Tragédia da Boate Kiss completa 1 ano — Rádio Senado

Tragédia da Boate Kiss completa 1 ano

LOC: MADRUGADA DE 27 DE JANEIRO DE 2013. NAQUELE DOMINGO, OS BRASILEIROS ACORDARAM EM CHOQUE COM AS NOTÍCIAS QUE VINHAM DA CIDADE GAÚCHA DE SANTA MARIA, DISTANTE CERCA DE 300 QUILÔMETROS DE PORTO ALEGRE. 

LOC: UM INCÊNDIO NA BOATE KISS, ONDE ACONTECIA UMA FESTA UNIVERSITÁRIA, MATOU 242 DAS MAIS DE MIL PESSOAS PRESENTES. QUASE TODOS JOVENS DE ATÉ 25 ANOS. 

LOC: UM ANO DEPOIS, O QUE MUDOU NA SEGURANÇA DESSES ESTABELECIMENTOS? EM QUE PONTO ESTÁ O PROCESSO NA JUSTIÇA? COMO O PODER PÚBLICO TRATOU O ASSUNTO? SÃO RESPOSTAS QUE O REPÓRTER NILO BAIRROS TENTOU ENCONTRAR E CONTA PARA VOCÊ NUMA REPORTAGEM EM TRÊS PARTES. OUÇA A PRIMEIRA A PARTIR AGORA:  

TÉC: Tudo começou ali pelas duas e meia da manhã, quando estava no palco a banda Gurizada Fandangueira. Foi quando o vocalista ergueu para o alto uma espécie de sinalizador, que a banda costumava usar para aumentar o impacto visual nos shows. Mas, ao ser aceso, o objeto soltou faíscas que imediatamente causaram um princípio de incêndio no forro da boate, que era revestido com espuma inflamável. Um segurança e o próprio vocalista da banda tentaram apagar o foco usando um extintor de incêndio, que não funcionou. Em menos de um minuto, a fumaça se espalhou pelos 500 metros quadrados da boate, formando uma nuvem negra e espessa. Os clientes, desesperados, correram para sair do prédio, e foi aí que começou o inferno daquela madrugada. 

REPÓRTER: Todas essas informações fazem parte do inquérito policial que resultou no indiciamento de quatro pessoas pela acusação de homicídios dolosos qualificados e tentativas de homicídio. A investigação, que foi reaberta em outubro pelo Ministério Público estadual, ainda pode envolver mais pessoas, inclusive servidores municipais. Mas já se sabe que a tragédia foi resultado de uma série de irregularidades. Falta saber o que é falha e o que é má fé de cada um dos implicados. Dias depois, o Congresso Nacional praticamente parou para discutir o assunto e o Senado criou uma comissão especial no Senado a pedido da bancada do Rio Grande do Sul. Uma das integrantes, a senadora Ana Amélia, do PP, justificou na época a necessidade de rever essas normas: 

(ANA AMÉLIA) a morte trágica de mais de duas centenas de jovens mostrou a gravidade da imprudência. A fiscalização interditou em apenas uma semana 423 casas noturnas em todo o território nacional. Motivos não faltam: documentos incompletos ou não cumprimentos de exigências do plano de segurança contra incêndios e pânico.

REPÓRTER: A Comissão do Senado analisou uma série de propostas, entre elas a que proíbe o uso de comandas em casas noturnas. Em vez disso, o cliente pagaria o produto no mesmo instante da compra e ficaria livre para sair a qualquer momento. No caso da Boate Kiss, esse foi mais um obstáculo, já que os seguranças impediram a saída dos clientes num primeiro momento, alegando falta de pagamento. Outro grave problema verificado na Boate Kiss foi a ausência de saídas de emergência e de sistemas de escoamento da fumaça. O senador Jorge Viana, do PT do Acre, advertiu que muitas das mudanças feitas nessas casas noturnas obedecem a determinações do Ministério Público, que nem sempre leva em conta a segurança dos frequentadores:

(JORGE VIANA) A grande maioria, a quase totalidade das ações tomadas pelos ministérios públicos Brasil afora, elogiáveis, não são ela parte da segurança contra incêndios, são por uma questão dos ruídos. O som nas boates perturba o vizinho, o vizinho recorre ao ministério público e sabe qual é a atitude do dono da boate? Aumentar a largura da parede, forrar a parede com materiais combustíveis. O cuidado é com aquilo que está prejudicando o vizinho e não com a segurança e nós temos que mudar os procedimentos. Tem que ser de segurança. 

REPÓRTER: Amanhã, você acompanha como ficou o trabal
27/01/2014, 02h24 - ATUALIZADO EM 27/01/2014, 02h24
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