Senadores divergem sobre liberação de gravação telefônica entre Dilma e Lula
Transcrição
LOC: OS SENADORES DIVERGIRAM NESTA QUARTA-FEIRA SOBRE A LIBERAÇÃO DE UMA GRAVAÇÃO TELEFÔNICA ENTRE A PRESIDENTE DILMA COM O EX-PRESIDENTE LULA.
LOC: DILMA E LULA TRATAVAM SOBRE O TERMO DE POSSE DO EX-PRESIDENTE COMO MINISTRO DA CASA CIVIL. REPÓRTER MARCELLA CUNHA.
(Repórter) O áudio foi obtido pela Polícia Federal e o sigilo quebrado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela investigação da Operação Lava Jato. A gravação foi possível porque até esta quarta-feira à tarde, o ex-presidente Lula não tinha foro privilegiado. Sua nomeação para a Casa Civil foi publicada em uma edição extra do Diário oficial, durante a noite. Agora, cabe ao Supremo Tribunal Federal investigar as denúncias contra o ex-presidente. Para a oposição, a conversa entre Dilma e Lula revela uma tentativa de evitar que o caso permanecesse sob responsabilidade de Sérgio Moro. Já o Governo, alega que o diálogo era pessoal e não poderia ter sido captado. O presidente do Senado, Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas, disse que é preciso zelar pela democracia e que nenhum juiz pode simbolizar o sistema judicial como um todo.
( Renan Calheiros) “A democracia deve estar acima de todos nós. Esse período constitucional que nós vivemos é o mais longevo do Brasil. Então, mais do que qualquer um, nós devemos zelar pela sua longevidade. Então, é prudente nós aguardarmos o conhecimento detalhado dos fatos, para que nós possamos posicionar o Congresso Nacional.”
(Repórter) Já o líder do Congresso, senador José Pimentel, do PT do Ceará, disse temer que a situação se repita com outras figuras públicas.
(José Pimentel) “Se hoje faz com a Presidência da República, amanhã fará com qualquer Parlamentar do Congresso Nacional, com qualquer autoridade de foro diferenciado. Não estamos aqui defendendo apenas a Presidenta Dilma, estamos aqui defendendo a Constituição brasileira. Este País não pode ser vítima da vontade de alguns em detrimento da legislação brasileira.”
(Repórter) O líder do PSDB Cássio Cunha Lima, da Paraíba, disse que a ilegalidade da gravação não pode mascarar seu conteúdo, considerado por ele, uma tentativa de obstruir a Justiça.
(Cássio Cunha Lima) “Se há ilegalidade no grampo, é algo muito grave. Se há ilegalidade no vazamento da escuta, igualmente é grave. E nem por isso deixa de ser grave, gravíssimo o conteúdo do diálogo de uma Presidente da República com um ex-Presidente numa manifestação clara de obstrução da Justiça.”
(Repórter) A senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB do Amazonas, criticou a atuação do juiz Sérgio Moro ao liberar o conteúdo da conversa para a imprensa.
(Vanessa Grazziotin) “O Juiz Sérgio Moro quebrou o sigilo das interceptações telefônicas do ex-Presidente Lula – quebrou! E sabia ele que havia uma conversa com a Presidente da República, cujo fórum é o Supremo Tribunal Federal. Mas não, ele quebrou. E entregou a quem? Entregou à Rede Globo de televisão, entregou à Globo News.”
(Repórter) O senador Ronaldo Caiado, do Democratas de Goiás, pediu a renúncia da Presidente Dilma.
(Ronaldo Caiado) “É inaceitável e inadmissível este comportamento partindo da Presidente da República, para cercear, dificultar ou fazer parte desse conluio que, indiscutivelmente, hoje decepciona e mostra o envolvimento da Presidente no caso da Operação Lava Jato.”
(Repórter) Já o senador Lindbergh Farias, do PT do Rio de Janeiro, disse que a divulgação da gravação foi uma irresponsabilidade.
(Lindbergh Farias) “A única coisa que é realmente extremamente grave neste episódio é a Polícia Federal vazar uma conversa da Presidenta Dilma com o ex–Presidente Lula. É um vazamento despropositado de uma conversa privada da Presidenta da República.”
(Repórter) Para o senador Cristovam Buarque, do PPS do Distrito Federal, os dois fatos são graves e tanto oposição como situação estão corretas em suas preocupações.
(Cristovam Buarque) “Surpreendentemente, dessa vez os dois lados têm razão. Com a preocupação com a Constituição, ou seja, se o fato de haver a gravação foi constitucional, se a divulgação foi constitucional. É verdade. Agora, não se pode também usar a Constituição para esconder a gravidade do conteúdo da conversa.”
(Repórter) Em nota divulgada pelo Palácio do Planalto, a Presidente Dilma Rousseff afirma que, em que pese o teor republicano da conversa, ela repudia com veemência sua divulgação que afronta direitos e garantias da Presidência da República.