Relator da CPI quer responsabilizar Bolsonaro por propaganda de remédios ineficazes contra a covid-19 — Rádio Senado
CPI da Pandemia

Relator da CPI quer responsabilizar Bolsonaro por propaganda de remédios ineficazes contra a covid-19

O diretor-executivo da Vitamedic, Jailton Batista, confirmou aumento nas vendas de Ivermectina, mas negou negócios com o Ministério da Saúde. E revelou o investimento de R$ 700 mil na publicação do manifesto da Associação Médicos pela Vida em favor do tratamento precoce. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) antecipou que vai incluir no relatório final pedido de responsabilização do laboratório e do presidente Bolsonaro por propaganda de remédio ineficaz. 

11/08/2021, 19h22 - ATUALIZADO EM 11/08/2021, 19h22
Duração de áudio: 03:25
Leopoldo Silva/Agência Senado

Transcrição
AO CONFIRMAR PATROCÍNIO DE KIT COVID, REPRESENTANTE DE FARMACÊUTICA ADMITE QUE NÃO FEZ ESTUDO SOBRE EFICÁCIA PARA O COMBATE AO NOVO CORONAVÍRUS. RELATOR DA CPI ANTECIPA PEDIDO DE RESPONSABILIZAÇÃO DO PRESIDENTE BOLSONARO E DE LABORATÓRIOS POR PROPAGANDA DO TRATAMENTO PRECOCE. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. O diretor-executivo da Vitamedic, Jailton Batista, confirmou aumento nas vendas de ivermectina durante a pandemia com um lucro de R$ 470 milhões. Em comparação a 2019, um crescimento superior a 3.000%. Mas negou venda para o Ministério da Saúde, embora tenha feito para o estado de Mato Grosso e para alguns municípios de maneira direta. Em resposta a diversos senadores, disse que a bula cita combate a parasitas, a exemplo de vermes, sarnas e piolho, mas não contra a covid-19. E admitiu que o laboratório não pagou por nenhum estudo sobre o uso do vermífugo no combate ao novo coronavírus. Ao negar propaganda direta, Jailton Batista confirmou patrocínio de R$ 700 mil para a publicação do manifesto da Associação Médicos pela Vida em favor do tratamento precoce e de palestras online. Depois o manifesto, o conteúdo dele não é exclusivo de ivermectina. Ele fala de corticoides e produtos para melhorar a imunidade, produtos anticoagulantes, tem uma série itens aí. Ele não é um manifesto em favor da ivermectina, eu queria deixar claro isso, que ele é um documento, inclusive, cujo conteúdo é de inteira responsabilidade dos próprios médicos e não da nossa empresa. Jailton Batista disse que não conhece o presidente da República e não soube informar o impacto das declarações dele nas vendas de ivermectina. Ao destacar que até hoje a Vitamedic patrocina o tratamento precoce, os senadores Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, e Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade do Amapá, defenderam a responsabilização do laboratório e de Jair Bolsonaro pelas mortes de quem acreditou nos remédios e das pessoas com sequelas. (Randolfe) Eu queria sugerir que no relatório final fosse responsabilizada a União pelas vítimas da covid-19 e por todas aquelas pessoas que tiveram eventuais efeitos colaterais no tratamento com medicamentos que não têm eficácia comprovada. (Renan) Como também a responsabilização, como sugere o Senador Randolfe, da União. (Randolfe) E solidariamente das empresas que lucraram com isso. (Renan) E solidariamente dessas empresas, sobretudo da Vitamedic. Ao rebater a responsabilização do presidente Jair Bolsonaro, o senador Marcos do Val, do Podemos do Espírito Santo, saiu em defesa da autonomia médica no tratamento da covid-19. A questão da divulgação da ivermectina partiu dos médicos para o presidente, que disseram que esse kit dá resultado, dentro daquela realidade em que não se tinha vacina pronta ainda, mas partiu dos médicos para o presidente. Não foi o presidente que pegou uma receita médica e, dentro do seu gabinete, saiu prescrevendo receita para todo mundo. Não foi isso. Então, se a gente tem que ir em busca de algum responsável que induziu o presidente, são os médicos. O senador Fabiano Contarato, da Rede Sustentabilidade do Amapá, sugeriu que a CPI peça o bloqueio de recursos da Vitamedic para futuras indenizações. A oposição quer reconvocar o dono do laboratório Vitamedic, José Alves Filho, que enviou o diretor executivo à CPI alegando que na condição de dono trata apenas de investimentos e compra de equipamentos. Da Rádio Senado, Hérica Christian.  

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