Delcídio do Amaral foi o primeiro senador a ser preso no exercício do mandato — Rádio Senado
Quebra de Decoro

Delcídio do Amaral foi o primeiro senador a ser preso no exercício do mandato

10/05/2016, 20h36 - ATUALIZADO EM 11/05/2016, 16h11
Duração de áudio: 03:40
Beto Barata/Agência Senado

Transcrição
LOC: DELCÍDIO DO AMARAL FOI O PRIMEIRO SENADOR A SER PRESO NO EXERCÍCIO DO MANDATO. LOC: ELE PASSOU MAIS DE 80 DIAS DETIDO E AGORA DEIXA O SENADO APÓS SER CASSADO POR 74 VOTOS DO PLENÁRIO. REPÓRTER MARCELLA CUNHA. TEC: Delcídio do Amaral Gomez foi preso no dia 25 de novembro pela Polícia Federal sob a acusação de tentar dificultar as investigações da Operação Lava Jato. A prisão do então líder do Governo, filiado ao PT de Mato Grosso do Sul, foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavaski. No mesmo dia, em uma votação aberta, os senadores decidiram, por 59 votos a 13 e uma abstenção, por manter a prisão. Na ocasião, o líder do PT no Senado, Humberto Costa, de Pernambuco, afirmou que os membros do partido estavam perplexos e classificou a acusação de ser da mais alta gravidade, mas sem nenhuma relação com o Governo. (Humberto) “Os fatos relatados, as gravações, a decisão do Supremo, não dizem respeito a qualquer ação Governo, como também não dizem respeito a qualquer ação do PT.” (Repórter) Em primeiro de dezembro, as lideranças da Rede Sustentabilidade e do PPS apresentaram um pedido de cassação do mandato de Delcídio por quebra de decoro parlamentar. No documento, são citados um plano de fuga para o ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, além de pagamentos mensais para a família em troca do silêncio de Cerveró nos depoimentos em colaboração com a Justiça. Também foi apontada a tentativa de influenciar ministros do STF a respeito da Operação Lava Jato. No dia 3 de maio, a cassação foi aprovada pelo Conselho de Ética por 13 votos favoráveis e uma abstenção. Delcídio do Amaral não compareceu a nenhuma sessão do colegiado. Sua defesa foi feita pelo advogado Antônio Augusto Bastos, que afirmou que o senador sofreu uma injustiça através de um “truque cênico” organizado por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobrás, que foi responsável pelas gravações. (ANTÔNIO) “O senador Delcídio foi lá na condição não de senador. Foi na condição de amigo da família Cerveró e a pedido. O verdadeiro interessado não era o senador Delcídio. Porque sobre ele não recai a mácula da corrupção.” (Repórter) O processo seguiu, então, para deliberação sobre a sua legalidade na Comissão de Constituição e Justiça. O relator, senador Ricardo Ferraço, do PSDB do Espírito Santo, considerou a decisão constitucional, mas a comissão concedeu a Delcídio mais uma chance. No dia 9 de maio, ele compareceu à CCJ, pediu desculpas pelos constrangimentos causados aos senadores e à população, criticou a rapidez da tramitação do seu processo e afirmou achar que não cometeu qualquer irregularidade grave que justificasse sua cassação. (Delcídio) “Eu não roubei, não desviei dinheiro, não tenho conta no exterior. Estou sendo acusado de quê? De obstrução de justiça. De obstrução de justiça? Quando eu, como Líder do Governo, inadvertidamente... Volto a repetir: peço desculpas, errei, mas agi a mando.” (Repórter) O relator do processo no Conselho de Ética do Senado, Telmário Mota, do PDT de Roraima, criticou a declaração. (Telmário) “Ele fala que ele agiu a mando de alguém. Eu só queria lembrar que o Senador Delcídio não é menor e nem incapaz. Outra coisa: ele aqui assume publicamente o seu erro. Isso dá condição de fazer juízo de valores.” (Repórter) Delcídio do Amaral passou 86 dias detido, na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, e em um quartel de um batalhão da Polícia Militar, também na capital federal. Ele fez um acordo de delação premiada e acusa políticos, lobistas e empresários de corrupção. Delcídio do Amaral fica inelegível até 2027.

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