Aquecimento Global é tema de segundo debate na CMA e CRE — Rádio Senado
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Aquecimento Global é tema de segundo debate na CMA e CRE

As Comissões de Meio Ambiente e Relações Exteriores realizaram a nesta quinta-feira (30) a segunda audiência pública conjunta sobre mudanças climáticas. Os especialistas afirmaram que há solução para o aquecimento global e que o Brasil terá um papel fundamental a partir de 2050 no processo de retirada de Gás Carbônico da atmosfera através do reflorestamento da Floresta Amazônica. Sobre o assunto, o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), demonstrou preocupação com o uso do Fundo da Amazônia.  A reportagem é de Marcella Cunha

30/05/2019, 20h16 - ATUALIZADO EM 30/05/2019, 20h16
Duração de áudio: 03:40
As comissões de Relações Exteriores (CRE) e de Meio Ambiente (CMA) realizam audiência pública conjunta para tratar sobre questões relacionadas às mudanças climáticas e ao aquecimento global.

Mesa:
pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, Carlos Nobre;
pesquisador visitante do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, Luiz Gylvan Meira Filho;
presidente da CMA, senador Fabiano Contarato (Rede-ES);
professor da Universidade de São Paulo, Membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Paulo Artaxo;
professora Titular da Universidade de Brasília, Mercedes Bustamante;
pesquisador técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Gustavo Luedemann.

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Transcrição
LOC: NESTA QUINTA-FEIRA, AS COMISSÕES DE RELAÇÕES EXTERIORES E DE MEIO AMBIENTE PROMOVERAM A SEGUNDA AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS. LOC: DESTA VEZ, OS ESPECIALISTAS AFIRMARAM QUE O AQUECIMENTO GLOBAL É IRREFUTÁVEL, MAS AINDA TEM SOLUÇÃO. A REPORTAGEM É DE MARCELLA CUNHA TÉC: Os especialistas foram categóricos ao afirmar que o homem é o principal responsável pelo aumento da temperatura global, ao contrário do que defenderam os convidados da primeira audiência pública sobre mudanças climáticas realizada em conjunto pelas Comissões de Meio Ambiente e Relações Exteriores. Questionado sobre as principais falhas do discurso negacionista, o pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, Carlos Nobre, disse que eles costumam estar ligados a grandes grupos econômicos, como a indústria fóssil nos Estados Unidos e a agropecuária no Brasil. (Nobre – 18”): No Brasil há poucos negacionistas, mas existem, e estes estão ligados não com o interesse fóssil, a companhia petrolífera brasileira já há muito tempo ela teve uma postura bem diferente das norte-americanas, mas é ligado ao interesse da contínua expansão da fronteira agrícola. (REP) O professor do Instituto de Física da USP, Paulo Artaxo, afirmou que há solução para o problema, mas é preciso promover uma grande transformação política, social e econômica. (Paulo): Vão desde mudanças no setor de transporte, mudanças no setor de produção de energia, principalmente nos países desenvolvidos que ainda dependem de carvão, petróleo e gás natural. Nós vamos ter que diminuir as emissões de gases de efeito estufa, em particular o metano, do setor agrícola.” E mudanças comportamentais, então por exemplo, é sustentar uma cidade que nem São Paulo ter 7 milhões de automóveis? (REP) Artaxo também defendeu que o Brasil terá um papel fundamental a partir de 2050, quando será preciso remover gases de efeito estufa da atmosfera. Esse processo, conhecido como sequestro de CO², é naturalmente realizado pelas florestas durante a fase de crescimento das árvores. Atualmente, existe um fundo patrocinado pela Noruega e pela Alemanha que custeia ações de redução de emissões na Amazônia. O senador Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade do Amapá, teme que o dinheiro, que já soma um bilhão e 800 milhões de reais, não seja empregado de forma eficiente pelo Governo. (Randolfe): O governo brasileiro, no meu entender, em uma clara violência ao fundo Amazônia, aos princípios que o redigiriam e contribuição dessas Nações propõe a utilização do fundo Amazônia para indenização de proprietários rurais. Proprietários que desmataram e que grilaram terras notadamente na Amazônia. (REP): Segundo os especialistas, a maior parte das emissões de gases de efeito estufa no Brasil vem da agricultura, por causa da remoção da vegetação natural. Sobre as justificativas usadas para o desmatamento, de que teria a capacidade de geração de emprego e renda, a bióloga e professora da Universidade de Brasília, Mercedes Bustamante, afirmou que diversas pesquisas já comprovam se tratar de uma falsa relação. (Mercedes): Na verdade, a gente distribui a riqueza de um património que é comum a todos os brasileiros e concentra na mão de alguns poucos grupos políticos e econômicos. Tem hoje um levantamento muito completo para os municípios do Cerrado para mostrar que olhando o IDH Municipal e olhando o índice de Gini desigualdade que a conversão do Cerrado para plantio e para a pecuária não trouxe riqueza para os municípios. Aqueles municípios que já eram ricos continuam ricos e os que eram pobres continuam pobres e a desigualdade aumentou. (REP) Segundo os cientistas, a previsão é que a temperatura global suba entre 5 e 6 graus até o final do século. Ainda que todas as metas do Acordo de Paris sejam cumpridas, haverá um aumento médio de 2,7 graus no mundo. Da Rádio Senado, Marcella Cunha

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