Centros de referência, censo e diagnóstico precoce são reivindicados em audiência pública na CDH — Rádio Senado
Dia do Orgulho Autista

Centros de referência, censo e diagnóstico precoce são reivindicados em audiência pública na CDH

O senador Paulo Paim (PT-RS) defendeu o diagnóstico precoce dos transtornos do espectro autista, durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado sobre o Dia do Orgulho Autista (18 de junho). Os debatedores defenderam a aprovação do projeto que obriga a construção de Centros de Referência (PLS 169/2018) e a realização de censo para coleta de dados sobre o autismo no Brasil. Hoje, o país não possui dados sobre a quantidade de crianças e adultos autista ou sobre o índice de quadros severos, o que dificulta a construção de políticas públicas específicas. A reportagem é de Marcela Diniz, da Rádio Senado.

18/06/2018, 16h20 - ATUALIZADO EM 18/06/2018, 16h20
Duração de áudio: 02:59
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realiza audiência pública interativa para tratar sobre o Dia Mundial do Orgulho Autista.

Mesa:
jornalista, mãe de autista e diretora Parlamentar do Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab), Simone Franco;
coordenador-geral de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério dos Direitos Humanos (SNDPD/MDH), Josué Ribeiro Costa da Silva;
pai de autista severo e presidente do Conselho Brasileiro do Prêmio Orgulho Autista, Fernando Cotta;
vice-presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS);
ativista autista, doutorado em Genética e Biologia Molecular, Luciane Mendes Hatadani;
estudante e autista Bernardo Mendina de Souza Martínez.

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
LOC: 18 DE JUNHO É O DIA DO ORGULHO AUTISTA, E A DATA FOI LEMBRADA NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO SENADO COM UMA AUDIÊNCIA PÚBLICA. LOC: OS DEBATEDORES DEFENDERAM A CRIAÇÃO DE CENTROS DE REFERÊNCIA; UM CENSO PARA COLETA DE DADOS SOBRE O AUTISMO NO BRASIL E O DIAGNÓSTICO PRECOCE DOS TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA. REPÓRTER MARCELA DINIZ: TÉC: Na audiência da Comissão de Direitos Humanos sobre o Dia do Orgulho Autista, 18 de junho, foram apresentadas reivindicações de autistas e de suas famílias, como a criação dos Centros de Referência no Sistema Único de Saúde, projeto em debate no Senado. Hoje, o atendimento oferecido nos Centros de Atenção Psicossocial não é especializado, como afirmou Fernando Cotta, diretor-presidente do Movimento Orgulho Autista Brasil, Moab: (Cotta) O Caps já não suporta nem quem está lá! Infelizmente, há histórias de abusos, a vida dessas pessoas piora muito mais, é o que, infelizmente, ocorre. (Rep) Segundo a Organização Mundial da Saúde, uma em cada 160 crianças é autista, mas uma coisa é a estimativa e, outra, o número comprovado – coisa que não existe no Brasil e dificulta, por exemplo, a elaboração de políticas específicas. Por isso, outra reivindicação foi o Censo para coleta de dados e formação de um panorama sobre a quantidade de crianças e adultos autistas, o índice de quadros severos, a idade média dos diagnósticos - esse tipo de informação. A diretora parlamentar do Moab, Simone Franco, denunciou, por meio de vídeo da Human Rights Watch, o tratamento degradante oferecido a pessoas, muitas, autistas, internadas em instituições: (Simone) Muitas daquelas pessoas que estão recebendo esse tipo de tratamento certamente são autistas severos privados de minimamente uma condição digna de desenvolvimento e a gente não pode esquecer desse segmento; talvez seja a minoria, dentro do espectro, não sei, o Censo talvez vá revelar essa realidade que a gente desconhece ainda. (Rep) O diagnóstico precoce dos transtorno do espectro autista foi defendido pelo senador Paulo Paim, do PT gaúcho, autor do pedido de audiência pública: (Paulo Paim) Quanto mais cedo se fizer o diagnóstico e começar o tratamento, melhor será o desenvolvimento e a qualidade de vida da pessoa com transtorno do espectro autista. (Rep) O estudante Bernardo Martinez, 17 anos, foi diagnosticado antes dos dois anos de idade: (Bernardo) Graças ao diagnóstico precoce, ao tratamento médico que eu recebi e à inclusão social eu consegui reverter os principais sintomas do autismo. (Rep) Já a funcionária pública Silene Santana descobriu que era autista só depois de adulta e enfrenta, mesmo depois do diagnóstico, o preconceito e a invisibilidade: (Silene) Fui diagnosticada aos 33 anos com Síndrome de Asperger, autismo leve. E não adianta a gente ser diagnosticado porque a gente não é visto, mesmo assim. Eu trabalho a duras penas, mas conheço vários autistas adultos que, mesmo com o diagnóstico, eles não conseguem fazer parte da vida social. (Rep) O dia do Orgulho autista começou a ser comemorado em 2005. A ideia é de uma data para que os autistas sejam ouvidos e respeitados em sua autonomia e em suas necessidades. Da Rádio Senado, Marcela Diniz.

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