Populações negras e indígenas são mais afetadas pelas mudanças climáticas, dizem especialistas — Rádio Senado

Populações negras e indígenas são mais afetadas pelas mudanças climáticas, dizem especialistas

Uma audiência conjunta das Comissões de Direitos Humanos (CDH) e do Meio Ambiente (CMA) discutiu os impactos das mudanças climáticas em territórios urbanos e rurais negros no Brasil. Por iniciativa do presidente da CDH, senador Humberto Costa (PT-PE), e presidido pelo senador Paulo Paim (PT-RS), o debate apontou que os efeitos dos problemas ambientais afetam principalmente as populações negras e indígenas.

27/06/2022, 15h53 - ATUALIZADO EM 27/06/2022, 15h53
Duração de áudio: 03:01
Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
OS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, COMO ENCHENTES, AFETAM PRINCIPALMENTE POPULAÇÕES NEGRAS E INDÍGENAS. A AFIRMAÇÃO FOI FEITA POR ESPECIALISTAS QUE PARTICIPARAM DE AUDIÊCIA CONJUNTA DAS COMISSÕES DE DIREITOS HUMANOS E DE MEIO AMBIENTE. REPORTAGEM DE IARA FARIAS BORGES. Por iniciativa do presidente da Comissão de Direitos Humanos, senador Humberto Costa, do PT pernambucano, e em parceria com a de Meio Ambiente, foram debatidos os impactos das mudanças climáticas em territórios urbanos e rurais negros. Ao falar sobre o conceito “racismo ambiental”, a cofundadora da Comunidade Cultural Quilombaque, Thais Santos, explicou que os efeitos do aquecimento global afetam as populações mais vulneráveis, como o excesso de chuvas que causam deslizamentos em morros. Segundo a arquiteta ambientalista e professora da Universidade Federal de Ouro Preto, Dulce Pereira, esse “racismo ambiental” é uma estratégia ideológica utilizada para explorar territórios e eliminar direitos de populações originais. A chuva não é responsável. Responsáveis por estes desastres sociotécnicos são os seres humanos. É a ação humana que cria, a partir dos movimentos da natureza, a natureza não é responsável, é tão vítima quanto as pessoas, cria essas realidades que são realidades do descaso, da falta de responsabilidade com os territórios. Preocupado com as gerações futuras, o representante da Conaq, Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos, Denildo de Moraes, disse que o “desmonte” de órgãos como Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, e Funai, Fundação Nacional do Índio, impede a fiscalização e facilita invasões, desmatamento e garimpo ilegal. Ele cobrou uma resposta do Congresso Nacional. Porque os nossos territórios estão em lugares estratégicos, onde ainda existe água, ainda existe mata, muito minério, porque para nós esses territórios são sagrados. E em território sagrado você produz alimento para a vida, não produz a destruição. Nós temos pago um preço muito alto para por sermos os guardiões da floresta, os guardiões dessa biodiversidade. O presidente da Comissão de Meio Ambiente, senador Jaques Wagner, do PT baiano, concorda que o Congresso Nacional discuta o tema.  Eu acho que a obrigação nossa no Senado é dar vozes a nossa gente, ao nosso povo oprimido, que muitas vezes não tem o lobby que outros têm para fazer chegar suas demandas e suas ponderações com aquilo que está sendo feito. Representando a Associação de Pesquisa Iyaleta, Diosmar Filho, pediu que as duas comissões façam debate contínuo do tema. A sessão foi presidida pelo senador Paulo Paim, do PT gaúcho. Ao final audiência, foi feito um minuto de silêncio pelas mortes ocorridas em comunidades indígenas e quilombolas. Da Rádio Senado, Iara Farias Borges.

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