Ex-presidente da Vale admite falhas em informações sobre riscos em Brumadinho
O ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, afirmou, em depoimento na CPI de Brumadinho, que a falha nas informações sobre os riscos na barragem veio da área geotécnica da empresa. Segundo a mineradora, empresas estrangeiras de auditoria foram contratadas e apontaram regularidade em todas as barragens. Ouça mais detalhes na reportagem de Paula Groba, da Rádio Senado.

Transcrição
LOC: EM DEPOIMENTO À CPI DE BRUMANDINHO, O EX-PRESIDENTE DA VALE DIZ QUE A FALHA NAS INFORMAÇÕES SOBRE OS RISCOS NA BARRAGEM VEIO DA ÁREA GEOTÉCNICA DA EMPRESA.
LOC: SEGUNDO A MINERADORA, AUDITORIAS CONTRATADAS APONTARAM REGULARIDADE EM TODAS AS BARRAGENS. MAIS DETALHES COM A REPÓRTER PAULA GROBA.
(Repórter) Em depoimento à CPI de Brumadinho, o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, voltou a negar que tinha conhecimento dos riscos no local. Mas informações apresentadas pelo relator da CPI, senador Carlos Viana, do PSD de Minas Gerais, que estão no processo sobre a tragédia, mostram que a empresa sabia dos perigos relacionados à barragem que rompeu.
(Carlos Viana) Nos slides que estão na ação civil pública, a Vale apresenta 10 barragens que estão na chamada ALARP ZONE, são aquelas que apresentam maior risco pelas avaliações da própria empresa. Entre essas estão as barragens B1 e a barragem 4 a da mina do Córrego do Feijão. O slide mostra que havia o risco da barragem desmoronar o risco da B1 cair era de duas vezes 10 elevado a menos 4. Isso equivale a um risco de 0.2 é um risco autismo dentro dos critérios técnicos.
(Repórter) O ex-presidente da empresa informou, no entanto, que desconhece o laudo que está no processo. Segundo ele, a empresa se baseou em laudos de empresas estrangeiras contratadas pela Vale.
(Fábio Schvartsman) Jamais chegou ao meu conhecimento, ou a conhecimento da diretoria ou conhecimento do Conselho, esse relatório que senhor menciona, na verdade eu tenho aqui comigo do único material sobre esse tema que foi alguma vez informado A Diretoria da companhia que diz 100% das barragem da Vale ferrosas foram auditados de agosto de 18 e tiveram declaração de estabilidade emitida pelo auditor externo e com condições de segurança atestado.
(Repórter) Os senadores Otto Alencar do PSD da Bahia, Rose de Freitas do MDB do Espírito Santo, e Carlos Viana insistiram na pergunta sobre quem é o responsável por não passar a gravidade dos riscos para a diretoria da empresa. O ex-presidente da Vale apenas citou que a falha veio da área geotécnica.
(Carlos Viana ) Lá da sua equipe quem deveria ter dito o seguinte esse laudo aqui ele é um laudo que não está de acordo.
(Fábio Schvartsman) O pessoal geotécnico, as pessoas geotécnicas, todas as pessoas que o senhor está citando. Toda a cadeia geotécnica alguém da cadeia devia ter.
(Randolfe Rodrigues) Nós da CPI queremos nomes, queremos responsabilidade!
(Repórter) Os senadores lamentaram a permanência do diretor-executivo de Ferrosos e Carvão, Peter Poppinga, no cargo apesar de já estar à frente da empresa na época do desastre em Mariana.
(Randolfe Rodrigues) Um dirigente da empresa que estava no maior desastre ambiental da história do Brasil foi mantido pelo senhor, denunciado, o senhor admite que foi denunciado e trata isso como normal?
(Repórter) Segundo a Vale, no quarto trimestre de 2018, a mineradora teve um salto de 391% em rendimentos, chegando ao lucro líquido de 3,79 bilhões de dólares.
LOC: OS SENADORES APROVARAM 18 REQUERIMENTOS PARA NOVOS DEPOIMENTOS, ENTRE ELES, ESTÃO AS CONVOCAÇÕES DO SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DE MINAS GERAIS E DO DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO.