País precisa investir em produtividade para voltar a crescer, diz economista — Rádio Senado

País precisa investir em produtividade para voltar a crescer, diz economista

LOC: O BRASIL SÓ PODERÁ VOLTAR A CRESCER DE FORMA SUSTENTÁVEL SE INVESTIR MAIS EM PRODUTIVIDADE E PARAR DE SOCORRER SETORES MENOS COMPETITIVOS. 

LOC: FOI O QUE DISSE O ECONOMISTA MARCOS LISBOA AOS SENADORES DA COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS, EM AUDIÊNCIA NESTA TERÇA-FEIRA. A REPORTAGEM É DE ROBERTO FRAGOSO. 

TÉC: Marcos Lisboa, doutor em Economia e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, onde atuou no primeiro mandato do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, comparou aquele momento do País com o atual, pós-crise financeira mundial. A maior diferença, para ele, foi a queda no investimento em produtividade nos últimos anos, o que torna difícil que o crescimento econômico supere a faixa atual de 2% ao ano e atinja o patamar que tinha nos anos 2000. 

(Marcos Lisboa) É uma economia que cresce, é uma economia de crescimento de 2%, é uma inflação a maior, mas é uma inflação de 6,5%. Não acredito que seja uma dificuldade de curto prazo, não acho que é uma dificuldade séria pra economia nos próximos anos, mas não vejo também capacidade da nossa economia – com os fundamentos macroeconômicos e os desequilíbrios microeconômicos que nós temos – voltar a crescer de forma sustentável, acima de 4,5% ao ano. 

(Repórter) O senador Cristovam Buaque, do PDT do Distrito Federal, um dos autores do pedido para a audiência, questionou as medidas governamentais de auxílio a determinados setores, e destacou que falta um plano de longo prazo. 

(Cristovam Buarque) Agir num lugar gera problema em outros, parece que o governo não percebe isso. E a meu ver, está faltando horizonte no sentido de longo prazo e horizontal no sentido da complexidade das variáveis econômicas. Estamos trabalhando com um certo simplismo, e o preço é muito alto. 

(Repórter) Marcos Lisboa disse que medidas pontuais, como isentar de IOF setores da indústria como o automotivo e a linha branca, além de prejudicar outras áreas, não favorecem investimentos a longo prazo, pois criam instabilidade. 

(Marcos Lisboa) As medidas de estímulo, por mais bem intencionadas que sejam, fragilizam a economia a longo prazo. E infelizmente, as medidas discricionárias, as medidas de intervenção localizada, elas procuram proteger os menos eficientes em função dos mais eficientes. 

(Repórter) O economista destacou que o único setor que continua tendo ganhos de produtividade é o agronegócio. E como os serviços e o comércio são responsáveis por cerca de 70% dos empregos formais, retrações nessas atividades também se refletem no mercado de trabalho.
11/06/2013, 02h25 - ATUALIZADO EM 11/06/2013, 02h25
Duração de áudio: 01:59
Ao vivo
00:0000:00