Pesquisadores alertam que faltam dados atuais sobre assassinato de jovens no Brasil — Rádio Senado

Pesquisadores alertam que faltam dados atuais sobre assassinato de jovens no Brasil

LOC: NÃO HÁ DADOS ATUAIS SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA JOVENS, A MAIORIA DOS ASSASSINATOS NÃO É INVESTIGADA E A GUERRA ÀS DROGAS TRANSFORMOU O BRASIL NO TERCEIRO MAIOR ENCARCERADOR DE PESSOAS NO PLANETA.  

LOC: ESSES FORAM DADOS APRESENTADOS POR PESQUISADORES NA CPI QUE INVESTIGA O ASSASSINATO DE JOVENS. REPÓRTER CARLOS PENNA BRESCIANINI. 

TEC: A CPI que investiga o assassinato de jovens ouviu nesta 2ª feira os pesquisadores Ignácio Cano, da UERJ; Maurício Nery, da UFRJ e Michel Messe, da USP. Os pesquisadores foram unânimes em apontar a ausência de números atuais da violência, o fracasso da guerra às drogas, assim como erros na separação das polícias em civil e militar. O relator da CPI, senador Lindbergh Farias, do PT do Rio, deu o tom da discussão: 

(LINDBERGH 0:14): Por que a gente tá encarcerando por pequenos crimes, em especial envolvidos com tráficos de drogas, pequenos varejistas de drogas, que acabam entrando neste sistema prisional completamente falido, que acaba transformando estes que estão ali começando em profissionais do crime . 

(PENNA): A presidente da CPI, senadora Lídice da Mata, do PSB da Bahia, explicou que a CPI terá de discutir a questão das drogas: 

(LÍDICE): Há um debate no Brasil se a causa central da violência é o tráfico de drogas e se as vítimas da violência são principalmente jovens envolvidos com o tráfico de drogas.  

(REPÓRTER): O pesquisador Ignácio Cano, da UERJ, alertou que o Brasil está indo no caminho errado há anos ao continuar a guerra às drogas: 

(CANO): A guerra às drogas foi uma das grandes tragédias do século 20, em que a humanidade embarcou. Gerou uma quantidade de vítimas muito grande, gerou corrupção, gerou violência e não resolveu o problema de saúde pública que as drogas provocam. Infelizmente o Brasil ainda não discutiu políticas de descriminalização como o Uruguai está implementando e como outros países estão discutindo. O Brasil está na contramão. 

(REPÓRTER): O pesquisador Michel Misse, da UFRJ, frisou a questão da falta de investigação dos crimes no Brasil, em que menos de 8% dos assassinatos são investigados: 

(MISSE): Nós temos um processo de encarceramento em massa no Brasil nos últimos anos e ao mesmo tempo uma baixíssima taxa de elucidação de crimes 

(REPÓRTER): Na próxima semana, a CPI deverá ouvir representantes de diversas entidades que combatem a violência, como a Anistia Internacional e a Justiça Global.
19/05/2015, 08h01 - ATUALIZADO EM 19/05/2015, 08h01
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