Mulheres ainda enfrentam desigualdades de gênero no país — Rádio Senado

Mulheres ainda enfrentam desigualdades de gênero no país

LOC: AS MULHERES SÃO A MAIORIA DA POPULAÇÃO, TÊM TAXA DE ESCOLARIDADE SUPERIOR A DOS HOMENS, MAS AINDA ENFRENTAM DESIGUALDADES DE GÊNERO.

LOC: ESPECIALISTAS CONCORDAM QUE HOUVE AVANÇOS NAS ÚLTIMAS DÉCADAS, MAS AINDA HÁ MUITO A SER FEITO.

TÉC:  São donas-de-casa, professoras, bailarinas. Moças operárias, prostitutas, meninas. Lá do breu das brumas, vem chegando a bandeira. Saúda o povo e pede passagem, a mulher brasileira.

Repórter:  É possível traçar um perfil da mulher brasileira, com tantas diferenças regionais, de classe e de raça? Os últimos censos do IBGE nos dão algumas pistas de um perfil médio: as mulheres são a maioria da população, estudam mais do que os homens, embora recebam cerca de 70% do rendimento deles. Para a socióloga do Cfemea - Centro Feminista de Estudos e Assessoria – Joluzia Batista, a diferença salarial perpassa todas as camadas sociais.

Joluzia Batista: " Em altos cargos, em empresas, as mulheres ganham menos que os homens. Isso é uma desigualdade que é estruturante. Inclusive tem políticas campanhas mesmo que envolve o sistema ONU para combater isso, a OIT, porque é uma coisa impressionante, é impressionante como essa ideia é presente na estrutura que organiza o mundo do trabalho. Sem falar na economia do cuidado que é todo um trabalho social realizado pelas mulheres que nem conta. Ele conta para o PIB, para o crescimento e enriquecimento do país mas é invisível para contabilizar mesmo produção de riquezas".

Repórter: A secretária de políticas de ações afirmativas da Seppir, Ângela Nascimento, ressalta que a desigualdade é ainda maior para as mulheres negras.

Ângela Nascimento: "É um teto de vidro ainda mais forte, mais resistente quando se trata de mulheres negras. Se a gente pega aquela piramedezinha de renda, os homens brancos concentram maior renda, depois vem as mulheres brancas, depois os homens negros e na base da pirâmide as mulheres negras. Então mesmo em situações de cargos semelhantes persistem desigualdades de gênero e de raça".

Repórter: As mulheres também passaram a ocupar o lugar de chefe da família. De 2000 a 2010, o número de mulheres responsáveis pelo domicílio dobrou, de 9 milhões para 18 milhões. Já o número de homens nesta situação permaneceu inalterado, 31 milhões. Para o IBGE, isso significa um avanço, que reflete maior presença das mulheres no mercado de trabalho e melhor nível de escolaridade. Taxas menores de fecundidade também favorecem os resultados, com média de 2 filhos por mulher, enquanto que, na década de 1960, era de 6 filhos. Joluzia Batista acredita que o crescimento de famílias chefiadas por mulheres traz tanto aspectos positivos quanto negativos.

Joluzia Batista: "As mulheres foram muito empurradas por necessidades econômicas também. Mas também tem a ver com um grau de autonomia que as mulheres foram adquirindo diante de relações conjugais violentas, também o abandono dos lares pelos companheiros. Mulheres com algum nível de escolaridade há a opção de não ter casamento, de ter filho sozinha, também é um projeto de vida considerado".

Repórter:  E quando se trata da integridade física, a discriminação de gênero é ainda mais perversa. De acordo com o mapa da violência 2012, o Brasil ocupa o sétimo lugar em violência contra mulher, comparado a outros 83 países. Nos últimos trinta anos, mais de 92 mil mulheres foram assassinadas. Setenta por cento dos homícidios ocorreram dentro de casa e foram praticados pelos maridos. A violência doméstica, na opinião da assessora da ONU Mulheres, Eunice Borges, promove um ciclo vicioso de opressão em todos os aspectos da vida.

Eunice Borges: "Existe uma discriminação que faz parte do imaginário social e ainda se pensa em muitos casos que as mulheres são propriedade. Este i
25/03/2014, 08h59 - ATUALIZADO EM 25/03/2014, 08h59
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