CFM: tratamento precoce contra covid-19 não é recomendável, mas médicos têm autonomia — Rádio Senado
Pandemia

CFM: tratamento precoce contra covid-19 não é recomendável, mas médicos têm autonomia

A Comissão de Acompanhamento de ações contra a Covid-19 ouviu especialistas sobre o uso de remédios na prevenção e no combate ao coronavírus. Donizetti Dimmer, representante do Conselho Federal de Medicina, afirmou que o CFM é contra o tratamento precoce indiscriminado, mas o médico é autônomo e responsável pelos seus atos. A microbiologista Natália Pasternak afirmou que já foi demonstrado que os remédios do chamado kit covid são ineficazes.

19/04/2021, 17h36 - ATUALIZADO EM 19/04/2021, 17h44
Duração de áudio: 03:43
Agência de Notícias do Paraná

Transcrição
LOC: A COMISSÃO DO SENADO QUE ACOMPANHA AÇÕES CONTRA A COVID-19 DEBATEU O USO DE REMÉDIOS NO COMBATE AO NOVO CORONAVÍRUS. LOC: APESAR DE SER CONTRÁRIO AO TRATAMENTO PRECOCE, O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA DEFENDE A AUTONOMIA DO MÉDICO. REPÓRTER RODRIGO RESENDE. TÉC: A microbiologista Natália Pasternak ressaltou que os remédios presentes no chamado Kit Covid, como Cloroquina, Ivermectina e Azitromicina, foram reprovados em base científica. (Pasternak) Não é que não existem evidências ainda, é que já existem evidências de que esses medicamentos não funcionam. Para cloroquina e hidroxicloroquina, nós temos mais de trinta trabalhos feitos no padrão ouro, que mostram que esses medicamentos não servem pra covid-19. Para a Ivermectina nós temos trabalhos também que demonstram que não serve. Antibióticos não devem ser receitados sem retenção de receita e sem uma prescrição para uma infecção bacteriana, antibióticos não servem pra infecções virais. E o kit contém um antibiótico que está sendo usado indiscriminadamente no Brasil inteiro. (REP) Segundo o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Donizetti Dimmer, a entidade não estimula o uso de qualquer tipo de medicamento na pandemia. Mas destacou que o médico, embora autônomo, é responsável e pode ser punido por indicações inadequadas. (Donizetti) O Conselho Federal de Medicina não recomenda e não aprova tratamento precoce e não aprova também nenhum tipo de tratamento de protocolos populacionais. O que ele autorizou foi uma autorização fora da bula em situações individuais e com autonomia das duas partes, ou seja, firma um consentimento esclarecido e informado. Então, o que que eu quero colocar? Que esse parecer não é habeas corpus para ninguém. O médico que, tendo evidências de previsibilidade, prescrever medicamentos e isso venha a trazer malefícios, porque essa prescrição foi inadequada, seja em dose, seja em tempo de uso, ele vai, ele pode responder com isso. O médico deve ter dever de atualização, isso chama-se dever de conhecimento científico. (REP) A senadora Kátia Abreu, do PP do Tocantins, alertou que o uso indiscriminado de remédios deu uma falsa sensação de proteção. Ela cobrou uma ação mais efetiva do Conselho Federal de Medicina. A senadora e médica Zenaide Maia, do PROS do Rio Grande do Norte, citou uma pesquisa que mostra que grande parte dos pacientes que chegam à UTI tomaram algum remédio ineficaz para a covid. (Zenaide) E aqui no Rio Grande do Norte, o Instituto Lais, da Universidade, que fez o levantamento, noventa por cento dos pacientes que chegaram a UTI, estavam tomando esse kit prevenção. (REP) O senador Luis Carlos Heinze, do PP do Rio Grande do Sul, pediu uma nova reunião para ouvir profissionais favoráveis ao uso da Ivermectina e da Azitromicina. O médico intensivista, Fabrício Silva, defendeu a criação urgente de um protocolo de tratamento para pacientes graves, já que segundo ele, pesquisas mostram que a cada 10 intubações feitas no Brasil, 8 acabam em óbito. (Fabrício Silva) Então, tentar entender com a realidade de cada região do país, que hoje é um país continental e tentar padronizar ou pelo menos deixar algo mais, mecânico, para que o colega consiga, nos primeiros passos, uma sedação otimizada, que é isso que repercute imediatamente na capacidade de oxigenação desses pacientes. (REP) O médico Fabrício Silva sugeriu a distribuição de cartilhas digitais ou videoaulas para profissionais e a criação de uma central telefônica organizada pelo CFM ou pelo Ministério da Saúde. O relator da comissão de acompanhamento das ações contra a Covid-19, Wellington Fagundes, do PL de Mato Grosso, afirmou que o Brasil precisa de uma comunicação eficiente sobre a pandemia destacando o uso de máscaras e o distanciamento social. Da Rádio Senado, Rodrigo Resende

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