Duas leis homenageiam Luiz Gama, líder abolicionista negro
De escravo a líder abolicionista, Luiz Gama libertou mais de 500 pessoas por vias judiciais. Por conta do preconceito racial ele não conseguiu se formar em direito, mas assistia às aulas como ouvinte e se tornou rábula, com direito a exercer a profissão em juízo. Por conta da sua atuação jurídica, Luís Gonzaga Pinto da Gama – Luiz Gama ficou conhecido como “o advogado dos escravos”. Agora, duas leis, que acabam de entrar em vigor, o homenageiam. A Lei 13.628/2018, resultante do PLC 220/2015, inscreve o nome do abolicionista no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. Já a Lei 13.629/2018, criada a partir do PLC 221/2015, declara Luiz Gama como Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil. Os dois projetos são de autoria do deputado Orlando Silva (PCdoB/SP). Para o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) as duas leis são importantes para “nossas crianças saberem que ele existiu, saberem quem ele foi, e tomarem como exemplo, de um homem que soube lutar por uma causa humanista e a favor de seu país”, elogiou.

Transcrição
LOC: DE ESCRAVO A LÍDER ABOLICIONISTA, LUIZ GAMA LIBERTOU MAIS DE 500 PESSOAS POR VIAS JUDICIAIS.
LOC: AGORA, FOI SANCIONADA UMA PROPOSTA APROVADA PELO SENADO QUE GARANTE A ELE O TÍTULO DE PATRONO DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL, ALÉM DA INSCRIÇÃO DO NOME NO LIVRO HERÓIS E HEROÍNAS DA PÁTRIA. REPÓRTER MARCIANA ALVES.
TÉC: Filho de uma escrava livre e de um fidalgo português, o baiano Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu em 1830 e foi protagonista de uma história que será lembrada pela eternidade. No enredo, o garoto que aos dez anos é vendido como escravo para pagar uma dívida de jogo do pai, se torna um dos maiores líderes abolicionistas do Brasil e responsável pela libertação de mais de 500 escravos por vias judiciais, o que parecia impossível, já que o rapaz só foi alfabetizado aos dezessete anos. Luiz Gama também precisou enfrentar o preconceito racial vindo de professores e colegas quando decidiu frequentar o curso de direito na Universidade de São Paulo. Apesar de não concluir o curso, ele participou das aulas como ouvinte e adquiriu conhecimento para atuar em defesa de negros escravos. O líder abolicionista foi homenageado por meio de duas leis. Uma concede o título de Patrono da Abolição da Escravidão no Brasil, e a outra inscreve o nome dele no Livro Heróis e Heroínas da Pátria. O senador Cristovam Buarque, do PPS do Distrito Federal, ressaltou a importância de reconhecer a atuação do líder abolicionista.
(Cristovam) “Para que possamos — com nome do Luiz Gama no Panteão dos Heróis —nossas crianças saberem que ele existiu, saberem quem ele foi, e tomarem como exemplo, de um homem que soube lutar por uma causa humanista e a favor de seu país”.
(REP) Luiz Gama morreu em 1882, aos 52 anos, e foi sepultado no Cemitério da Consolação, na presença de três mil pessoas, como lembrou Cristovam Buarque.
(Cristovam) O que mostra não apenas a importância da sua figura, mas também a oportunidade da luta pela abolição já naquele momento, seis anos antes da abolição ser concluída aqui nesta Casa.
(REP) Cento e trinta e três anos após a morte, ele recebeu o título de advogado pela Ordem dos Advogados do Brasil. As leis em honra de Luiz Gama foram publicadas no Diário Oficial da União. Da Rádio Senado, Marciana Alves.