Debate mostra invisibilidade da mulher com deficiência vítima de violência — Rádio Senado
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Debate mostra invisibilidade da mulher com deficiência vítima de violência

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) debateu nesta terça-feira (7) o enfrentamento à violência contra a mulher com deficiência. As participantes da audiência pública ressaltaram que a falta de visibilidade da mulher nessa condição a deixa mais vulnerável a diversos tipos de violência, negligência com a saúde e reclusão social. Para as debatedoras, é preciso permitir a acessibilidade em canais seguros de denúncia.

07/12/2021, 19h37 - ATUALIZADO EM 07/12/2021, 19h37
Duração de áudio: 03:30
Agência Senado

Transcrição
AUDIÊNCIA PÚBLICA NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS ABORDOU A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER COM DEFICIÊNCIA. O DEBATE APONTOU QUE É PRECISO CRIAR CONDIÇÕES PARA QUE A MULHER COM DEFICIÊNCIA SAIA DA SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA E POSSA DENUNCIAR OS CASOS. REPÓRTER REGINA PINHEIRO. A iniciativa para debater o tema: "Todas juntas – enfrentando a violência contra a mulher com deficiência" foi das senadoras Leila Barros, do Cidadania do Distrito Federal, e Mara Gabrilli, do PSDB de São Paulo.  Mara Gabrilli afirmou que a invisibilidade da mulher com deficiência a torna vulnerável, dificultando a denúncia das agressões sofridas: O autor dos abusos e maus-tratos está sempre em situação de poder em relação à vítima, apoiando-se em sua autoridade e com ameaças de morte ou violência se delatado. A vítima não pode ou não consegue acessar os meios para reportar as agressões sofridas e ainda teme as consequências da denúncia, nas situações em que o agressor é pessoa de seu convívio ou seu cuidador ou responsável pela higiene, alimentação. Neusa Maria,  Psicóloga, especialista em saúde mental divulgou o projeto “Eu me protejo”, do qual é coautora, que trabalha a prevenção da violência doméstica contra a pessoa com deficiência já na infância. A integrante da Frente Nacional das Mulheres com Deficiência, Deborah Prates falou sobre a exclusão das mulheres com deficiência de campanhas contra a violência, como a do “Sinal Vermelho” do CNJ:  A campanha do "Sinal Vermelho" que o CNJ lança, aí, eu vi o vídeo e disse: ué, mas não tem audiodescrição. E eu não sei o contexto do que se passa. Eu escuto, eu entendo, mas não sei  o que se passa, como é. Então,  passamos para uma mulher surda, falante do português. Ela devolve e diz: não tem legenda. Passamos para uma mulher surda, fluente em Libras: "olha, não tem janela de libras". E aí, passamos para uma mulher que sofreu um câncer e acabou tendo que amputar o braço. E ela disse: "eu chorei, porque é a campanha do xis vermelho, eu não tenho uma mão para fazer o xis vermelho". Então, isso para mim, me fez chorar.  A Coordenadora Geral de Articulação Nacional de Combate à Violência contra as Mulheres do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Renata Braz, disse que existe uma grande quantidade de notificações pelo disque 180 da falta de acessibilidade das mulheres a serviços de segurança. Por isso, o Ministério da Mulher disponibilizou um curso de capacitação para o oferecimento de assistência à população feminina com deficiência:  O nosso propósito e compromisso é sensibilizar, sim, as autoridades públicas, principalmente da segurança pública e do sistema de Justiça, que eles tragam luz a esse problema, que a gente consiga, sim, fazer registros de ocorrência correspondente à realidade, com a categorização da violência contra a mulher,  A senadora Leila Barros citou dados do  Atlas da Violência que mostram que as taxas de agressões físicas ou psicológicas contra as mulheres com deficiência foram mais que duas vezes superiores às dos homens, e a maior parte dos casos, quase 60%, ocorreu na própria casa das vítimas. Da Rádio Senado, Regina Pinheiro

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