Em discurso de defesa, Dilma chama processo de golpe e diz que acusação contra ela são frágeis
No discurso de defesa do julgamento de impeachment, a presidente afastada voltou a dizer que o processo é um “golpe” e que as acusações contra ela são frágeis e não se confirmam. Dilma Rousseff pediu aos senadores que defendam a democracia e votem contra seu impedimento definitivo.
Transcrição
LOC: NO DISCURSO DE DEFESA, A PRESIDENTE AFASTADA VOLTOU A DIZER QUE O PROCESSO DE IMPEACHMENT É UM “GOLPE” E QUE AS ACUSAÇÕES CONTRA ELA SÃO FRÁGEIS E NÃO SE CONFIRMAM.
LOC: DILMA ROUSSEFF PEDIU AOS SENADORES QUE DEFENDAM A DEMOCRACIA E VOTEM CONTRA SEU IMPEDIMENTO DEFINITIVO. A REPORTAGEM É DE MARCELA DINIZ:
TÉC: Nos 45 minutos do discurso inicial de defesa, a presidente afastada Dilma Rousseff destacou os 54 milhões de votos que a reelegeram, em 2014, e defendeu o que considera legados de seu governo, como a ampliação de programas sociais, o sucesso na Copa do Mundo e nas Olimpíadas, e o avanço nos direitos dos negros, mulheres e população LGBT. Dilma classificou como “pretextos” os indícios de crimes apontados por seus acusadores e voltou a classificar o processo de impeachment como “golpe”:
(Dilma) São pretextos para viabilizar um golpe na Constituição, um golpe que, se consumado, resultará na eleição indireta de um governo usurpador.
(REP) Dilma criticou a orientação política do governo interino, que, segundo ela, sinaliza com o retrocesso de direitos trabalhistas e previdenciários, e com a entrega do pré-sal a interesses internacionais. Ela também criticou a PEC 241, enviada por Michel Temer e que propõe medidas de ajuste fiscal:
(Dilma 1) A ameaça mais assustadora desse processo de impeachment sem crime de responsabilidade é congelar, por inacreditáveis 20 anos, as despesas com saúde, educação, saneamento e habitação.
(REP) Dilma Rousseff se defendeu das duas acusações que baseiam o processo de impeachment. A respeito da edição de três decretos de crédito suplementar sem a autorização do Congresso, negou que eles tenham causado prejuízos fiscais, que foram atribuídos, por ela, à desaceleração econômica. Dilma afirmou, ainda, que respeitou todas as previsões legais e entendimento do Tribunal de Contas da União vigentes até então:
(Dilma 2) Somente depois que assinei esses decretos é que o Tribunal de Contas da União mudou a posição que sempre teve a respeito da matéria. Os decretos foram editados em julho de 2015 e somente em outubro de 2015 o plenário do Tribunal de Contas da União aprovou a nova interpretação.
(REP) Sobre as chamadas “pedaladas”, como ficaram conhecidos os atrasos nos pagamentos ao Banco do Brasil relativos ao Plano Safra, Dilma reafirmou que a execução do Plano é de responsabilidade do Ministério da Fazenda e que não há ato assinado por ela sobre o assunto. Negou, ainda, que esses atrasos pudessem ser considerados, à época, como “operações de crédito”:
(Dilma 3) A controvérsia quanto à existência de operações de crédito surgiu, novamente, de uma interpretação do TCU cuja decisão definitiva foi emitida em dezembro de 2015. Novamente, é uma tentativa de dizer que cometi o crime antes da definição da tese de que havia um crime.
(REP) Dilma Rousseff encerrou o seu discurso de defesa com um apelo aos senadores para que votassem contra o impeachment e a favor da democracia. Da Rádio Senado, Marcela Diniz.