Dia do orgulho autista: dia de derrubar mitos sobre o autismo — Rádio Senado
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Dia do orgulho autista: dia de derrubar mitos sobre o autismo

A doutora em genética e biologia molecular, Luciane Hatadani, participou de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos, sobre o Dia do Orgulho Autista (18 de junho), e defendeu a derrubada de mitos sobre os Transtornos do Espectro Autista, entre eles, o que diz que vacinas provocam o autismo. A reportagem é de Marcela Diniz, da Rádio Senado.

18/06/2018, 16h09 - ATUALIZADO EM 18/06/2018, 18h13
Duração de áudio: 03:42
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realiza audiência pública interativa para tratar sobre o Dia Mundial do Orgulho Autista.

Em pronunciamento, ativista autista, doutorado em Genética e Biologia Molecular, Luciane Mendes Hatadani.

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
LOC: OS TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA NÃO SÃO CAUSADOS POR VACINAS, NEM POR ABANDONO AFETIVO DA MÃE. LOC: UMA ESPECIALISTA EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR VEIO AO SENADO PARA DERRUBAR ESSES E OUTROS MITOS AINDA MUITO DIFUNDIDOS POR AÍ. A REPORTAGEM É DE MARCELA DINIZ. TÉC: A doutora em genética e biologia molecular Luciane Hatadani participou do debate na Comissão de Direitos Humanos do Senado que marcou o Dia do Orgulho Autista, comemorado em 18 de junho. Ela é autista e nos ajuda a derrubar mitos como o que diz que só crianças do sexo masculino são autistas; ou aquele que classifica alguém como autista com base no aspecto físico: (Luciane 1) A primeira coisa que quem recebe diagnóstico às vezes escuta muito é: “ah, você não tem cara de autista”. Não existe nenhum estudo científico que consiga correlacionar um conjunto de características fisionômicas ou qualquer tipo ao autismo, então, não existe isso de “cara de autista”. (Rep) Também não é verdade que o autista é incapaz de empatia. De acordo com a doutora Luciane, existem três tipos de empatia: a cognitiva, que é a habilidade de olhar para alguém e saber o que ela sente; a emocional, que permite sentir o que o outro sente; e a compassiva, que faz com que ofereçamos ajuda a quem precisa. O primeiro tipo de empatia pode ser um desafio para muitos autistas, mas os outros dois, não: (Luciane 2) O autista vai ter dificuldade um pouco com o primeiro tipo de empatia, que é olhar e identificar o que a outra pessoa está pensando ou sentindo, mas uma vez que nós sabemos o que está acontecendo, nós temos toda a capacidade de nos identificarmos com esses sentimentos e de oferecer ajudar. (Rep) As estimativas de herdabilidade dos transtornos do espectro autista variam entre 83% e 90%, ou seja, as pesquisas científicas mostram o grande peso do componente genético na origem desses transtornos. Isso não impede a difusão de informações não amparadas por evidências científicas e que especulam sobre a causa do autismo. A doutora Luciane citou a teoria da “mãe-geladeira”, segundo a qual a causa do autismo era o abandono afetivo da criança pela mãe: (Luciane 3) Que seriam mães que não dão atenção para os filhos, não dão carinho, não prestam atenção e a criança, então, se desconexa, se torna autista. Isso já foi desmistificado já faz muito tempo, isso não é verdade, os pais não tem culpa. (Rep) Outro mito bastante difundido é o que atribui às vacinas a origem dos transtornos autistas: (Luciane 4) Na verdade, esse estudo foi fraudado mesmo. Não é que ele esteja errado, é que ele foi deliberadamente fraudado. Desde então, dezenas e dezenas de estudos não encontraram correlação nenhuma entre vacinação de qualquer tipo e autismo de qualquer lugar do espectro. (Rep) Em defesa da neurodiversidade, a doutora Luciane propõe a reformulação da idéia do “autismo” como “doença”: (Luciane 5) É claro que você precisa separar o que é o autismo de condições coexistentes, por exemplo, epilepsia, diferenças de aprendizagem e transtorno de ansiedade, esse tipo de coisa, mas o autismo em si, de acordo com o que nós seguimos na neurodiversidade, não é uma doença. (Rep) A doutora em genética e biologia molecular, Luciane Hatadani, é co-fundadora da “The Autistic Cooperative”, criada em 2017 e que já reúne mais de seiscentos autistas ativistas em todo o mundo. Da Rádio Senado, Marcela Diniz.

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