que o senador se encontrasse com Alexandre de Moraes e, utilizando um equipamento de gravação, registrasse em áudio o ministro do STF, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral, admitindo ter ultrapassado as linhas da Constituição em alguns dos processos por ele conduzidos. Segundo do Val, naquele momento o então presidente da República não se pronunciou. O parlamentar do Podemos capixaba afirmou ter recusado a missão, e disse que logo após compartilhou o teor da reunião com o próprio Alexandre de Moraes. Nesta quarta-feira, após sofrer ataques na internet, ele foi chamado de traidor por internautas por supostamente ter apoiado o nome de Rodrigo Pacheco para a presidência do Senado, Marcos do Val decidiu tornar público o episódio do encontro com Bolsonaro e Daniel Silveira, anunciando ainda que iria renunciar ao mandato no Senado Federal e à própria carreira política. Nesta quinta, porém, afirmou ter tomado a decisão de cabeça quente, e que agora reavaliou a medida: “Os meus parceiros me pressionaram me pedindo para ficar, e minha filha também pediu para ficar, então estou repensando isso”. O senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, considera que o episódio relatado por Marcos do Val é extremamente grave, e exige o acompanhamento rigoroso pelo Congresso: “Teria sido proposta a ele uma missão de gravar o ministro Alexandre de Moraes, tentando encontrar alguma coisa que colocasse em dúvida a lisura do pleito em que o presidente Lula galgou a vitória na eleição. Nós temos aí indícios muito fortes da participação direta do presidente da República, segundo o que disse Marcos do Val, do ex-presidente, e portanto é de uma gravidade extrema.” O senador Flávio Bolsonaro, do PL do Rio de Janeiro, também defendeu a apuração do caso, mas avalia que a situação narrada por Do Val não configura crime: "Ele já havia me relatado o que tinha acontecido, que isso iriar ser trazido a público, contudo numa linha de que essa reunião, ela seria uma tentativa de um parlamentar de demover as pessoas que estavam nesta reunião de fazer algo absolutamente inaceitável, absurdo e ilegal. Então o que eu peço aqui, obviamente, é que todos os esclarecimentos sejam feitos. Não digo abertura de inquérito porque a situação narrada não configura nenhuma espécie de crime”. O senador Marcos do Val disse que está disposto a colaborar com uma eventual Comissão Parlamentar de Inquérito que investigue os atos de vandalismo nos prédio dos três poderes em 8 de janeiro, inclusive apresentando nomes de mandantes da invasão. Da Rádio Senado, Celso Cavalcanti.

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