Dilma Rousseff diz que não cometeu crime de responsabilidade em interrogatório que durou mais de 14 horas — Rádio Senado

Dilma Rousseff diz que não cometeu crime de responsabilidade em interrogatório que durou mais de 14 horas

30/08/2016, 01h42 - ATUALIZADO EM 30/08/2016, 01h42
Duração de áudio: 04:32
Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa extraordinária para votar a Denúncia 1/2016, que trata do julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff por suposto crime de responsabilidade. 

Em discurso, a presidente afastada Dilma Rousseff. 

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Marcos Oliveira

Transcrição
LOC: AO NEGAR A PRÁTICA DE CRIMES CONTÁBEIS, DILMA ROUSSEFF REAFIRMA SER VÍTIMA DE UM GOLPE PARLAMENTAR. A PRESIDENTA AFASTADA DISSE QUE UM EVENTUAL IMPEACHMENT AFROUXARÁ A META FISCAL. LOC: SENADORES PRÓ-IMPEACHMENT AVALIAM QUE A PETISTA DE TERCEIRIZOU A RESPONSABILIDADE. ALIADOS CONSIDERAM QUE A PETISTA ALTEROU OS VOTOS DE INDECISOS. MAIS INFORMAÇÕES COM A REPÓRTAR HÉRICA CHRISTIAN. (Hérica) Antes de ser interrogada pelos senadores, a presidenta afastada Dilma Rousseff leu um discurso de quase uma hora. Na defesa técnica, ela negou o cometimento dos crimes de responsabilidade. Em relação aos decretos, disse que foram assinados após pareceres e com a autorização do Congresso Nacional e dentro da meta. Citou os cortes no Orçamento para justificar a liberação de gastos extras que não desarranjaram as contas públicas. Sobre as chamadas pedaladas, Dilma Rousseff esclareceu que o decreto de criação do Plano Safra de 1992 determinou que ele é de responsabilidade do Ministério da Fazenda. Disse que o atraso de pagamento ao Banco do Brasil não foi empréstimo, ou seja, operação de crédito. E ao criticar a mudança de entendimento do Tribunal de Contas da União, em especial a retroatividade, destacou que pagou à vista o passivo de R$ 55 bilhões com todos os bancos públicos. Dilma negou omissão pelo fato de essa despesa não ter sido contabilizada pelo Banco Central. E argumentou que a crise econômica do País não tem relação com os decretos nem com as pedaladas por ser consequência da crise mundial e da queda na arrecadação. Na defesa política, Dilma Rousseff atribuiu ao ex-presidente da Câmara, deputado afastado Eduardo Cunha do PMDB do Rio de Janeiro, o andamento do impeachment por vingança pelo PT não ter se posicionado contrariamente à cassação do mandato dele. Citou a contrariedade de políticos com a Operação Lava Jato. Disse que a oposição nunca aceitou o resultado das urnas e que usou as acusações contábeis para justificar o processo. Ao afirmar que não desviou um centavo público e que não tem conta no exterior, Dilma Rousseff declarou que o impeachment é um golpe. (Dilma-1) Os votos não são do senhor Michel Temer, os votos foram obtidos por mim. Tirar de mim os votos sem que eu ter cometido crime é isto que constituiu um golpe. O golpe só pode ser feito contra a população, contra quem me elegeu. O golpe é feito contra um princípio democrático da eleição direta que escolhe um presidente da República. REP: Dilma Rousseff também questionou o descumprimento da meta e alertou que uma eventual aprovação do impeachment vai fazer com que os próximos presidentes adotem um ajuste falso para não serem processados e citou que Michel Temer ampliou o déficit de R$ 126 bilhões para mais de R$ 170 bilhões. (Dilma2) O gestor ao invés de colocar a meta que ele dever perseguir, o esforço que ele deve fazer, ele não vai fazer isso. Ele vai fazer uma meta frouxa, uma meta que não seja a correta, ele vai dar uma folguinha. Porque ao fazer isso ele não precisará recorrer ao Parlamento e pedir autorização. REP: O senador Antonio Anastasia do PSDB de Minas Gerais, relator do processo na Comissão Especial do Impeachment, rebateu os argumentos de Dilma ao questioná-la porque liberou gastos quando já sabia do déficit do ano de 2015 e enviou ao Congresso Nacional um pedido para alterar a meta fiscal. (Anastasia) Indago, portanto: por que este decreto foi assinado por V. Exa., em evidente confronto com a meta, tendo em vista que V.Exa já reconhecia, por meio do PLN 5, que a meta não seria alcançada? REP: O senador Humberto Costa do PT de Pernambuco avalia que Dilma conquistou votos com as respostas dadas. (H.Costa) Acredito que aqueles que sinceramente estejam indecisos podem mudar o seu voto e vir votar conosco contra o impeachment. REP: O senador José Aníbal do PSDB de São Paulo disse que ao terceirizar a responsabilidade, Dilma assumiu a prática dos crimes. (Aníbal) Ela disse que tem a responsabilidade do Banco Central, do Tesouro, da burocracia e da crise internacional. E ela não tem responsabilidade nenhuma? Ela era presidente da República. REP: Dilma Rousseff voltou a defender a realização de um plebiscito. Nesta terça-feira, após o debate entre defesa e acusação, terá início a discussão entre os senadores para a votação final. Da Radio Senado, Hérica Christian.

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