Morte de Moïse provoca debate sobre preconceito no Brasil — Rádio Senado
Audiência pública

Morte de Moïse provoca debate sobre preconceito no Brasil

O assassinato do congolês Moïse Kabagambe levantou debate sobre aumento do racismo no país. O jovem refugiado vivia no Brasil desde os 11 anos de idade e foi morto no dia 24 de janeiro após cobrar o pagamento de serviço que prestava em quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

09/02/2022, 12h35 - ATUALIZADO EM 09/02/2022, 12h35
Duração de áudio: 02:19
Pedro França/Agência Senado

Transcrição
ASSASSINATO DO CONGOLÊS MOÏSE KABAGAMBE LEVANTA DEBATE SOBRE AUMENTO DO RACISMO NO PAÍS. O JOVEM REFUGIADO VIVIA NO BRASIL DESDE OS 11 ANOS DE IDADE E FOI MORTO EM JANEIRO, APÓS COBRAR O PAGAMENTO DE SERVIÇO QUE PRESTAVA EM QUIOSQUE NA BARRA DA TIJUCA, NO RIO DE JANEIRO. REPÓRTER RAQUEL TEIXEIRA. Depois da morte violenta do congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, outros refugiados no país relatam situações em que foram vítimas de preconceito. A estudante de 23 anos, Gaelfie Ngouaka, que também veio da República do Congo, conta que se sente ameaçada por ser imigrante e por ser negra. Hoje a gente vive com medo no Brasil porque a sociedade brasileira é racista. Ela está sendo cada vez mais cruel com os africanos e com os migrantes aqui. Eu saí da meu país para poder estudar e eu me deparo com uma realidade dessa, onde como imigrante eu estou sendo ameaçada e que, infelizmente, o governo brasileiro ainda está fechando os olhos a respeito. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Humberto Costa, do PT de Pernambuco, criticou a postura do governo diante dos casos de violência contra imigrantes. Infelizmente o governo que agora está no poder não nos dá apoio nessa luta, pelo contrário, enfraquece todo e qualquer mecanismo que possa ser utilizado no combate aos preconceitos que estão enraizados em nossa sociedade e na luta por uma sociedade mais justa e igualitária. O que aconteceu com o jovem Moïse é o reflexo de uma sociedade que tem se demonstrado cada vez mais intolerante e preconceituosa. O senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, destacou que o racismo é o pior tipo de intolerância. O que está acontecendo com o nosso país? Em vez de avançar está piorando, é o que estamos vendo nos últimos tempos. Estamos num labirinto de intolerâncias. Temos que resgatar a nossa compaixão para sentir os sentimentos e as dores dos outros. Eu acredito numa sociedade em que negros e brancos caminhem juntos, mas só os negros e negras sabem como dói o racismo. As comissões de Direitos Humanos e de Migrações Internacionais e Refugiados debateram com representantes do Ministério Público, da OAB, e outros especialistas e parlamentares o caso do assassinato de Moïse. Um grupo de senadores e deputados vai visitar o Rio de Janeiro na próxima semana para acompanhar as investigações e cobrar das autoridades a punição dos responsáveis pelo crime. Da Rádio Senado, Raquel Teixeira.

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