Movimento chama atenção para problemas na mobilidade urbana — Rádio Senado

Movimento chama atenção para problemas na mobilidade urbana

LOC: NO DIA SEM CARRO, OS DESAFIOS DA MOBILIDADE URBANA AINDA PREOCUPAM BRASILEIROS 

LOC: ENQUANTO PAÍSES COMO INGLATERRA, FRANÇA E ALEMANHA INVESTEM NA COMBINAÇÃO ENTRE METRÔS, TRENS, BONDES E CICLOVIAS, O BRASIL REDUZIU SUA MALHA FERROVIÁRIA E ENCHEU AS CIDADES COM ÔNIBUS, CARROS E MOTOS. REPÓRTER CARLOS PENNA BRESCIANINI. 

(Repórter) Com o Dia Sem Carro, em 22 de setembro, volta à tona a discussão sobre as dificuldades na mobilidade urbana. Brasília e todas as cidades brasileiras estão lotadas com mais de 74 milhões de automóveis. Não há espaço para todos esses veículos circularem. A consequência mais óbvia são os congestionamentos de quilômetros de extensão e um taxa de mortos e feridos pelo trânsito que ultrapassou 40 mil vítimas em 2013. Os impedimentos à mobilidade dos brasileiros são vários, como listou o senador Paulo Paim, do PT gaúcho, durante uma das audiências públicas sobre o tema na Comissão de Direitos Humanos. 

(Paulo Paim) Especialmente os congestionamentos, os acidentes, a poluição atmosférica, a poluição sonora, a poluição visual, bem como a exclusão social e o preço das passagens também que grande parte de população não consegue pagar e aí todo esse movimento que o Brasil assistiu pela diminuição das passagens, começou com a luta para que diminuísse 20 centavos. 

(Repórter) Na opinião do senador Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá, existe uma máfia dos donos de empresas de ônibus que impede a adoção de projetos de mobilidade, na tentativa de evitar a redução do lucro das empresas: 

(Randolfe Rodrigues) Não tem máfia maior nesse país do que máfia de transporte coletivo. A gente enfrentar e derrubar essa máfia de transporte coletivo, nós vamos ter uma avanço civilizatório nesse país. 

(Repórter) Em 1957, o Brasil chegou a ter uma malha ferroviária de quase 40 mil quilômetros. Hoje, são apenas 13 mil quilômetros em utilização. O ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Almir Pazzianoto, lembra que viajava de trem entre São Paulo e Rio de Janeiro e, atualmente, a linha de passageiros foi abandonada. 

(Almir Pazzianoto) Por que até hoje não há uma ferrovia unindo São Paulo, Belo Horizonte e Brasília? Eu cheguei a viajar no início da minha atividade profissional pra fazer sustentação oral de processo no TST que era no Rio de Janeiro por um trem que existia. Saía de São Paulo. Era um trem de aço. Era o Vera Cruz. Tomava o trem, uma cabine. Dormia. Acordava no Rio de Janeiro. E não havia a tecnologia que é hoje. 

(Repórter) O ex-presidente da ONG Rodas da Paz, Ronaldo Alves, que atualmente é o responsável pela implantação das ciclovias no Distrito Federal, critica a política de apoio aos carros e ônibus, que não levam em consideração o uso da bicicleta como o grande veículo individual de transporte urbano, sem emissão de poluição: 

(Ronaldo Alves) Talvez o maior problema hoje seja o fato que as cidades já estão consolidas e foram pré-concebidas para não ter nenhum outro modal associado ao ambiente de movimentação dentro da cidade que não seja o automóvel. Então, por conta disso, quando você vai fazer qualquer tipo de movimentação que privilegie alguma coisa mais suave, mais inclusiva, como é o caso da bicicleta, ou qualquer outra coisa, você encontra esses embates. Em geral são grupos muito bem constituídos, extremamente bem organizados, cheios de poder econômico e cheios de poder político. 

(Repórter) O brasileiro gasta, em média, de duas a quatro horas diárias no trajeto entre casa e a escola ou trabalho. É uma das piores médias mundiais. O tempo no trânsito do paulistano, de 4 hor
17/09/2014, 06h47 - ATUALIZADO EM 17/09/2014, 06h47
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